Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Como a indústria da moda está tentando resolver o problema do lixo

Em nossa cultura do descartável, a mudança rápidas das tendências e a fabricação barata significa que podemos jogar coisas fora sem pensar duas vezes. O resultado é uma crise do lixo com toneladas de plásticos entupindo os oceanos e expandindo os aterros.

Os resíduos continuam a aumentar, pois a cada ano estamos produzimos 3% a mais do que no ano anterior, e como os recursos se tornam cada vez mais escassos, a necessidade de reciclar materiais existentes é cada vez mais pertinente. Quarenta por cento dos resíduos do mundo acabam em enormes lixeiras, que representam uma ameaça grave para a saúde humana e o ambiente.

Estudos recentes advertem que em 2050 poderia haver mais plásticos nos oceanos do que peixes. Com essas advertências em mente, a indústria da moda está se colocando na linha da frente na batalha contra o desperdício.

Como a indústria da moda está tentando resolver o problema do lixo stylo urbano-1

A moda e a reciclagem têm trabalhado em conjunto durante décadas através de lojas de upcycling, brechós e de caridade, mas agora os estilistas estão cada vez mais aventureiros, criando belas roupas e acessórios elegantes feitos a partir de uma variedade de produtos residuais. “Re-utilizar materiais como garrafas de plástico é uma forma de reciclagem mecânica“, diz Cyndi Rhoades, a fundadora do Worn Again, uma empresa têxtil com experiência em reciclagem química.

“Pegamos o tecido velho e o desconstruímos quimicamente para re-extrudir o poliéster que tem nele. Ele então é transformado em um novo fio e, em seguida, tecido em um novo tecido “.

The Circular Project Shop é o primeiro espaço comercial em Madrid especializado em marketing e divulgação de moda sustentável e ética, e visa incentivar e promover isso. O projeto trabalha com Economia Circular vendendo artigos de moda que podem ser reutilizados, reciclados e otimizados.

A marca húngara SegraSegra centra-se na reciclagem usando as câmaras de borracha nas rodas de bicicleta como detalhes decorativos em jaquetas, bermudas e camisetas. Estilistas também estão provando que os materiais reciclados podem criar roupas elegantes o suficiente para enfeitar as passarelas ou o tapete vermelho. No Met Gala deste ano, um elegante vestido monocromático criado pela Calvin Klein foi usado pela atriz Emma Watson, cujo tecido foi construído a partir de fios de garrafas plásticas recicladas.

Como a indústria da moda está tentando resolver o problema do lixo stylo urbano-2

O estilista com base na Inglaterra Christopher Raeburn ganhou notoriedade por suas roupas sustentáveis com design de vanguarda feitas de materiais descartados, tecidos reciclados e reformulação de roupas usadas. Os verdadeiros vanguardistas são os designers que utilizam matéria prima reciclada. Outro estilista que trabalha com coleções 100% upcycling é o americano Greg Lauren que  você pode ver aqui.

No Brasil temos alguns bons exemplos de marcas que trabalham com sustentabilidade e upcycling na moda como a Re-Roupa, projeto criado pela estilista Gabriela Mazepa que cria novas coleções reutilizando roupas e tecidos de segunda mão. Na moda jeans temos o exemplo da marca de upcycling MIG Jeans criada pelas amigas Isa Maria Rodrigues, Luana Depp e Mayra Sallie, que visa reaproveitar roupas jeans em desuso em novas coleções através de customizações e técnicas de lavanderia e tingimentos.

E na linha de sapatos temos o exemplo da descolada Insecta Shoes, marca de upcycling criada pelas amigas Pamella, Bárbara e Laura utilizando tecidos estampados vintage de roupas de brechós, retalhos de tecidos e jeans velhos.

Como o interesse cada vez maior dos consumidores por moda responsável e ética, grandes marcas de moda estão começando a pensar em sua sustentabilidade também. No ano passado, a Adidas colaborou com o projeto Parley for the Oceans para criar um tênis feito inteiramente de fios e filamentos recuperados e reciclados a partir de resíduos plásticos e redes de pesca retirados do mar.

Já a Nike produz meias, bermudas, camisetas e tênis esportivos com tecidos e materiais provenientes de garrafas de plástico recicladas, e desde 2010, a empresa tem desviado mais de dois bilhões de garrafas de plástico dos aterros sanitários para transformá-los em artigos de moda feitos de poliéster reciclado.

Não podemos sustentar essa cultura do descartável por muito mais tempo. A sustentabilidade deve ser a primeira coisa que as empresas devem pensar quando vão projetar algo, se questionando qual a origem da matéria prima e como seus produtos poderão ser reciclados para não pararem nos aterros.

Mas a tecnologia de reciclagem mecânica que temos hoje está longe de ser perfeita. Embora seja uma solução para reciclar os resíduos antes que se tornem um perigo ambiental, a reciclagem mecânica é ainda incapaz de lidar com os subprodutos químicos nos materiais originais e uma vez que estes produtos foram reciclados, há poucos meios de reciclar-los novamente .

Para que possamos prolongar a vida útil dos tecidos velhos e poder reutilizá-los continuadamente como parte de um ciclo contínuo, precisamos encontrar novos métodos de reciclagem e a reciclagem química poderia ser a melhor alternativa.

A Worn Again foi criada por Cyndi Rhoades com a missão de erradicar todos os resíduos têxteis. A startup está desenvolvendo a reciclagem química durante mais de três anos, e por meio de ensaios e experiências de laboratório, estão aperfeiçoando um processo inovador utilizando solventes para dissolver seletivamente diferentes tipos de tecidos, recuperando-os como uma nova matéria-prima, que podem ser usada para produzir novos tecidos de alta qualidade que podem ser reciclados de forma contínua.

Cyndi Rhoades acredita numa indústria da moda “circular”, ou seja, uma vez que o produto atingiu o fim da sua vida, ele pode ser reprocessado para recuperar as matérias-primas que, então, voltariam para a cadeia de abastecimento como fibra nova. A Worn Again se concentra na reciclagem química dos tecidos mais problemáticos que são a mistura de poliéster e algodão, que correspondem a 70% de todas as roupas que vestimos hoje.

“Os tecidos mistos são impossíveis de reciclar com a reciclagem mecânica, e só a reciclagem química pode resolver o problema desses resíduos têxteis. Se queremos mudar para um modelo de economia circular, reciclar os tecidos mistos de poliéster e algodão são bons lugares para começar “, diz Cyndi Rhoades.

Parece uma proposta maluca, e não é pouca coisa se você levar em conta as toneladas de roupas e tecidos que vão parar no lixo, e que poderiam ter toda a matérias-prima, energia e água gastas nessas peças reaproveitadas para se fabricar novas roupas de modo completamente circular sem desperdício. Isso vai acontecer como as novas tecnologias de reciclagem química que estão sendo desenvolvidas.Esse é o futuro final para nossas roupas velhas.

Veja abaixo alguns vídeos interessantes (em espanhol) que abordam a sustentabilidade na indústria da moda.

Libriano curioso e inquieto que queria ser arquiteto mas se formou em artes plásticas e se tornou decorador, mas finalmente acabou mesmo se apaixonando pela moda.

Exibições: 498

Responder esta

Respostas a este tópico

O artigo mostra um desconhecimento enorme da matéria.
No Brasil temos a política reversa para sustentabilidade, que não funciona porque os Empresários e Profissionais não sabem fazem cálculos de economia no uso de Matérias Primas Recicladas.

Julio Caetano

Responder à discussão

RSS

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço