Cameron Russel, a modelo que critica a indústria da moda

[Romildo de Paula Leite]

Vou confessar uma coisa que pode até pegar mal em certos círculos. Sou um homem heterossexual que nunca se interessou muito por modelos.

Claro que são bonitas, e dar uma olhadinha em fotos e ensaios não custa nada. Mas, apesar disso, nunca nutri maiores fantasias por essas mulheres. Ser uma modelo, honestamente, nunca foi uma “badge” que significou algo de positivo pra mim.

Sempre me irritou aquela frase clichê que muitas gostam de falar quando alcançam algum destaque: “Lutei muito para chegar até aqui”. Já vi inúmeras reportagens sobre o início da vida profissional das modelos e tenho consciência de que essa fase realmente é complicada. Em termos gerais, só as persistentes triunfam. O que ninguém fala é que, antes da persistência, também é preciso de um tanto de sorte.

Oras, ninguém é modelo sem ter ganhado um prêmio na loteria genética. Antes de qualquer coisa a pessoa (mulher ou homem) precisa ter nascido com certas características correspondentes ao padrão de beleza vigente. Em outras palavras, depende mais dos genes e da época do que do esforço individual.

Aí a Cameron Russell, uma modelo americana, faz uma apresentação no TED e começa falando justamente isso! Inteligentíssima, ela vai escancarando as mazelas da indústria e as terríveis consequências para a psique feminina. Uma grande palestra, ministrada por alguém que eu nunca imaginaria que pudesse falar sobre isso.

No final não tem como não se apaixonar pela Cameron. E, além de tudo ela teve muita, muita sorte mesmo, na loteria genética.

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