C&A apresenta linha & Jeans Circular com algodão 100% reciclado

[Romildo de Paula Leite]

Muita gente sabe que a indústria fashion é a segunda que mais polui no mundo, atrás apenas da indústria petrolífera, por isso, boas práticas sustentáveis, são essenciais como a moda circular, onde nada é descartado, mas sim volta para o processo de criação e desenvolvimento de uma roupa.

Isso, pode ser conquistado através dos brechós e vendas de Second Hand, super em alta, a técnica do upcycling onde são utilizados retalhos ou partes inteiras de peças na construção de um novo modelo ou o processo de criar uma nova fibra e tecido a partir de resíduos têxteis. E o segmento jeanswear faz parte de toda essa cadeia.

O denim sempre foi uma categoria muito importante para a C&A, por isso, dentro da Semana de Moda &Jeans, a empresa apresenta a nova coleção & Jeans Circular. Trata-se de uma linha composta por quatro modelagens já consagradas e produzidas através da circularidade. Isso quer dizer: 100% fios reciclados provenientes da Movimento ReCiclo, urnas presentes em 200 lojas onde o cliente pode depositar peças que ele não quer mais usar – os itens em bom estado são doados e, o que não é possível utilizar passa pelo processo de reconstrução de novos fios e tecidos, juntamente com resíduos têxteis, sobras da produção.

Fazem parte dessa linha os shapes mom, wide leg, wide leg cropped e cargo, modelagens que a cliente já valida, segundo Camila Gadioli, gerente do segmento jeanswear feminino. Segundo a profissional, são peças que a cliente está buscando e, que vêm com o plus de ser mais sustentável, produzida somente com fibra reciclada, de pré e pós-consumo no 100% algodão.

“O projeto de jeans circular começou em 2020/ 21 com uma coleção cápsula, em parceria com a Cotton Move, conectando nossas peças recolhidas através do Movimento ReCiclo ao nosso fornecedor onde foram produzidos dois looks inteiros: uma calça, um corset, uma jaqueta e, uma bermuda.”, diz Camila.

“Agora, na Semana do Jeans, que começou em abril, lançamos uma “mesa” em 55 lojas com quatro modelagens produzidas através desse processo e, que ficará por três meses à venda, para dar acesso e escala nessa parte da produção do jeans circular”, relata Camila Gadioli, que contou ainda que durante a campanha especial jeanswear, a C&A sempre propõe apresentar uma frente inovadora e com foco na sustentabilidade.

De olho no consumidor

Não é fácil inserir a circularidade dentro do mercado de moda, mas a cadeia vem se aprimorando para avançar cada vez mais em relação às práticas sustentáveis. E iniciativas como a da fast fashion são importantíssimas para o segmento jeanswear. Segundo Camila, a empresa vem evoluindo para obter um produto de qualidade a preços acessíveis. Além disso, é necessário fazer vários testes por ser um tecido mais instável. Outro fator é a matéria-prima escassa e a consciência do consumidor em relação à sustentabilidade.

“A C&A tem um trabalho constante de incentivar os consumidores a devolver peças nas nossas urnas para conseguir captar matéria-prima, insumo para aumentar a produção. Hoje é essa a nossa dificuldade, em termos de técnica. Além disso, é um custo adicional, então temos um trabalho grande para deixar esse produto mais acessível com informação de moda, valor percebido e aí a gente encaixa dentro dessa precificação”, afirma Camila.

E como podemos comunicar tudo isso ao consumidor?
A C&A mantém sinalizações específicas que contam um pouco do processo e a linha Circular vem com um QR Code para que a cliente consiga acessar toda a história daquela peça.

Não é a rastreabilidade, porque a gente não vai lá desde o início, mas é a transparência na informação de como foi produzido. Então isso está nas lojas, na identidade visual de comunicação diferenciada, incluindo toda a papelaria da peça, que é reciclada”, comenta Camila.

É importante dizer que todo o jeans da C&A é produzido de forma mais sustentável, onde utilizam o algodão certificado pelo BCI, além de iniciativas através de seus fornecedores como redução de água, químicos e, novas tecnologias como os processos a laser da Jeanologia.

