Os brasileiros começam a colher em junho a safra 2010/11, oficialmente estimada em 2 milhões de toneladas, com crescimento de 70% ante a temporada anterior, após produtores investirem mais no cultivo e ampliarem o plantio em meio aos altos preços. O tempo também tem sido favorável.
"O Brasil consome 1 milhão (de toneladas) e imagino que a exportação pode chegar a 800, 900 mil toneladas", afirmou Marco Antônio Aluisio, diretor da Anea, a entidade que representa os exportadores brasileiros.
A previsão do executivo da Anea indica que o Brasil poderá exportar o dobro do volume vendido ao exterior no período anterior, que se encerra em junho.
Ele prevê que as exportações neste mês e no próximo não passarão de 20 mil toneladas no conjunto, o que totalizará no ano entre julho de 2010 e junho de 2011 aproximadamente 450 mil toneladas.
Do total estimado para a nova safra, cerca de 750 mil toneladas da pluma já está vendida para exportação, também disse à Reuters o presidente da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão), Sérgio De Marco.
Com os volumes previstos para a exportação, o Brasil poderá ultrapassar o Uzbequistão como terceiro maior exportador da commodity no mundo, atrás de Índia e Estados Unidos, segundo Aluisio, também diretor da Interagrícola, uma das principais exportadoras de algodão.
O Uzbequistão costuma exportar entre 500 e 800 mil toneladas ao ano, segundo o diretor da Anea.
O ressurgimento das exportações do Brasil, que teve até de importar algumas cargas recentemente devido à escassez após uma fraca produção na temporada passada, não tem relação com vitória brasileira na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra os Estados Unidos.
"É fruto de safra boa... os preços começaram a melhorar desde o ano passado e animou o produtor...", disse Aluisio.
Dasafios
O presidente da Abrapa confirma que a safra caminha para ser recorde. "Ainda precisa de uma chuva boa no mês de maio, principalmente para a safrinha (segunda safra, plantada mais tarde) de Mato Grosso, mas 80% da safra está na mão", declarou De Marco.
"Em outros Estados a safra está no normal e vai ser boa", acrescentou ele.
Mas o presidente da Abrapa considera que, pelo fato de os produtores venderem antecipadamente a sua safra, não são muitos os que conseguirão aproveitar os preços recordes da época do plantio.
"Fizemos vendas antecipadas, há um ano, e o mercado reaguiu. Tem 1,3 milhão vendida. Falta comercializar 600 mil toneladas, que deverão pegar os preços melhores", observou.
Cerca de 700 mil toneladas de algodão da nova safra foram vendidas num valor que é a metade do preço atual na bolsa de Nova York, de US$ 1,4 por libra-peso, segundo o representante do setor produtivo.
Mesmo assim, para Aluisio, da Anea, a perspectiva é de aumento de 15% na área plantada com algodão na próxima temporada. Um crescimento maior, ponderou ele, é limitado por problemas de infraestrutura e pela falta de equipamentos.
"O desafio nosso em termos de exportação é logístico, a capacidade dos portos. O nosso recorde de exportação mensal foi por volta de 100 mil toneladas. Se a gente alcançar esse número anual de 900 mil toneladas, a gente vai ter que fazer esse recorde sucessivamente, e existem gargalos nos portos", disse o diretor da Anea, lembrando que o algodão vai ter que competir por espaço com o café e o açúcar.
FONTE: REUTERS
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