Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A estrutura de aprovisionamento de vestuário está sempre à procura da próxima localização, especialmente porque quase duas décadas de deflação chegaram ao fim e continuam a crescer as preocupações em relação às matérias-primas e custos laborais, capacidades de produção e competitividade da China.
 

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Bangladesh atrai subcontratação

 A questão do aprovisionamento global de vestuário está novamente no centro das atenções e o Bangladesh tem criado alguma expectativa. Mas estará o Bangladesh pronto para assumir o papel de país de aprovisionamento de eleição?

Uma recente pesquisa da McKinsey & Company, baseada em entrevistas com os principais responsáveis de compras em empresas de vestuário localizadas na Europa e nos EUA sugere que os atores que operam no setor de valor planeiam expandir o montante do aprovisionamento no Bangladesh, a partir de uma média atual de 20%, para 25% a 30% em 2020. As marcas posicionadas no nível intermédio preveem aumentar a sua participação a partir do nível atual de cerca de 13% para 20% a 25% no médio prazo.

Como resultado deste fluxo de procura, as confeções de pronto-a-vestir do Bangladesh vão assistir ao crescimento do mercado a uma taxa anual de 7% a 9% e o valor das exportações deverá aumentar cerca de 36 a 42 mil milhões de dólares até 2020, de acordo com o relatório: “'Bangladesh ready-made-garments - the challenge of growth”. Isto significa que o mercado irá duplicar até 2015 e quase triplicar dentro de um horizonte de 10 anos.

Mas esta evolução não será conseguida sem a sua quota-parte de desafios.

Apesar da tentação de preços competitivos, capacidades disponíveis – o Bangladesh tem cerca de 5.000 empresas de confeção, um número que contrasta com a Indonésia (2.450 fábricas), Vietname (2.000) e Camboja (260) –, capacidades dos fornecedores e ampliação do Sistema Generalizado de Preferências (UE SPG) para incluir o processamento em dois estágios nos produtos do Bangladesh, existem uma série de obstáculos para os compradores quando se trata de subcontratar roupas neste país. Entre as dificuldades destacam-se as infraestruturas do país – transporte e serviços públicos de abastecimento – que a McKinsey descreve como «o maior problema que prejudica o setor de confeção do Bangladesh».

Atualmente, os compradores têm de ter cuidado com os produtos que escolhem aprovisionar no Bangladesh, pois as estradas congestionadas, o limitado transporte terrestre e a falta de portos de alto-mar dilatam os tempos de entrega do vestuário. À medida que os volumes continuam a crescer, estas questões precisam de ser resolvidas para a evitar um colapso na rede de transportes. De igual forma, as questões de fornecimento de energia levaram a atrasos nos planos de expansão dos fabricantes.

Outra questão é o cumprimento. Apesar de as organizações não-governamentais e dos interessados na responsabilidade social em empresa (RSE) relatarem alguma melhoria, ainda existem lacunas, nomeadamente a falta de formação dos trabalhadores, risco de subcontratação, falta de aplicação da lei e necessidade de práticas justas e de compensação.

No entanto, um outro desafio surge na forma de desempenho dos fornecedores e oferta de mão de obra. A médio prazo, a McKinsey estima que os custos laborais aumentem face à pressão dos compradores por produtos mais modernos e sofisticados, como vestuário exterior, produtos sob medida, vestuário íntimo de senhora, e roupas funcionais que, por sua vez, pressionam a oferta de trabalhadores devidamente qualificados.

Por consequência, os níveis de produtividade terão de melhorar – não só para mitigar o aumento dos salários, mas também para fechar a lacuna de produtividade existente com outros países fornecedores. Atualmente, existem apenas 50 a 100 confeções locais capazes de responder a níveis de exigência superiores. E apenas se a produtividade nas fábricas de confeção do Bangladesh alcançar os níveis observados na Índia, os seus fornecedores serão capazes de cumprir a previsão de crescimento de 2 a 2,5 vezes a procura unitária prevista pela McKinsey até 2020.

A atual falta de qualquer fonte de matérias-primas relevante no Bangladesh também pesa sobre os prazos de entrega, somando mais de 15 dias quando originárias da Índia e até 30 dias quando provenientes da China.

No entanto, a pesquisa concluiu que, apesar dos desafios que existem no Bangladesh, as empresas podem ainda beneficiar muito da sua oferta de subcontratação. Mas existe uma série de áreas que as três principais partes interessadas – governo, fornecedores e compradores – precisam enfrentar para superar os obstáculos para o sucesso.

Para o governo, os planos a longo prazo e investimentos para acomodar o crescimento futuro esperado devem-se concentrar em infraestruturas, educação e apoio ao comércio, tais como acordos bilaterais, e garantir o aprovisionamento de matérias-primas.

Da mesma forma, foram identificados cinco “campos de ação” para os fornecedores. Estes incluem produtividade (capacidade de gestão, salários justos e os regimes de incentivos, produção “lean”, sistemas de planeamento de recursos empresariais), e de conformidade (mudança radical no trabalho / padrões de conformidade ambiental). Outras prioridades incluem parcerias com os compradores (de longa duração capacidade de planeamento / bloqueio, codesenvolvimento de produtos, troca eletrónica de dados), gestão da cadeia de fornecimento (externa pegada de matérias-primas, verticalização), e de financiamento (lucros acumulados e de financiamento da equivalência patrimonial, coinvestimentos com os compradores e joint ventures).

E para os compradores, o conselho é para “ter cuidado”. À medida que o cenário de aprovisionamento no Bangladesh se torna mais populoso com compradores ocidentais e novos países compradores como a China, a Índia e o Brasil, também haverá uma mudança de um mercado de compradores para um mercado de fornecedores.

Apesar destes obstáculos, não há dúvida que o Bangladesh deve estar no radar de todos os compradores de vestuário de países europeus e dos EUA. Mas eles também precisam de preparar-se para tirar o melhor daquilo que o país tem para oferecer, especialmente à medida que fica cada vez mais sobrelotado com a chegada de novos atores e um aumento nos esforços de aprovisionamento dos existentes.

Fonte:|http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/40642/xmview/...

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Na reportagem a impressao que se da e meia macabra ...paises europeuse EUA imprimem dinheiro e exploram ate nao dar mais a miseria de um pais que tem 150 milhoes de habitantes numa area minima acredito que Bangladesh deve ter a area do estado de Minas Gerais...nao to querendo ser bonzinho ou defender Bangladesh ocaos deles parece estrutural... e uma constatacao nua e crua de como funciona o capitalismo global atual...tomara que bangladesh saia desa condicao um dia

É inacreditável que um Investidor Responsável entre nesta empreitada.

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