Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Como a crise na China afeta a indústria paranaense do vestuário?

Com a demora na importação e alta nos insumos, setor busca autonomia na produção. Desafio passa pela qualificação de trabalhadores.

Como a crise na China afeta a indústria paranaense do vestuário? Adobestock

Desde 2020, a China tem enfrentado uma série de dificuldades econômicas que estão impactando as relações comerciais com países de todo o mundo. Apesar da recente alta na produção industrial – segundo a Reuters, o crescimento em agosto deste ano foi 4,2% maior do que no mesmo período em 2021 -, há um cenário de instabilidades: no primeiro trimestre de 2022, investidores estrangeiros retiraram do país o equivalente a R$ 760 bilhões em ativos. Sob a estratégia de “covid zero”, a China também sofreu com o fechamento de polos logísticos como o porto de Xangai, que é o maior do mundo em movimentação de cargas.

A indústria paranaense sente os efeitos desse cenário: há dificuldades para importar matéria-prima e atrasos frequentes no embarque de cargas. Além disso, a alta do câmbio deixou tudo mais caro e nem sempre é possível manter o preço ao consumidor. O setor têxtil brasileiro é um entre os muitos que têm sido bastante afetados pela crise na China. Boa parte dos insumos para a indústria paranaense vem do país asiático, como entretelas, botões e tecidos sintéticos. “De fato, há alta na maior parte dos produtos: alguns não tinham substitutos nacionais e precisamos reajustar, outros, perdemos competitividade e a importação está interrompida”, conta Rafael Mariano de Carvalho, diretor executivo da Lola Soluções Têxteis. Localizada em Apucarana, a empresa tem 12 anos de mercado e também comercializa equipamentos para aumentar a produtividade das confecções.

Gargalo logístico

O fechamento do porto e a política de lockdown criaram um congestionamento logístico na China que ainda deve demorar algum tempo para terminar. Some a isso a alta dos valores dos fretes e o resultado são filas de espera para embarque. Em alguns momentos, a espera é de até 15 dias. “Temos dificuldades de conseguir contêineres e navios. Há portos se..., completa Rafael.

Um levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra a dimensão do problema: 71% das empresas brasileiras que importam da China precisaram suspender ou postergar o transporte de produtos. Para 90% destas, o alto valor do frete é o principal impeditivo para a continuidade das operações neste momento, mas não é o único. Cerca de 88% das indústrias pesquisadas pela CNI relataram cobranças adicionais sobre o uso de contêineres nos processos de importação.

Resiliência e representatividade

Mesmo com tantos desafios, a indústria têxtil mostrou bastante resiliência durante a pandemia. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor faturou R$ 194 bilhões em 2021, com aumento de 12% na produção de insumos e de 15% nas confecções. No Paraná, são 4.738 empresas que geram 65,9 mil empregos. O estado tem um dos principais polos de confecção, vestuário e artefatos de couro no Noroeste, abrangendo cidades como Apucarana, Cianorte e Maringá. Durante a pandemia, o Sistema Fiep criou frentes de trabalho voltadas ao setor, como o LookModa, um marketplace para comercialização de produtos que também prepara as empresas para atuarem no mercado on-line. “Com a mesma rapidez com que o setor se adaptou ao novo comportamento imposto pela pandemia, estamos trabalhando para acelerar o crescimento nesta retomada. Aproveitando todo o aprendizado adquirido, a nossa grande aposta é investir no omnichannel, diminuir o tempo de produção, melhorar a qualidade do produto e surpreender o cliente com a experiência da compra”, destaca Valdir Scalon, presidente do Conselho Setorial do Vestuário e Têxtil.

Autonomia e mercado de trabalho

A crise na China tem estimulado uma mudança estratégica no setor têxtil paranaense. Para ganhar mais autonomia, é preciso desenvolver a produção própria de insumos. “Para a empresa ter condições de fabricar com estabilidade, dependemos de uma série de fatores, como o poliéster, o petróleo e a energia, que varia muito no Brasil. Estrategicamente vejo um bom caminho, mas há desafios gigantescos”, analisa o diretor da Lola. “Precisamos que os empresários se envolvam e busquem os sindicatos para discutir o setor, estimulando o mercado interno a produzir os insumos necessários, conversando com a cadeia de suprimento para que apresentem soluções”, pontua Scalon.

O Conselho Setorial do Vestuário e Têxtil do Sistema Fiep já vem auxiliando a indústria da moda a ter produtos desenvolvidos dentro de critérios sociais e ambientais corretos, apostando cada vez mais em insumos locais com origem sustentável. O olhar para a sustentabilidade pode ser o primeiro passo para a autonomia produtiva, além de movimentar o mercado de trabalho. Segundo o Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, do Senai, a indústria têxtil paranaense deve demandar 54.500 profissionais qualificados nos próximos três anos. “É necessário tratar com urgência da falta de mão de obra, buscar soluções em conjunto e reeditar a indústria paranaense da moda”, finaliza Scalon.

O Conselho Setorial do Vestuário e Têxtil do Sistema Fiep visa promover o diálogo entre os empresários e sindicatos do setor para tornar a indústria mais competitiva. Clique aqui e saiba mais.

https://g1.globo.com/pr/parana/especial-publicitario/fiep/sistema-f...

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