“Na Europa, a chita era bastante utilizada com estampas distintas das que nos acostumamos a ver. Normalmente, eram flores pequenas e cores claras, muito utilizadas por famílias da classe média”, acrescenta a professora do Departamento de Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Andréa Costa.
Com o passar do tempo, entre os séculos 17 e 18, os países europeus iniciaram um processo de apropriação da chita. “Em meio a revolução industrial, o tecido passou a ser reproduzido em qualidade superior”, explica Débora. Ainda de acordo com ela, Portugal foi um dos últimos países europeus a se apropriar do processo de fabricação da chita, que culminou com a chegada dela ao Brasil.
No Brasil, a produção brasileira de tecidos se instalou principalmente em Minas Gerais, com a Companhia de Fiação e Tecidos Seda e Cachoeira, final do século 19. Por aqui, assim como na Europa, ocorreram medidas que visavam a proteção do mercado. Dona Maria I, conhecida como “Maria, a louca”, proibiu a produção do tecido em solo colonial para que não houvesse conflito com o tecido produzido em Portugal e exportado ao Brasil.
Em Pernambuco, explica Andréa Costa, a indústria têxtil passou um período restrita a produção de sacos para o armazenamento de alimentos como café e açúcar. A produção de tecidos para vestimentas passou a ser realizada como objetivo secundário. “A chita fabricada era normalmente roupa de escravos ou para as crianças brincarem”, afirma Débora Pontes.
A popularização da chita persistiu até a década de 1950, quando enfrentou o ostracismo e recuperou sua característica de identidade brasileira apenas na década de 1970. “Em um desfile realizado por Zuzu Angel, em Nova York, ela deu para as esposas dos embaixadores roupas feitas de chita, com o significado de algo que pertencia à identidade brasileira”, acrescenta. Desde então, o tecido nunca sumiu completamente da produção do país. “Atualmente, ela tem sido utilizada mais na decoração, em poltronas, cortinas e papel de parede. Nas roupas, até por conta do caimento, tem ocorrido a apropriação da estampa em tecidos mais nobres”, completa.