Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Carbono neutro: O que significa na prática o movimento ao qual a indústria de moda brasileira vem aderindo

A Pantys foi a primeira marca de moda brasileira a adotar a etiqueta carbono neutro, no ano passado, enquanto a Amaro anunciou recentemente que passa a ser uma empresa carbono negativo. Mas o que isso significa na prática? Fernanda Simon, editora contribuinte de sustentabilidade da Vogue, esclarece.

Artesanal em campo (Foto: Arquivo Vogue/ Gleeson Paulino)

Carbono neutro: entenda o movimento ao qual a indústria da moda brasileira vem aderindo (Foto: Arquivo Vogue/ Gleeson Paulino)


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A sustentabilidade é um assunto urgente na indústria da moda e o setor vem se esforçando para evitar (e reverter) seus impactos negativos no meio ambiente. Dentro desse contexto, muito tem se falado sobre carbono neutro – a indústria é responsável por 10% das emissões de carbono do planeta, de acordo com dados da Unep em pesquisa realizada com a Ellen MacArthur Foundation. 

Em 2019, Gabriela Hearst, que preza por uma moda com práticas sustentáveis, se tornou a primeira marca a neutralizar as emissões de carbono de um desfile. No mesmo ano, a Gucci anunciou que compensaria todas as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de suas próprias operações e de toda a cadeia de suprimentos. Logo depois foi a vez do Grupo Kering, conglomerado que detém a marca italiana e outras como Balenciaga e Bottega Veneta. 

O movimento não se restringe ao exterior e também está sendo aderido pela moda nacional. Caso da Pantys, marca de calcinha absorvente que utiliza tecidos biodegradáveis, que adotou a etiqueta carbono neutro em suas peças em 2020, detalhando a pegada de carbono dos produtos. “A nossa intenção com essa iniciativa é realmente conscientizar e trazer acesso à essa informação para a linguagem dos consumidores, possibilitando que eles saibam como suas compras impactam o meio ambiente", afirma a sócia fundadora Emily Ewell. Em agosto deste ano, a Farm foi mais uma que aderiu ao movimento e lançou sua primeira coleção com neutralização de carbono, “Futuro do Presente”. 

Mas, afinal, o que isso significa na prática? "É a empresa que calcula, monitora, reduz o máximo suas emissões de carbono e outros gases de efeito estufa e então, o que ainda emite, compensa de alguma forma", explica Fernanda Simon, editora contribuinte de sustentabilidade da Vogue. "O cálculo da emissão precisa ser feito considerando a operação da empresa como um todo. No caso de marcas de moda, por exemplo, é preciso mapear desde a extração da matéria-prima, processo produtivo, distribuição, uso, pós-uso e assim por diante", detalha Fernanda.

Ela diz que, normalmente, a compensação acontece por meio do mercado de crédito de carbono, em que 1 é proporcional a uma tonelada de CO2. "As empresas se conectam com iniciativas, pagando uma quantidade equivalente ao quanto emitiram para garantir a compensação através de alguma ação ambiental, por exemplo, reflorestando uma área degradada." 

A Pantys, que optou por calcular e neutralizar a pegada de carbono de todos os seus
produtos, escolheu projetos de redução do desmatamento na Amazônia, geração de energia a partir da captura de gás metano no aterro sanitário de Manaus e geração de Energia Eólica no nordeste do Brasil para compensar suas emissões de CO2. Já a Farm se comprometeu a plantar mil árvores por dia, totalizando 140 mil árvores até 31 de dezembro, em parceria com o IDESAM (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia), o SOS Mata Atlântica e o One Tree Planted, na Serra da Mantiqueira.

CARBONO NEGATIVO
A Amaro anunciou recentemente que se tornaria a primeira empresa de consumo brasileira 100% carbono negativo, ou seja, desde janeiro deste ano passou a neutralizar em dobro toda a emissão de CO2 oriunda de seus produtos, que em 2021 tem volume estimado de 15 mil toneladas. A marca, então, compra o dobro em créditos de carbono (30 mil toneladas), financiando o Projeto Fortaleza Ituxi (AM), que visa proteger a floresta localizada em uma das regiões de maior taxa de desmatamento da Amazônia, o município de Lábrea, e também apoia a coleta de biogás em aterros sanitários.

A Hering, mais uma empresa a se tornar carbono neutro este ano, também compensou em dobro a emissão de CO2e do ciclo de vida da sua camiseta ícone, a World, em celebração aos seus 30 anos. A iniciativa tem como objetivo a conservação da Amazônia, com mais de 4,4 milhões de árvores preservadas em 2021.

Para Fernanda, esse é sim um esforço em prol do desenvolvimento sustentável. "É imprescindível que as empresas se assumam responsáveis por suas emissões de carbono", afirma ela, mas acrescenta que a sustentabilidade é uma pauta complexa, pois exige uma visão integral nos pilares social, cultura e econômico, além do ambiental. "É importante manter o empenho para mitigar os impactos negativos em todos os setores e caminhar com uma visão sistêmica em busca de novas soluções", completa. 

Paula Mello (@paulamello_)

https://vogue.globo.com/moda/noticia/2021/09/carbono-neutro-o-que-s...

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