Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Anna Carolina Negri/Valor / Anna Carolina Negri/ValorMarco Antônio Branquinho é o primeiro executivo sem ligação com a família fundadora a comandar a companhia

A fabricante de tecidos mineira Cedro pretende concluir, até o fim dezembro, o repocionamento dos seus produtos no segmento premium do mercado de denim e brim. Trata-se da principal estratégia da companhia para expandir a receita no patamar de "dois dígitos" este ano, diz Marco Antônio Branquinho, que assumiu o comando dos negócios há apenas 20 dias.

Branquinho é o primeiro executivo sem ligação com a família fundadora da Cedro a ocupar a presidência da empresa em 12 gerações. Ele diz que a companhia planeja que o denim premium passe a representar 70% das vendas, enquanto os básicos, que sofrem mais com a concorrência da Ásia, apenas 30%. "Três anos atrás, tínhamos o quadro inverso e já estamos bem avançados na mudança", afirma.

Pela qualidade dos fios e pela técnica na fabricação, o denim premium permite mais possibilidades de lavagem diferenciada no tecido. Na Cedro, o produto é vendido às confecções e grifes por um preço cerca de 20% superior ao do denim básico. "Parece pouco, mas na margem faz muita diferença, já que não há como mexer muito nos custos com mão de obra e matéria-prima", diz o executivo.

Nos primeiros nove meses de 2013, a receita líquida da Cedro aumentou quase 16%, para R$ 441,7 milhões. O lucro alcançou R$ 10, 26 milhões, revertendo um prejuízo de 626 mil no mesmo período do ano anterior.

O resultado é atribuído tanto ao melhor desempenho operacional, quanto à base de comparação prejudicada: em 2012, a companhia registrou perdas com hedge de algodão no seu balanço.

Segundo Branquinho, o crescimento da Cedro daqui para frente deverá ser puxado pela mudança na composição do mix, com produtos de maior valor agregado respondendo por uma maior parte das vendas. "Os investimentos em expansão de capacidade em volume já foram realizados e já estamos no patamar que consideramos adequado", disse.

Nos últimos cinco anos a Cedro investiu cerca de R$ 40 milhões, na média por ano, nas suas quatro fábricas em Minas Gerais. Em 2013, a companhia atingiu 92% da sua capacidade de produção, segundo Branquinho, que era diretor de gestão e recursos humanos na companhia.

Como não há planos de aumentar mais os volumes, os investimentos da Cedro daqui para frente serão direcionados para a área de tecnologia e melhora de processos, sempre com recursos da própria geração de caixa da empresa.

No Brasil, a fabricação de fios e tecidos vem encolhendo. Segundo o Instituto de Estudos e Marketing Industrial (Iemi), houve queda de 1,7% na produção (em toneladas) no ano passado. Em valores, houve crescimento de 3,1%, para, R$ 46,3 bilhões.

O denim e o brim representam cerca de dois terços do faturamento da Cedro, que também atua no mercado de tecidos profissionais - ou seja, para uniformes e roupas funcionais para a indústria.

No segmento de denim "premium", a Cedro concorre diretamente com a Vicunha, da família Steinbruch, a Tavex, controlada pela Camargo Corrêa, e a Canatiba.

A companhia, que já chegou a exportar 20% da sua produção, hoje não vende mais do que 3% para o mercado externo. Ainda que, no momento, o câmbio esteja mais favorável às exportações, não há previsão de que elas se recuperarem. "Não é só uma questão de câmbio. A indústria têxtil na China recebe uma quantidade de subsídios imensa. Além disso, eles [os chineses] têm vários acordos bilaterais de comércio".

Apesar de pouco atrativas, as exportações em um patamar mínimo são estratégicas para a Cedro. As vendas ao mercado externo, segundo Branquinho, servem como "balizador" do nível de competitividade dos produtos. "Se conseguimos nos dar bem lá fora, conseguimos aqui dentro", afirma o executivo.

Além disso, as vendas para o exterior funcionam como um "hedge" natural para a companhia, que tem boa parte dos seus custos dolarizados, como o algodão. Segundo o executivo, os preços da commodity estão em trajetória ascendente e tudo indica que esse processo deve continuar no longo prazo. "O algodão sofrerá competição das commodities de alimentos nas próximas décadas, pressionando os preços para cima", afirma.

Segundo Branquinho, a estratégia da Cedro para driblar o aumento de preços do algodão é aumentar a produtividade nas fábricas. Nos nove primeiros meses do ano passado, a quantidade de metros quadrados de tecido produzidas por um funcionário da Cedro por hora aumentou 9%.

Criada há 141 anos pelos irmãos Mascarenhas, a Cedro ainda tem cerca de 64% do capital votante nas mãos da família fundadora. De 13 anos para cá, a companhia esteve sob comando de Aguinaldo Diniz Filho. Aos 68 anos, Diniz, neto de um dos criadores da Cedro, vai presidir o conselho de administração da companhia.


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Por Marina Falcão | De São Paulo

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