Com o aumento do gás natural na Europa e as incertezas em relação a seu abastecimento devido à Guerra entre Rússia e Ucrânia, abre-se um caminho promissor para a exportação do jeans brasileiro. Segundo o jornal Valor Econômico, o continente europeu está operando com estoques 20% abaixo da média para o período. Em 12 meses, os preços do gás natural subiram 665%. A energia elétrica também vem subindo juntamente com a alta do petróleo.
Mas o que tudo isso tem a ver com nosso querido denim? Marco Britto, sócio investidor da Denim City SP e CEO do Grupo GB Customização, indústria de beneficiamento de jeans, nos explica.
“Vejo claramente uma oportunidade de industrialização jeanswear no Brasil para exportação para Europa e EUA. Todos sabem que a indústria têxtil necessita de Caldeiras (gerador de vapor) para fabricação do tecido e para o beneficiamento – lavanderia. As caldeiras tem custos mais baratos no Brasil devido a lenha de eucalipto que é a mais em conta do mundo. No Espírito Santo, o eucalipto atinge ponto de corte de 6 a 7 anos, enquanto que na Europa, de 13 a 14 o que se torna inviável seu uso, por isso usam o gás natural para esse propósito”, detalhou Marco.
Segundo o empresário, o país tem uma capacidade grande de aumento em suas matrizes energéticas como Aeólica (8.000 km de litoral) e Solar (nove meses do ano sol intenso e três meses com média nebulosidade).
“O custo no Brasil subiu também, estamos com inflação na energia elétrica e no gás natural, mas bem menor que as outras regiões produtoras de jeans do mundo, como Tunísia, Marrocos, Turquia e países asiáticos que detém cerca de 70 a 80% da produção jeanswear da Europa. Há ainda uma parte que é produzida na Romênia, Portugal e Bulgária mas com o aumento dos custos, temos uma oportunidade de participar dessa produção”, indicou Marco Britto.
Para se ter uma ideia, uma calça com tecido 98% algodão e 2% elastano com um visual interessante de beneficiamento em lavanderia, custa 25 euros na Itália, de 19 a 21 euros em Portugal, 16 a 18 euros na Turquia e de 15 a 16 euros em Marrocos, Tunísia, Romênia. No Brasil, essa mesma peça custa em torno de 12/13 euros.
Todos esses valores são referentes à indústria – produtos que posteriormente serão vendidos no atacado e em seguida no varejo, com seu valor agregado. Vale destacar ainda o papel da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que direciona as marcas e realiza ações diversificadas de promoção comercial para promover as exportações e valorizar os produtos e serviços brasileiros no exterior.
“Hoje vejo mais do que nunca a possibilidade do jogo virar efetivamente a favor do Brasil. Assunto que há tempos já conversávamos ainda quando a pauta era apenas as legislações trabalhistas dos outros países que produziam jeans. Mas falta nosso país tomar consciência dessa realidade, consequentemente, uma rede de apoio para que possamos nos posicionar e entrar para o jogo com ações que orientam a indústria na produção e incentivos de entidades ou organizações que possam fazer o link das marcas/compradores internacionais com os produtores no Brasil”, afirma Juliana Medina, consultora jeanswear.
E, continua: “Acredito estar aí uma oportunidade de toda a cadeia produtiva do jeans para ter melhorias efetivas, situação essa que, até então quebrávamos a cabeça. Resumindo, que oportunidade de exportação que estamos nas mãos! É hora de viabilizar o transporte, já que essa é uma observação quanto às problemáticas a serem resolvidas no Brasil”.
Fonte: Vanessa de Castro | Fotos: Reprodução
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