Jaqueta de couro vegetal do projeto BioCouture.
Como será que nos vestiremos daqui a 50 anos? É possível que a nossa sociedade de consumo possa buscar sustentabilidade mesmo na moda mais efêmera? Essas questões foram o ponto de partida para as pesquisas da estilista britânica Suzanne Lee. Diretora do projeto BioCouture e pesquisadora do Central Saint Martins College of Art and Design, em Londres, Suzanne está tornando possível "cultivar seu próprio vestido" a partir de celulose microbiana. Numa banheira, ela mistura chá v erde, açúcar, bactérias, levedura e outros microorganismos. Então "esses elementos vivos tecem celulose num processo de fermentação". O resultado, diz Suzanne, é um material com o qual ainda estamos "aprendendo a lidar". Aos olhos, o "tecido" se parece com um couro muito leve; ao toque, mostra uma maciez diferente e reage à temperatura do corpo, criando um caimento peculiar. Os primeiros modelos ainda têm problemas importantes, como o de não conseguir "segurar" a costura por muito tempo - e é nisso que a pesquisa vem focando ultimamente, a durabilidade. De qualquer modo essa é uma questão essencial do projeto. "No futuro, poderemos 'programar' o tempo de vida da roupa. Ela poderá durar três semanas apenas ou três anos. A partir daí ela poderia se degradar naturalmente", afirma a pesquisadora. Seria então um modo de assumirmos de modo sustentável a efemeridade da moda. "Além disso, a produção de couro é um processo que deixa um rastro de resíduos tóxicos. O processamento e tingimento do algodão também usam quantidades enormes de água. Nosso material, nesse sentido, é muito mais ecologicamente correto." Hoje o processo desenvolvido pela BioCouture ainda é experimental, "ainda é caro para uma produção em maior escala, que dê conta do consumo em massa". Mas Suzanne tem confiança de que sua aplicação vá se disseminar.
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