Desde 2017, o Movimento ReCiclo convoca consumidores a depositarem peças usadas em urnas nas lojas da marca espalhadas pelo Brasil e realiza a destinação correta visando a economia circular.
Atualmente, as urnas estão em 70% das lojas em todas as regiões brasileiras, e o plano é alcançar 100% nos próximos anos (C&A/Divulgação)
Atrás apenas da indústria petrolífera, a moda é a segunda maior poluidora do mundo e representa 10% das emissões globais de CO2. Um dos grandes desafios do setor é o desperdício: só no Brasil, são produzidas cerca de 170 mil toneladas de roupas por ano, mas apenas 20% das peças são recicladas ou reaproveitadas, segundo dados do Sebrae.
Em 80% dos casos, o que acontece mundo afora é que as peças jogadas fora acabam sendo incineradas, enviadas para aterros sanitários ou abandonadas no ambiente — gerando um enorme impacto ambiental, considerando que a maioria é produzida com materiais que demoram anos para se decompor, como é o caso do poliéster.
Pensando em promover a economia circular e inspirar transformações em todo o setor, a varejista C&A lançou, em 2017, o Movimento ReCiclo e convoca os consumidores a destinarem suas roupas usadas nas urnas presentes em suas lojas em todo Brasil. A iniciativa garante que as peças sejam destinadas corretamente e voltem para a cadeia por meio do reaproveitamento e reciclagem.
No ano em que comemora sete anos, o movimento bateu a marca de 317 mil peças arrecadadas — o que representa 109 toneladas. Até o momento, em 2024, o programa já recebeu aproximadamente 29 toneladas, totalizando mais de 45 mil itens.
Em entrevista à EXAME, Cyntia Kasai, gerente-sênior de ASG da C&A, destacou que o número é fantástico e representa, de forma concreta, todo o esforço da companhia em relação à sustentabilidade.
"Cada peça arrecadada não só diminui o desperdício, como também convoca toda a indústria da moda a se engajar em práticas mais responsáveis. Queremos liderar pelo exemplo e influenciar o mercado com ações de impacto positivo e genuíno. Acreditamos que a verdadeira transformação começa com o nosso próprio compromisso", disse.
Atualmente, as urnas estão em 70% das lojas em todas as regiões brasileiras, e o plano é alcançar 100% nos próximos anos com a expansão do projeto. Para participar, o consumidor deve levar suas peças e depositá-las no local indicado, com três possibilidades de destinação: upcycling (dar origem a um novo produto por meio da recuperação das fibras de tecido), reciclagem ou doação. Segundo a marca, mais de 12% das roupas foram destinadas ao upcycling e à reciclagem neste ano, enquanto 88% das peças estavam em boas condições para serem doadas às organizações parceiras do Instituto C&A.
Mas não é só roupa que as urnas recebem: também é possível descartar outros produtos do portfólio da marca, como frascos e embalagens vazias de cosméticos e eletrônicos. Quem garante o descarte correto é uma empresa parceira, que realiza a coleta diretamente nas lojas.
Um dos maiores desafios, segundo Cyntia, é justamente fazer com que o consumidor embarque na jornada sem ganhar nenhum incentivo financeiro para fazer sua parte. Mesmo assim, a marca celebra um aumento significativo na adesão das pessoas, e isso se deve, em parte, ao fato de a varejista não se restringir a aceitar itens apenas da própria marca, e sim de todo o mercado.
"Para aumentar ainda mais esse engajamento, mantemos o foco em conscientização e sensibilização, pois acreditamos que essa prática de mudar o mindset é o que faz a diferença no médio e longo prazo. Há uma maior compreensão do impacto positivo", ressaltou.
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