O ano de 2014 foi atípico e chega ao fim trazendo um dos piores resultados para o setor têxtil e de confecção brasileiro: o saldo da balança comercial deve fechar com déficit de US$ 6 bilhões. Dados do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) mostram que as importações de produtos asiáticos seguem em ascensão e já aumentaram mais de 25 vezes nos últimos 10 anos.

Mesmo em desvantagens de competição com outros países e assolados com alta carga tributária e câmbio desfavorável, entre outros aspectos, os empresários do setor não desanimam e já fazem projeções na expectativa que o próximo ano seja melhor.  Esse otimismo já pode ser observado durante a 10ª edição do Première Vision São Paulo, que aconteceu nos dias 4 e 5 de novembro, no Expo Center Norte, na capital. O salão, que apresentou os lançamentos em tecidos, fios, fibras, design têxtil e acessórios para a temporada Primavera/Verão, reuniu 95 expositores de 12 países. “Multiplicidade” foi o tema do Première Vision São Paulo - The Fashion Textile Show for Latin America.

“Podemos dizer que esse ano foi difícil, porém estável se comparado a 2013. De qualquer forma, não houve retração. Acreditamos, com certa cautela, que 2015 seja melhor. Mas isso vai depender muito das ações do governo. Da nossa parte, continuaremos a investir sempre apostando no setor têxtil”, declara Cássia Silveira, gerente de Marketing Denim da Cedro Textil.

 
  Fábio Covolan, da Canatiba

A Canatiba também expôs seus lançamentos no PVSP e acredita que o cenário melhore. “Sem dúvida, 2014 poderia ter sido melhor. Mas podemos dizer que foi bom”, comenta Fabio Covolan, diretor de Marketing da Canatiba. “Para o próximo ano, a ideia é continuar investindo em pesquisa e inovação”, complementa.

“Estamos driblando a situação com criatividade e investimentos em produtos diferenciados.  Esperamos agora nos manter estáveis com o investimento feito para a criação de uma estamparia digital e uma micro tinturaria para pequenas quantidades próprias”, comenta Paulo Sergio Ribeiro, diretoria da empresa G Vallone.

“Somo uma empresa 100% brasileira e temos orgulho disso. Sempre damos um jeito de crescer e procuramos alternativas para isso. Seja com uma nova linha de produtos ou design. Se um mercado está ruim, o outro sempre está melhor. Nossa meta é sempre crescer. No próximo ano devemos crescer dois dígitos em produção e no mercado entre 3% e 4%”, destaca o CEO da Tecnoblu, Crisitano Buerger.  

A Cataguases tem apostado em serviços exclusivos e prazos curtos na entrega dos produtos para se diferenciar.  “O ano de 2014 foi difícil por questão dos eventos como Copa do Mundo e eleições. Mas para 2015, temos expectativas de melhora na produção e nas vendas”, declara Edimar Marcon, gerente administrativo comercial da Cataguases. 

Mudanças – Luana Cloper, show manager do evento, apresentou uma novidade esperada para a partir da próxima edição, programada para 12 e 13 de maio de 2015: a inclusão das empresas de manufatura têxtil no mapa de expositores.  “O objetivo é trazer ainda mais opções de serviços para nossos visitantes, possibilitando que toda a coleção seja resolvida aqui, desde a inspiração e a matéria-prima até a construção da peça. Essas novas empresas de serviços passarão pelo Comitê de Seleção, que garantirá o padrão de qualidade Première Vision na nova oferta do evento”, disse Cloper.

Também tiveram destaque na edição as informações de moda oferecidas no Seminário Focus e no Trend Vision São Paulo. O primeiro, apresentado pela coordenadora de moda para América Latina do Première Vision, Olívia Merquior, foi direcionado à Primavera/Verão na América Latina. Já o Trend Vision trouxe as referências internacionais para o Outono/Inverno e foi apresentado por Elsa May, da equipe de moda de Paris do Première Vision. Um ciclo de debates também marcou o evento.

 
 Evento recebeu quase 6 mil pessoas

“Depois de 10 edições podemos dizer que o Première Vision em São Paulo se consolidou como um evento grande relevância na América Latina. Especialmente porque o salão atrai os principais atores da moda e da indústria têxtil, tornando-se um ponto de encontro de todos os elos da cadeia. Este é também o lugar no qual são apresentadas as novas criações e inspirações, permitindo que os profissionais entrem em contato, inclusive com as produções internacionais. Tivemos 6163 visitantes qualificados, o que permitiu a geração de negócios e a continuidade de contatos comerciais”, diz Guglielmo Olearo, diretor dos eventos internacionais Première Vision.

Os visitantes puderam conferiram os resultados dos workshops Week-End Textile Première Vision, que aconteceram em agosto com a dupla de portugueses Marta Marques e Paulo Almeida, da grife Marques Almeida e a designer de moda finlandesa Satu Maaranen se transformaram em uma exposição de arte no espaço Denim & Sportswear. 

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