Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Foram pequenos passos que levaram a uma grande discussão neste ano: qual é a importância de campanhas e desfiles no debate da representatividade.

Se em 2015 a palavra feminismo foi uma das que mais esteve na boca do mundo da moda, neste ano ela se expandiu e colocou temas como diversidade e representatividade em pauta. Christian Siriano deu um show durante o NYFW escolhendo mulheres negras e gordas como parte do seu casting de modelos. Aqui no Brasil, o destaque foi para a LAB, marca estreante no SPFW do rapper Emicida, que teve maioria negra em sua passarela e também para Ronaldo Fraga, que fez um desfile voltado para mulheres transexuais.

Além das semanas de moda, grandes redes de roupas e maquiagem também se destacaram ao incluir pessoas que fogem do que costuma ser o padrão como protagonistas em suas campanhas. É o caso da Avon, que já apostou em homens e mulheres, negras, gordas, transsexuais e atletas paralímpicos em suas propagandas mais recentes. “Nosso intuito é passar a dar voz para todos, pois, para a Avon, a beleza que faz sentido é a beleza que é diversa, a beleza que não cobra um ‘pedágio alto’ para as pessoas ficarem mais bonitas”, diz a vice-presidente de marketing da empresa, Marise Barroso.

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Em 2016, a gigante da beleza no Brasil já teve nomes como Mel Gonçalves(vocalista da Banda Uó), Liniker (cantora), Karol Conka (rapper), Tassia Reis(cantora) e MC Carol em seus anúncios. “Elas não são apenas celebridades que protagonizaram campanhas, mas indivíduos que também buscam construir uma sociedade com mais oportunidades e com mais beleza para todos”, explica Barroso. E o público tem reagido bem à nova abordagem, o que, é claro, impulsiona a marca a dar sequência à discussão. “A campanha do BB Cream da Avon teve um total de 128 milhões de visualizações no Youtube, 4 milhões de pessoas engajadas no post do Facebook (compartilhando, curtindo e comentando no vídeo) e 98% de comentários positivos”, enumera.

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C&A também se juntou ao time da diversidade: “A marca tem procurado um novo posicionamento que parte do princípio de que todo mundo tem o direito de se expressar”, conta Elio Silva, vice-presidente de marketing e operações da rede de fast fashion brasileira. “Não fazia mais sentido a gente continuar trabalhando com um casting de modelos esguias e padronizadas, porque elas não atingem todas as possibilidades de clientes que usam as nossas roupas. Procurar outros tipos de pessoas para os nossos projetos foi um caminho que trilhamos naturalmente”.

Ao contrário da Avon, algumas investidas da C&A não tiveram uma recepção tão positiva. O principal exemplo foi o caso da modelo plus size. “Para contornar, convidamos a própria modelo a se posicionar. Ela explicou que tudo é uma questão de referência”. Mas, como ele pontua, toda ação tem a sua reação e o debate não é necessariamente considerado um ponto negativo. “O que a gente tem aprendido é que quando você começa a falar mais sobre a causa, você vai gerar reações. Por isso temos que tomar cuidado com o que estamos propondo e falando”.

Em parceria com a agência Almap, os castings da rede têm sido feitos também através das redes sociais. Foi assim que eles entraram em contato com Eliane Medeiros, de 19 anos. A menina nasceu no Tocantins, mas hoje mora em Goiânia. Com um sorriso encantador, ela convive com o vitiligo desde que tinha 5 anos de idade. “Passei a vida inteira sem ver nada positivo sobre minha pele”, dividiu em entrevista à ELLE Brasil. Antes do shooting para a etiqueta, a jovem nunca havia feito fotos profissionais. O convite chegou via Instagram e o resultado não poderia ter sido melhor para a estudante: “Foi gratificante ver a repercussão. Ver pessoas dizendo que se sentiram representadas”. Inclusive, como não poderia deixar de ser, ela ficou lisonjeada com os comentários que a comparavam com a modelo canadense Winnie Harlow. “É uma deusa”, elogia.

Para Elaine, a discriminação vem pela falta de conhecimento e, segundo ela, é por isso que estas divulgações são tão importantes. “O intuito é incomodar, não dá para continuar no conforto do padrão de beleza”. Desde cedo, a menina aprendeu a lidar com a doença em sua pele e a vê apenas como uma característica sua. “O que mancha mesmo é o preconceito das pessoas”.

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