Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Numa tentativa de desbloquear as negociações no âmbito da Agenda de Doha, foi estabelecido um novo acordo sino-africano para o algodão, que poderá inaugurar uma nova era para a indústria algodoeira africana - mas não no curto prazo, defendem os especialistas do setor.

No âmbito do acordo assinado em dezembro com quatro dos principais países africanos produtores de algodão – Benin, Mali, Chade e Burkina Faso (conhecido como o C4) – a China declarou que iria fornecer competências, máquinas e materiais numa tentativa de aumentar e melhorar a qualidade da produção local.

Na cerimónia de assinatura em Genebra, o ministro chinês do comércio Chen Deming sugeriu que este era um passo no sentido da subcontratação da produção em África. «No longo prazo, poderemos mudar algumas empresas têxteis e confeções para África», acrescentou o responsável.

Chen explicou que este acordo representa o apoio da China ao programa de intercâmbio “aid-for-trade”, promovido pela Organização Mundial do Comércio (OMC) para a atualmente estagnada Agenda de Desenvolvimento de Doha e que «os agricultores de algodão no C4 esperam beneficiar deste acordo dentro de três anos».

No entanto, os especialistas não estão convencidos dos benefícios imediatos para o C4, dos seus efeitos sobre a indústria do algodão chinesa e na sua relevância para Doha. «As empresas chinesas preferem comprar algodão nos EUA por causa da boa qualidade e baixo preço, especialmente com a valorização da moeda chinesa», revelou Wang Qianjin, analista da Shanghai World Dimension Information, uma empresa de consultoria que serve a indústria têxtil chinesa.

Em novembro, de acordo com a alfândega chinesa (a Administração Geral de Alfândegas da República Popular da China), a China comprou 32 mil toneladas de algodão dos EUA, uma subida de 376,7% relativamente a outubro. De janeiro a novembro de 2011, a China comprou 2,57 milhões de toneladas de algodão no exterior, um aumento de 8,3% em termos anuais. Os EUA e a Índia foram os dois principais fornecedores.

Por outro lado, o algodão africano é mais caro do que o seu homólogo indiano e não implica nenhuma garantia de qualidade, o que «definitivamente não é o que as empresas têxteis chinesas estão à procura», considera Wang.

Dito isto, o C4 tem algumas vantagens para justificar a existência de alguns fabricantes de têxteis chineses que abriram unidades de produção em África – mas não muitos. Um deles é o Yuemei Group, sedeado na província de Zhejiang, que possui campos de algodão, fábricas de vestuário e escritórios de vendas em países africanos, incluindo Mali e Gana. Na Nigéria, o Yuemei possui uma zona industrial para atrair empresas têxteis chinesas. Existem atualmente três empresas da província de Zhuji e duas das províncias de Jiangsu e Shandong. «Eles [os países africanos] têm mão de obra barata e enorme potencial para melhorar a produção e a qualidade do algodão com a ajuda da China. Por isso, a longo prazo, acho que o algodão africano poderá ser competitivo», acredita Wang.

No entanto, tudo isto depende em última instância do apoio do governo chinês e não existe garantia desse apoio, segundo uma fonte familiarizada com o acordo. «Até agora, não há informações oficiais sobre o processo, exceto o comunicado de imprensa. Deste modo, é difícil dizer como os C4 poderão beneficiar do acordo». E nem a China nem os EUA, dois países com indústrias de algodão fortemente subsidiadas, anunciaram quaisquer cortes específicos nos subsídios ao algodão, a chave para a Ronda de Doha (o objetivo político fundamental do grupo de países C4). «Um acordo de ajuda ao comércio não será certamente suficiente», concluiu a mesma fonte.

Fonte:|http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/40462/xmview/...

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