Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Cientistas discutem possibilidades para eliminar corantes dos rios em Pernambuco

Circuito de painéis do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene) apresenta ações em celebração ao Dia Mundial da Água.

Teste com corantes, no Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene)

Acontece nesta terça-feira (22), o circuito de painéis promovido pelo Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), voltado para a busca por tecnologias que eliminem os corantes dos rios em Pernambuco, causados pelo descarte da indústria têxtil no Estado.

Na data, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o Dia Mundial da Água, que em 2022 provoca entidades de todo o globo a discutir a preservação do recurso natural a nível subterrâneo. O circuito de painéis começa às 9h, no canal do Cetene, no YouTube. 

Um dos exemplos que serão discutidos é o do Rio Ipojuca, que nasce em Arcoverde, a 256 km de Recife, até chegar à cidade que carrega seu nome. No entanto, é em Caruaru que o rio tem se deparado com a poluição por corantes utilizados pela indústria têxtil. 

O painel que tratará da presença de pigmentos no Rio Ipojuca apresenta as alternativas estudadas pelos cientistas que compõem a unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações sediada em Pernambuco. Dentre as alternativas observadas está a fotocatálise, que amplia a potência dos raios solares, capazes de transformar o poluente em gás carbônico e água.

Pesquisadora responsável pelo projeto, a química e diretora do Cetene, Giovanna Machado, teve seu primeiro contato com o problema em 2017. 

“Recebi uma aluna que tinha uma lavanderia de jeans, em Caruaru. Ela comentou da dificuldade no tratamento do efluente [resíduo proveniente de processos produtivos ou do consumo humano]. Durante uma visita à empresa, o proprietário me explicou que era feito o mínimo nesse tratamento. Anualmente, essa única empresa produzia 12 toneladas do resíduo, que era descartado em aterro sanitário”, relembra.

Especialista em fotodegradação, Giovanna teve então a ideia de utilizar a luz solar como alternativa para tratar o poluente. 

“Este é um dos recursos naturais mais ricos no Nordeste. Além da fotodegradação, a ideia é mineralizar o material. Um processo que consiste em quebrar as moléculas do poluente em fragmentos tão pequenos que ele se transforma em CO [dióxido de carbono] e água”, explica.

Sobre o progresso da pesquisa, a cientista indica que já existem protótipos em funcionamento. “A ideia é ampliar o projeto para que a tecnologia seja transferida  e desenvolvida pelas próprias empresas", disse.

O depósito de lodo orgânico, como é chamado o resíduo, em aterros sanitários poderá, no futuro, afetar os lençóis freáticos, região abaixo do subsolo onde estão localizados aquíferos e rios subterrâneos. Já o composto que tem sido despejado no rio ameaça a fauna aquática da região e, consequentemente, impossibilita atividades como a pesca.

A indústria têxtil em Pernambuco é a segunda maior do setor no Brasil.  Estima-se que a região reúna cerca de 18 mil empresas. Segundo o levantamento mais recente, municípios do Agreste produzem aproximadamente 800 milhões de peças de vestuário por ano.

Possível solução para problemas antigos

A alternativa que vem sendo aprimorada pelos oito cientistas envolvidos na pesquisa pode ser também uma solução para lidar com o plástico. Há sete anos, o químico Alex Neris, doutor em ciências com especialidade em química inorgânica, estuda a degradação de corantes, mas desde janeiro decidiu testar a possibilidade em microplásticos. 

“O plástico é um polímero e existe uma série deles, de alta e baixa densidade. Estou na etapa de identificar como ocorre essa degradação quando exposto à fotocatálise. A ideia também é mineralizar”, adianta. Atualmente, o tempo para decomposição do plástico é de 150 anos.

Panoramas e outros projetos

Ao todo, seis painéis compõem o evento que aborda o tema “A água invisível e visível no Norte e Nordeste do Brasil”. Parceiros do Cetene, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e o Instituto Nacional do Semiárido (Insa) integram a grade. O circuito de painéis conta com a participação de diversos pesquisadores e especialistas do País, dentre eles o geólogo Márcio Luiz da Silva, que abordará a realidade dos recursos hídricos no Norte do Brasil. Mas não ficam de projetos de recuperação da mata ciliar na Mata Atlântica e o tratamento de esgotos no Semiárido.

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