China minimiza impacto de reservas de algodão para o mercado

[Raúl Pereira]

​Autoridades da indústria chinesa de algodão minimizaram o impacto as enormes reservas do país nesta quinta-feira, um dia após os preços recuarem mais de 2 por cento em Nova York por conta de planos da China e da Índia de venderem seus estoques da fibra.

 

A ambiciosa política chinesa de armazenamento de algodão elevou os preços domésticos, forçando a maior indústria têxtil mundial a elevar suas importações de fio, enquanto os custos mais baixos no sudoeste asiático estimularam os produtores a elevar a produção.

 

A China deve vender neste ano cerca de 3 milhões de toneladas de algodão das reservas estatais de cerca de 10 milhões de toneladas, enquanto na Índia o gabinete do governo ainda não decidiu o quanto irá vender em uma onda de vendas prevista para começar em abril.

 

Mas as reservas chinesas não pressionariam os mercados globais, graças aos altos preços domésticos, enquanto compromissos com a Organização Mundial do Comércio tornam impossível para o país elevar seus impostos sobre o fio de algodão, disseram autoridades da indústria nesta quinta-feira.

 

Xi Jin, um diretor do Centro Nacional de Informações de Algodão da China, instituição financiada pelo governo, disse que as reservas estatais chinesas não pressionariam o mercado global, o qual já observou uma alta nos preços em Nova York em mais de um quinto neste ano.

 

"Eu não acho que é uma pressão. É muito caro. Eu acho que o preço de leilão é muito superior aos preços internacionais do algodão", disse ele à Reuters nesta quinta-feira durante uma conferência da indústria em Cingapura.

Na quarta-feira, o algodão registrou sua maior perda diária em dois meses, pressionado por realizações de lucros por conta de notícias de vendas da Índia e da China, o que interrompeu, pelo menos temporariamente, a mais longa alta da commodity em dois anos. A pluma operava em queda de quase 1 por cento nesta quinta-feira.

 

Apesar da queda, o algodão ainda está cerca de 50 por cento mais caro no mercado doméstico chinês, pressionando as tecelagens a comprar estoques mais baratos dos países vizinhos.

 

Falando sobre o estimado estoque de algodão, Xi Jin disse que "sobre as 10 milhões de toneladas, eu não posso confirmar, mas no ano passado nós compramos mais de 3 milhões de toneladas. Neste ano, já compramos mais de 6 milhões".

 

As importações chinesas de algodão na atual temporada até julho de 2013 estão estimadas em mais de 3 milhões de toneladas, disse ele.

 

Mas as tecelagens do país estão se voltando a vizinhos como a Índia e o Paquistão em busca de fio de algodão. As importações deste produto, ao contrário do algodão, estão livres dos rígidos limites de cotas e estão cerca de 2 mil iene (160 dólares) por tonelada mais baratos do que o produto doméstico, disseram traders.

 

"Segundo o meu entendimento, é impossível elevar os impostos, uma vez que os regulamentos da OMC não nos permite fazê-lo", disse Robert Yang, um oficial do Conselho Nacional da Indústria Têxtil da China, um órgão da indústria.

A Índia tem cerca de 2,5 milhões de fardos (425 mil toneladas) de estoques e tem enfrentado pedidos da indústria de vender a fim de aliviar os preços cada vez maiores, os quais estão próximos de máximas recorde.

 

Mas a Índia também deve ter que cortar seus preços a fim de atrais compras da China, disse um exportador indiano.

"Os estoques chineses estão muito superiores ao seu consumo, e eu não espero que eles comprem da Índia a não ser que nós baixemos nossas ofertar para cerca de 88 centavos por libra", disse Rahul Jitendra Shah, diretor administrativo da Acme International Ltd.

 

Fonte: Último Instante