RIO - As inovações da indústria brasileira são voltadas principalmente ao consumo interno, mas isso não impediu que mais empresas do setor investissem no lançamento de produtos inovadores no mercado internacional entre 2009 e 2011. Além disso, elas chegaram a outros países com produtos "característicos da realidade brasileira", o que inclui até calça jeans com prótese nos glúteos.
Também são exemplos de inovação a criação da urna eletrônica biométrica, terminal bancário que tinge notas em caso de explosão e tapete ecologicamente correto, que transforma a urina do cachorrinho em gás perfumado.
A Pesquisa de Inovação (Pintec) do triênio de 2009 a 2011, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, ainda que pequena, a quantidade de empresas que inovaram mirando o mercado mundial aumentou. Do grupo de indústrias inovadoras, 1,2% lançou um produto no exterior.
De 2006 a 2008, o porcentual era de 0,7%. Na inovação de processo (máquinas e equipamentos), essa taxa passou de 0,2% para 0,6%.
O dado, contudo, deve ser relativizado, já que a indústria perdeu inovação nesse período. Entre as duas pesquisas, a taxa que mede o quão inovadora é a atividade industrial brasileira caiu para 35,6%. Na Pintec de 2008, 38,1% das indústrias haviam promovido algum tipo de inovação.
O gerente da pesquisa, Alessandro Pinheiro, destaca ao menos três fatores que complicaram o cenário. O principal deles é a crise que se instaurou a partir de 2008. "Em um contexto de crise, elas adotam um comportamento mais defensivo e postergam planos de lançar novos produtos", analisa.
De fato, o risco econômico é apontado como um dos maiores obstáculos à inovação, logo depois do custo elevado e da falta de mão de obra qualificada.
Além disso, a valorização do real no período incentivou as importações e afetou as empresas exportadoras. O "efeito China", por sua vez, levou uma enxurrada de produtos chineses (a preços mais competitivos) ao mercado mundial - o que esfriou os planos de quem pretendia investir em inovação.
Assim, a taxa geral de inovação no Brasil ficou em 35,7%. Em 2008, esse porcentual havia ficado em 38,6%. Pinheiro ressalta que não se deve comparar os dois períodos, pois entraram dois novos setores, o de serviços de engenharia e arquitetura (dentro de serviços selecionados) e o de eletricidade e gás. A Pintec investigou 128,7 mil empresas e, sendo 90,6% industriais.
P&D. O recuo na taxa de inovação, contudo, pode ter um pano de fundo positivo. Na pesquisa de 2011, o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) aumentou para 5% das indústrias, contra 4,2% na Pintec de 2008. O contrassenso é explicado pelo longo tempo levado até a materialização da inovação.
"A atividade de P&D não necessariamente vai se materializar no mesmo triênio", comenta Pinheiro. "Ela é só parte do processo até que se chegue a uma inovação." Por isso, a expansão dessa atividade pode, em tese, se traduzir em maior taxa de inovação na próxima pesquisa.
Em 2011, foram aplicados R$ 64,9 bilhões em inovação, segundo o IBGE, sendo boa parte financiada pelo governo (com taxas de juros subsidiadas e créditos a fundo perdido). Desse montante, R$ 19,9 bilhões (30,8%) foram gastos com P&D. O valor superou o investimento realizado em 2008, que foi de R$ 54,1 bilhões - sendo R$ 15,2 bilhões (28,1%) em P&D.
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Em 2011, foram aplicados R$ 64,9 bilhões em inovação, segundo o IBGE, sendo boa parte financiada pelo governo (com taxas de juros subsidiadas e créditos a fundo perdido)
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