Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Com nova linha de transmissão, Paraguai quer atrair indústria

Os 348 km de linha de transmissão de 500 kv ligando Itaipu a Villa Hayes, na região metropolitana de Assunção, deverão ajudar o Paraguai a dobrar o seu uso de energia elétrica em sete anos, segundo afirmou ao Valor o vice-ministro da Indústria do país, Oscar Stark.

Ele disse que a nova demanda deverá fazer com que o Paraguai procure ajustar gradualmente com o Brasil o aumento da utilização de sua parte da energia da usina. "Hoje o Paraguai consome 11 milhões de MWh por ano, ou cerca de 20% dos 54 milhões de MWh que produz. Com a nova linha, vamos a 20 milhões de MWh em sete anos. Ainda estaremos enviando para o Brasil e a Argentina mais de 60% da energia que geramos, teremos tempo para equacionar isso."

Hoje o Paraguai recebe cerca de US$ 600 milhões ao ano em royalties do Brasil e da Argentina. O pagamento feito pelo Brasil ao Paraguai foi reajustado em 2009, em uma negociação entre os então presidentes Fernando Lugo e Luís Inácio Lula da Silva. Mas hoje há um consenso no Paraguai de que o país deve deixar de ser um exportador de energia para fomentar um processo de industrialização. No governo brasileiro, trabalha-se com o cenário de que o Paraguai deixe de revender seu excedente ao Brasil dentro de 18 anos.

A estratégia de industrialização está sendo impulsionada pelo novo presidente paraguaio, Horacio Cartes. Ele inaugura no dia 24 a linha de transmissão, que custou cerca de US$ 550 milhões e foi financiada pelo Brasil por meio do Focem, o fundo de investimento de infra-estrutura do Mercosul. No próximo mês, uma delegação estimada em 150 empresários reunidos pela Fiesp deve ir a Assunção, para um encontro com o governo e o setor privado paraguaio em que o uso da linha para atividades industriais será a motivação principal. No dia 4 de novembro, Cartes deverá estar em São Paulo, para se reunir com industriais brasileiros.

"O Paraguai pode ser complementar ao Brasil na parte industrial, sobretudo nas atividades que envolvem uso intensivo de mão de obra e energia. Podemos produzir a partir da matéria prima brasileira, tendo o Brasil como principal destino exportador", disse Stark.

A Fiesp promoveu um encontro em abril para divulgar as vantagens comparativas do Paraguai na produção têxtil. A ideia do evento era demonstrar a tese de que compensa mais para o empresário têxtil brasileiro produzir no Paraguai do que importar o produto acabado da China. "A linha de transmissão soluciona o grande entrave que havia, que era garantir o suprimento de energia durante o verão, em que o pico de consumo de Assunção levava a apagões frequentes, pela falta de estrutura de transmissão que havia no Paraguai. Agora foi colocada a peça que faltava no quebra-cabeças", disse o diretor-adjunto de comércio exterior da Fiesp, Thomaz Zanotto.

Ele minimiza a possibilidade de um surto industrializador no Paraguai reduzir a oferta de energia para as regiões Sul e Sudeste do Brasil. "O Paraguai tem um consumo muito pequeno, e suas vantagens comparativas em custo de mão de obra, terrenos e energia, hoje enormes, irão naturalmente diminuir à medida que aumentar a demanda por estes insumos. A produção que irá para lá é complementar à brasileira. O Brasil só terá problemas se não fizer nada em geração", disse.

A equação muda caso avance a negociação do Paraguai para a implantação de um gigantesco pólo de produção e industrialização de alumínio, que teria como eixo uma fábrica da multinacional Rio Tinto Alcan, capaz de consumir 670 mil toneladas de alumina brasileira por ano. A fábrica seria instalada na região sul do Paraguai e consumiria uma potência instalada de 1.100 MW, o equivalente a 60% do consumo paraguaio nos momentos de pico, de acordo com Stark. Para atender ao megaprojeto, o Paraguai teria de construir duas novas linhas de transmissão, e a empreitada atrairia para o país um investimento de US$ 3,5 bilhões.

As negociações para o projeto começaram em 2010, ainda no governo Lugo, e esbarraram em discussões sobre qual o valor da energia que seria fixado no longo prazo. No governo de Federico Franco, entre 2012 e 2013, o projeto tornou-se mais complexo: o Paraguai exigiu que parte da produção fosse industrializada no próprio país. Com a nova troca de governo, as negociações pararam e ainda não foram retomadas.

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A Fiesp promoveu um encontro em abril para divulgar as vantagens comparativas do Paraguai na produção têxtil. A ideia do evento era demonstrar a tese de que compensa mais para o empresário têxtil brasileiro produzir no Paraguai do que importar o produto acabado da China.

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