Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Como a moda pode ser usada para construir memórias a partir de tecidos já existentes

Inspirada pela avó, a designer Luciana Bortowski cria histórias com retalhos em busca de uma moda mais sustentável.

Luciana Bortowski.Luciana Bortowski. — Foto: Pedro Heleno/Divulgação

"O tecido mais sustentável é aquele que já existe." É assim que Luciana Bortowski tenta explicar sua paixão pelo upcycling. Paulistana, formada em tecnologia têxtil e moda pela Universidade de São Paulo (USP), conseguiu estágio para trabalhar ao lado da estilista Fernanda Yamamoto.

"Trabalhar com ela me encantou profundamente. O processo criativo, que levo muito a sério, era experimental: textura, modelagem, criação. Fiquei cinco anos lá, saí já como estilista. O desfile de dez anos foi um marco: a gente fez peças a partir do upcycling, pegando itens do arquivo da marca, de apresentações anteriores", lembra. "Após a experiência, passei a me questionar sobre outras possibilidades criativas, a analisar o processo de produzir coleções. Sempre fui fã de brechó e me incomodava desenhar roupas novas com um monte disponível por aí. Queria algo que fizesse sentido no futuro. Não quero ser vilã do planeta, quero deixar algo positivo."

A virada de chave de Luci, como é conhecida, se deu ao conhecer a Chapada Diamantina, na Bahia, local em que seu namorado planejava viver. Com a chegada da pandemia, decidiu juntar-se a ele e morar na região. "Fiquei impressionada em como a vida pode ser diferente, que a cidade nos faz precisar de coisas que realmente não precisamos. Não fazia mais sentido voltar para São Paulo. Vi que consigo viver de forma mais harmônica, em meio à natureza, e retribuir com algo para outras pessoas."

Com isso em mente, nasceu o Ateliê Luci Bortowski, há um ano. "Sempre tive uma conexão muito forte com coisas que carregam memórias. Me atrai o que aquela história guarda, o mistério. Minha família é fã de antiguidades, minha tia é uma artista plástica que reaproveita materiais. Minha avó paterna, que é uma das grandes inspirações na minha vida, era fã de looks diferentes e exóticos, quebrava paradigmas." Toalhas de mesa, guardanapos de tecido, roupas antigas garimpadas em feiras vintage, brechós e em galpões de tecido se misturam para manter e criar novas histórias a partir da criatividade da estilista.

A marca já lançou quatro coleções, duas delas em collabs: uma com a loja Le Soleil, em São Paulo, e outra com Irá Salles, em Salvador. Em março, exibiu as peças únicas durante alguns dias no espaço Nordestesse, dentro da multimarcas Pinga, reduto de novos talentos nacionais. "O upcycling, como economia circular, é a solução para o futuro", disse Luciana que usa, blusa do próprio ateliê confeccionada a partir de toalha de mesa e pedaços de outros tecidos e bordados. A parte da frente da calça foi feita com um lençol. Para o próximo mês, Luciana pretende lançar o e-commerce da marca com pequenas coleções mensais.

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