Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Comerciantes do Polo de Modas do Guará reclamam de 'esquecimento'

Isabella Formiga                                                                                                    

Pólo de Modas no Guará (Foto: Isabella Formiga/G1)Rua do Polo de Modas no Guará (Foto: Isabella Formiga/G1)

Criado para ser um centro de desenvolvimento econômico, o Polo de Modas do Guará, no Distrito Federal, deveria abranger toda a cadeia industrial de vestuário, mas foi tomado por residências e por comércios de todos os segmentos. No espaço, localizado entre as QEs 38 e 40 da região, é possível encontrar de tudo: lanchonetes, escolas de música, loja de material de construção, de celulares, imobiliárias e concessionárias.

Segundo a Associação do Polo de Modas, há 239 empresas ligadas ao setor de vestuário atuando no local com a venda de matéria-prima, confecção e comercialização de roupas.  “É um polo efetivo, mas infelizmente esquecido pelo governo", diz a representante da entidade, Andrea Monteiro.

Costureira e empresária América Rocha mostra roupas feitas por ela em seu ateliê (Foto: Isabella Formiga/G1)Costureira e empresária América Rocha mostra roupas feitas por ela em seu ateliê (Foto: Isabella Formiga/G1)

O G1 tentou obter informações sobre o centro industrial com a Secretaria de Economia e Desenvolvimento Sustentável, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Por meio do Pró-DF, programa de fomento à indústria do governo do Distrito Federal, centenas de costureiros e empresários receberam lotes no setor por 10% do valor original de mercado. Muitos dos que foram contemplados com os terrenos, no entanto, não tiveram condições de pagar pela edificação dos prédios ou de gerar os empregos previstos no acordo de concessão dos lotes.

Segundo Andréa, a dificuldade em manter um negócio no local fez com que muitos contemplados vendessem e alugassem parte dos terrenos. “Na hora de direcionar os lotes, deram para confecções muito pequenas, confecções que não conseguiram subir o prédio, construir”, disse. “Então, [os beneficiários] construíram uma fábrica embaixo e venderam a parte de cima. Atualmente, muitas empresas, confecções pequenas que ainda são efetivas, estão em apuros porque quem vendeu os apartamentos não tinha os documentos.”

 

A empresária e costureira América Rocha diz que chegou ao polo em 2001, beneficiada pelo programa. “Quando comecei, aqui não tinha nada. Eu era a única dessa rua, era tudo vazio, e comecei com muita dificuldade. As pessoas tinham muita dificuldade de arcar com a construção. Pegamos o terreno limpo, tinha o IPTU, pagamos a taxa de ocupação, que não foi tão barata assim, e os 10% do valor do lote. Tudo isso pesava.”

Somados aos custos de construção, a costureira tinha ainda que gerar cinco empregos. "Não é fácil, por conta dos impostos, que sobrecarregam muito. Comecei a me apertar”, disse. A alta carga tributária e os custos para manter o negócio em operação obrigaram a costureira a locar parte do lote. “Aluguei o espaço ao lado para um salão de beleza. Alugo para ajudar a segurar as pontas da empresa. Muita gente ocupa os espaços de moradia e eu moro aqui em cima e, não vou negar, fiz até umas quitinetes para garantir. É imposto demais.”

Empresária Paula Luz em confecção que iniciou há dez anos (Foto: Isabella Formiga/G1)Empresária Paula Luz em confecção que iniciou há dez anos (Foto: Isabella Formiga/G1)

América diz que presta serviço para clientes antigas e para algumas lojas, mas afirma que raramente recebe clientes na porta. “Não há nenhum apoio ou incentivo do governo para impulsionar a economia no local”, diz. “Os lotes eram para indústria e confecções, mas hoje tem de tudo, virou quase um polo residencial. Confecção é o que menos tem. Acho que é por isso que enfraqueceu.”

A empresária Paula Luz trabalha há dez anos no setor vendendo uniformes profissionais e, ao contrário de muitos comerciantes, paga aluguel pelo espaço em que atua. “Comecei quando o Polo de Modas ainda era chão. Comecei do nada, vendendo uma ou duas camisetas, que dava para as pessoas fazerem para mim. Aí comprei máquinas e montei a confecção completa”, diz.

Apartamentos à venda no Pólo de Modas do Guará (Foto: Isabella Formiga/G1)Apartamentos à venda no Polo de Modas do Guará (Foto: Isabella Formiga/G1)

Muitos beneficiados pelo programa, segundo ela, simulavam o funcionamento de um comércio de confecção para ganhar o lote e atualmente vivem de aluguel. “Eles pegavam o lote e davam para um costureiro ficar dentro e costurar até sair o incentivo”, disse. “Era um polo de indústrias, mas, desde o início, não foi nada disso que aconteceu. Foi uma mentira. Tem lanche, tem mercado, tem moradia. Tem bastante confecção, mas é muito pouco para o que deveria ser. Um monte de gente vive de aluguel.”

Embora não receba clientes na porta da loja e acredite que estar inserida não polo não é o que atrai os negócios, Paula diz gostar do local por conta da localização, que permite chegar rapidamente aos clientes para fazer entregas. “Para mim é perfeito. Gosto daqui, não tenho do que reclamar. Pago aluguel, mas também não tinha condição de comprar na época. Agora tenho. E vou procurar.”

“O Polo de Modas existe, ele é efetivo, mas o governo meio que fecha os olhos para ele. Acontecem várias coisas aqui que não são a favor do polo, das próprias confecções. Da mesma forma que em Goiânia se vende muita roupa, poderíamos ter isso aqui. Por que tem que vir a Feira do Goiano para Brasília, sendo que tem produção aqui? O governo deveria valorizar isso. Aí preferem falar que não é um polo efetivo”, diz Andrea

http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/05/comerciantes-d...

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