A indústria têxtil e de confecção encerra 2024 “no azul”. Conforme Fernando Pimentel, presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), “não foi um ano espetacular, mas foi positivo”. Representando a Abit na reunião da Câmara Setorial, Oliver Tan Oh apresentou um panorama da conjuntura do setor no Brasil. Os dados indicaram crescimento na produção de têxteis (+3,6%) e vestuário (+1,7%) em relação ao ano anterior, enquanto as exportações caíram 5,6% e as importações cresceram quase 20%.
O emprego no setor apresentou alta moderada, com 14,2 mil novas vagas no segmento têxtil e 16,5 mil na confecção. A confiança empresarial manteve-se com índices de 54,2% e 54,4%, respectivamente, em novembro de 2024.
Para 2025, as expectativas são mistas, segundo a Abit. Cerca de 45% dos empresários do setor se mostram otimistas, mas desafios como falta de mão de obra qualificada (61%), instabilidade econômica (51%) e alta carga tributária (49%) ainda preocupam. Em contrapartida, as oportunidades incluem maior adoção de tecnologias, demanda por produtos sustentáveis e expansão de mercados.
Os empresários planejam investimentos em maquinário e equipamentos (74%), tecnologia e automação (55%) e treinamento de pessoal (54%). Essas iniciativas buscam aumentar a competitividade frente aos desafios econômicos e às tendências globais de economia circular e personalização de produtos.
Pimentel alertou para o impacto do aumento nas importações de vestuário, que crescem mais rápido que o consumo nacional. Ele ressaltou que, apesar das dificuldades, os investimentos no setor seguem firmes, com a aquisição de máquinas crescendo mais de 20% e consultas ao BNDES avançando mais de 40%.
O presidente emérito da Abit não pôde participar da reunião da Câmara em função da agenda do lançamento da “Missão 1 Cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais, para a segurança alimentar, nutricional e energética”, da qual participaram o presidente do Brasil, Luís Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente, Geraldo Alckimin. “Durante o evento, foi anunciado o nosso projeto e a meta de voltarmos a consumir 1 milhão de toneladas de algodão. Acredito que o Brasil tem – ou pode ter – uma vantagem competitiva internacional nessa cadeia de fibras naturais, onde o algodão se destaca pela sua sustentabilidade e qualidade”, enfatizou Pimentel.
Fitossanidade em debate
A ramulária e a mancha-alvo, duas das principais doenças que afetam o algodão no Brasil, foram tema de apresentação conduzida pelo pesquisador Fabiano Perina, da Embrapa, durante a reunião da Câmara Setorial. Ele destacou os resultados da Rede de Ensaios Cooperativos sobre Doenças do Algodoeiro. O trabalho foi realizado em parceria com instituições de pesquisa como Embrapa, Fundação Bahia e Fundação Chapadão, além de contar com o apoio de produtores locais, que disponibilizaram áreas para os experimentos.
Os ensaios testaram diferentes fungicidas em 14 localidades nos estados da Bahia, Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Perina enfatizou a importância da rotação de fungicidas com diferentes modos de ação e da adaptação dos programas de controle às condições regionais e épocas de semeadura.
“Essas ações são essenciais para evitar a resistência dos patógenos e garantir a sustentabilidade da produção. Os dados reforçam a necessidade de estratégias integradas entre pesquisa, setor público e produtores”, concluiu Perina. As soluções apresentadas prometem reduzir perdas econômicas e fortalecer a competitividade do algodão brasileiro no mercado global.
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