Talk Circularidade

Para lançar essa coleção a C&A promoveu um talk super importante – Economia Circular: como construir uma moda com impacto positivo, mediado pela jornalista Maria Prata, com a participação de Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution Brasil, Marília Carvalinha, Consultora Estratégico-Financeira, Mentora de Empreendedores e Coordenadora da Pós-Gradução em Negócios de Moda da FAAP, Cyntia Kasai, gerente de ESG da C&A Brasil e Camila Gadioli, gerente do segmento jeanswear feminino.

A C&A vem desde 2015 com o compromisso de minimizar os impactos ao meio ambiente e, inclusive têm produtos certificados pelo Cradle to Cradle® nível Gold ( do berço ao berço).

Segundo Cyntia Kasai, até 2030, a meta é seguir com matérias-primas mais sustentáveis, incluindo também o poliéster e a viscose, além do algodão. Eles pretendem ainda que 50% de toda a produção tenha o princípio da economia circular.

“A economia circular é uma de nossas bandeiras e inclui uma moda com impacto positivo, seja na matéria-prima, processos e até no sistema de vendas. Desde a concepção, produção até o pós-uso”, comenta Cyntia.

Cyntia explica que a empresa mantém três grandes pilares: design do produto, como é produzido, como trabalha o ciclo de uso de cada peça, por isso, pensam desde a concepção, aviamentos, matérias-primas, insumos que não tenham compostos químicos, olhando para o final da peça, onde não tenha nada que contamine o meio ambiente. Tudo isso dentro das peças certificadas pelo Cradle to Cradle ®. Essas roupas podem ser desmontadas e reutilizadas e, se forem para o aterro sanitário, elas vão se decompor porque não têm elemento químico na produção.

“Quando a gente olha para a matéria-prima sustentável, processo produtivo e pós-uso é onde começamos com diversos projetos pilotos que vão se encaixando. Hoje temos algodão BCI, Orgânico, Regenerativo, usando processos com menos água, tingimento a laser, e no pós-uso – as urnas de coletas de onde retiramos matéria-prima para um novo fio, fibra e uma nova peça construída”, diz Cyntia.

“As pessoas envolvidas na criação da coleção, tem isso enraizado. Buscam sempre inovações e soluções sustentáveis”, comenta Camila.

Para Fernanda, é muito importante uma grande marca promover essas mudanças para que outras também sigam o mesmo exemplo.
“É muito complexo, sabemos que não é somente sobre rastreabilidade, matéria-prima, sobre um ou outro ponto, mas todo um sistema de produção e mentalidade, então são vários fatores que precisam ser questionados e mudados e, essa mudança depende de todos”, comenta.

Segundo Marília, o assunto sustentabilidade já virou uma pauta relevante em diferentes ambientes, inclusive nas escolas. Tudo isso também traz benefícios para novos formatos de modelos de negócios, incluindo a venda de peças Second Hand na C&A, em parceria com o brechó Daz Roupaz, que realiza ainda uma avaliação de ROUPAS usadas em algumas lojas da rede. Se estiverem em bom estado o cliente ganha créditos para trocar por looks novos.

“Estamos vivendo um momento interessante, temos os desafios, olhando para o problema de frente, mas estamos vendo que toda essa conscientização está começando a surtir efeito, por exemplo, através da valorização das peças second hand”, diz Marília.

E continua: “Quando uma grande empresa que tem mais potência para fazer essas ações se aprofunda e vai permeando essas várias camadas da cadeia produtiva e, trazendo essas possibilidades, sim estamos nos tornando mais sustentáveis”.

Maria Prata ressalta que também é importante que o produto crie desejo de compra, pois ninguém e, mesmo a geração Z, que já nasceu com essa ideia de seguir a sustentabilidade, vai adquirir uma roupa somente porque é sustentável.

Por isso, o magazine une informação de moda, design e, beneficiamentos inovadores aliados às boas práticas ambientais.

A C&A tem tudo para seguir construindo um mundo melhor para as novas gerações.

Fonte: Vanessa De Castro | Foto: Equipe Guia Jeanswear.

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