Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Com peças de luxo seminovas, ex-vendedora da Daslu movimenta R$ 1 milhão

De Chanel a Dolce & Gabbana, produtos vendidos no Etiqueta Única passam por processo rigoroso de autenticidade


Patricia Sardenberg, ex-vendedora da Daslu e uma das idealizadoras do portal Etiqueta Única

DO IG ECONOMIA

Todo mundo tem uma ou outra peça de roupa guardada no armário que não vê a luz do dia há um bom tempo. Ou porque comprou em um momento de impulso ou porque já enjoou mesmo. Para resolver isso, e também juntar uma graninha, algumas pessoas acabam revendendo as roupas para conhecidos, bazares ou brechós. E, por mais surpreendente que pareça, isso também acontece entre os mais ricos. Foi a partir daí que surgiu o portal de venda de artigos de luxo seminovos Etiqueta Única.

Antes de idealizar o site, a paulistana Patrícia Sardenberg trabalhou como vendedora na loja de luxo Daslu, em São Paulo, por quatro anos, mantendo contato diário com diversas marcas nacionais e internacionais, e se relacionando com clientes com alto poder aquisitivo. Ao deixar o emprego, ela e sua sócia Victoria Street começaram a fazer bazares entre amigas para trocarem peças de luxo entre si.

“Eu fazia bazar na casa da minha sogra, ou de algum conhecido nosso, e dava super certo. Eram quatro ou cinco dias e vendia um absurdo. Aí eu comecei a ter muita procura de clientes de fora de São Paulo, gente que não conseguia chegar a tempo no evento só que também queria ver as peças. Foi aí que surgiu a ideia de montar o site, para realmente atender todo o Brasil”, conta Patrícia.

Com ajuda de um sócio investidor, elas iniciaram o projeto com R$ 500 mil. Entre ter a primeira ideia e o lançamento do site, em agosto de 2013, foram nove meses de pesquisa de mercado para ter certeza de que o negócio vingaria. Hoje, com quase um ano de funcionamento e com crescimento de 10% ao mês, o Etiqueta Única já comercializou R$ 1 milhão, entre bolsas, roupas, acessórios e sapatos - novos e seminovos - de marcas de alto luxo como Chanel, Louis Vuitton, Hermès e Balenciaga.

O lucro do site vem a partir da cobrança de um percentual em cima dos valores das peças, que podem variar de R$ 90 em uma calça da Mixed até R$ 19,9 mil em uma bolsa modelo Berline da Hermès.

Clientes mais conscientes

Mas afinal, por que alguém com condições financeiras para comprar uma bolsa de quase R$ 20 mil usada não compra uma nova? Segundo Patrícia, os motivos são diversos: desde a possibilidade de parcelamento em até 12 vezes, o esgotamento das peças nas lojas da marca e até a diferença de preço entre algo novo e usado. “Hoje em dia, as nossas clientes acabam sendo mais conscientes. Uma diferença de R$ 4 mil é uma diferença de R$ 4 mil. Então, nós atingimos desde aquela pessoa que sempre sonhou em comprar uma Louis Vuitton, sempre achou muito caro, mas agora tem a chance de parcelar, até aquela cliente que queria comprar uma bolsa Hermès caríssima, mas não tinha encontrado nas lojas”, observa.

Sobre pessoas se desfazendo das peças esquecidas do armário, a empreendedora acredita que a tendência é cada vez maior. Para ela, vai além da necessidade de reaver o dinheiro, mas também a consciência de ser sustentável. “Em geral, mulher é muito compulsiva, independente de poder gastar R$ 5 mil ou R$ 30 mil. No entanto, isso está mudando. Em vez de deixar uma coisa parada, você faz as peças rodarem. O que não é mais legal para você, vai ser para outra pessoa. Ao mesmo tempo, você vai reaver uma parte do dinheiro dessa peça e comprar uma nova, ou fazer uma caridade”, comenta.

Garantir que é autêntico é a chave do negócio

Por serem marcas tão famosas, que fazem parte do imaginário de muitos consumidores, as peças são alvos visados pela pirataria. Para evitar a comercialização das chamadas ‘réplicas’, Patrícia e sua equipe fazem uma análise do produto em diversas etapas antes de colocarem à venda no site.

Em um primeiro momento, a pessoa manda fotos para o Etiqueta Única da bolsa Chanel, por exemplo, que gostaria de vender. Desta forma, a equipe já consegue fazer uma pré-avaliação da peça, analisando também o estado do produto e já estipulando um preço inicial de venda. Em seguida, o vendedor tem de enviar a bolsa para o escritório da empresa, onde a equipe fará uma análise ainda mais minuciosa, para garantir que seja uma verdadeira Chanel.
“ Em vez de deixar uma coisa parada, você faz as peças rodarem. O que não é mais legal para você, vai ser para outra pessoa" - Patrícia Sardenberg

“Verificamos uma série de premissas que cada marca em particular tem. Então, é o tipo de costura, o zíper, a ferragem, o código da peça, tipo de couro, tudo”, diz Patrícia. Se ainda assim a equipe não tem certeza, a peça é levada para a loja da marca para se certificarem. Caso a bolsa não seja aprovada, ela é enviada de volta para o dono.

“Isso é a coisa que a gente mais valoriza no nosso site. Então, a pessoa já tem um pouco de receio de mandar uma peça falsificada. Se acontece, uma vez ou outra, é quando a pessoa ganhou de presente e realmente não sabia, mas é bem raro”, conta a empresária.

Com uma variedade de cerca de 1,3 mil produtos e uma média de 40 novas peças sendo expostas todos os dias, a expectativa das empresárias é que o Etiqueta Única movimente R$ 1,5 milhão em vendas neste ano, além de planos para expandir a comercialização de produtos de luxo para o público masculino.

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  Mas afinal, por que alguém com condições financeiras para comprar uma bolsa de quase R$ 20 mil usada não compra uma nova?

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