«A visita à feira foi muito positiva quer no estabelecimento de contactos, quer no conhecimento de novos artigos», afirma Gustavo Andrade. «Os produtos que mais nos interessaram foram as peles com todos os seus acabamentos ou mesmo em bruto para serem acabadas na europa, sobretudo produtos bio, sustentáveis e com menor impacto ambiental foram alvo de destaque na nossa procura», revela o diretor comercial da Multicouro, que se dedica à comercialização de peles e outros componentes para a indústria do calçado, marroquinaria, vestuário e mobiliário. «O Brasil é um mercado muito interessante do ponto de vista das peles, do couro, seja acabado ou ainda em bruto. A língua facilita a comunicação, o cambio é favorável e as empresas sérias», salienta
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À procura de «novos materiais como couro vegano ou couros com forte componente orgânica», José Manuel Ferreira vê no mercado brasileiro uma «forte possibilidade para encontrar matérias-primas alternativas, sustentáveis e orgânicas», destaca.
A relação qualidade/preço, a diferenciação na estampagem e nas serigrafias impressas nos couros são as mais valias enumeradas pelo administrador do Group MF, uma multinacional de trading de calçado e vestuário em pele que trabalha para grandes marcas internacionais.
Exportações de componentes de calçado em alta
De acordo com os dados da Assintecal – Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos, os visitantes profissionais do certame realizaram compras no valor de 6,7 milhões de euros. «Já havia a avaliação prévia de que seria uma edição muito importante para o mercado externo, especialmente pelo facto do aumento dos pedidos nos principais países fabricantes de calçados, entre eles o Brasil, e o aumento dos custos de transporte da Ásia, que tem inibido as importações de componentes da China», ressalta o gestor de mercado internacional da Assintecal, Luiz Ribas Júnior.
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Em 2021, os componentes de calçado e pele no Brasil registaram um importante crescimento. As exportações alcançaram os 410,3 milhões de euros, o que se traduziu num crescimento de 22% comparativamente com 2020. O aumento do custo dos transportes e das matérias-primas e falta de abastecimento em alguns mercados devido a pandemia são apontados como as causas desse crescimento.
Segundo a associação, os principais clientes são a China, Argentina, México e Colômbia. Com 75,8 milhões de euros, as exportações para a China subiram 6% face a 2020 e 49% comparativamente a 2019. A Argentina importou componentes no valor de 46,2 milhões de euros, mais 241% (2020), e já em 2019 evidenciara um aumento de 157%. O México comprou 6,2 milhões de euros (+24% e +18% respetivamente), seguido da Colômbia, com 4,7 milhões de euros, +58% frente a 2020 e +5% quando comparado com o ano pré-pandemia.
A 25ª edição do Inspiramais realizou-se nos dias 25 e 26 de janeiro, em Porto Alegre, e contou com a participação de 150 empresas brasileiras, que apresentaram matérias-primas e soluções de design, inovação e sustentabilidade para segmentos do calçado, confeção, mobiliário e bijuteria. Apesar do receio da pandemia, o salão retomou com êxito o seu formato presencial e contou com a presença de 7.000 compradores, numa edição que teve como tema principal a sustentabilidade.
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