Quando se trata em criar uma cartela de cor, a dica é investir em metade pesquisa, metade intuição.
Nós que trabalhamos com moda e vemos produtos o tempo todo, acabamos criando em nossa cabeça um certo “banco de dados” que informa, inconscientemente, porque certos tons estão na moda agora e quais cores serão sucesso na estação seguinte. Então, além de assistir desfiles, pesquisar revistas, sites de moda, viajar mundo a fora para ver pessoas e vitrines, confie também no que a sua cabecinha diz, pois no final, é ela quem processa tudo o quê você viu por aí.
Vemos cores que estavam ausentes desde a década de 90 começarem a evoluir e aparecer em toda parte. Alguns exemplos como o nude que evoluiu para tons terrosos (como os tons camelo e caramelo) e agora evoluem para o tom alaranjado.
Devemos ter atenção para a criação de duas paletas principais por temporada (Outono/Inverno e Primavera/Verão), que são feitas, praticamente, dois anos antes da tendência do varejo e que entram em loja três meses antes da real virada de estação, quando o público realmente sente a temperatura mudar e há o pico de compra desses produtos. Esses alertas são voltados principalmente para quem trabalha com o fast-fashion.
Independentemente do tipo de cartela de cor que vamos criar, sempre há certas coisas que devemos fazer e considerar. Estes cinco passos são parte integrante do nosso processo de criação:
1. Pensar para quem estamos criando e prevendo a tendência é essencial. A tendência da moda é um negócio global, mas com níveis de intensidade diferentes para cada região. Para ser assertivo é muito importante pensar quem é seu público antes de começar. Por exemplo, na China, o vermelho é muito popular porque é um símbolo de seu ano novo e você tem que ter sempre essa cor quando está criando para essa região. Pensando localmente, um exemplo de cor rejeitada é o laranja intenso, uma cor pouco aceita pelos cariocas, pois associam esta cor ao uniforme da companhia municipal de limpeza urbana. Se tratando de tendência, é bom escolher o tom certo para não ter problemas nas vendas. Daí lembramos daquela icônica cena do filme “O diabo veste Prada”. Não, não é o mesmo azul, queridinha…
2. Devemos considerar, logicamente, que a cor pode evoluir. Um bom exemplo de até onde as tendências de cores podem ir é o que está acontecendo com a cor rosa agora. Primeiro vimos ela popularizar em 2011, surgindo nos tons pastéis, logo em seguida, a cor virou um rosa quente dentro dos tons de candy color, mas evoluiu e mudou ao longo das últimas temporadas. Agora, o foco se voltará para o roxo e a paleta será mais sombria. Da mesma forma, o amarelo Mackintosh irá se desenvolver em um tom âmbar escuro. É necessário observar por onde a cor pode se mover.
3. Evite blogs. Eles tendem a se concentrar no que está acontecendo agora e devemos ser mais intelectuais do que isso. Pesquisar através de blogueiras de moda em geral pode ser enganoso, então tente manter uma parte da sua pesquisa de maneira offline ou, pelo menos, fora do perímetro da moda. Acreditamos que há uma ligação muito forte entre arte e moda. Acompanhar exposições, lançamentos do cinema, clipes de música, projetos de fotografia, entre outros, pode ser muito mais interessante, como essa cena aqui de Mad Max: Estrada da Fúria (2015).
Já fizemos um post aqui falando sobre isso.
4. Devemos pensar que a cartela de cor tem que ter altos e baixos. Uma cartela de cor não deve ser linear, ou seja, toda feita em apenas um tom. Ela tem que tertons de acento e tons sutis. Os tons de acento são geralmente trabalhados em detalhes como estampas, recortes, aviamentos ou produtos especiais da coleção. Já os tons sutis são trabalhados em itens básicos e bottons (partes de baixo). Isso não é necessariamente uma regra, as tendências de consumo podem mudar a forma como essas cores são aplicadas nos produtos, como por exemplo em 2010 na moda masculina houve a moda das calças coloridas, mas independente de como será aplicada, esta configuração de tons de acento + tons sutis é a fórmula completa para fazer uma cartela de cor.
5. Usar diferentes texturas e tecidos ao montar a cartela de cor pode te ajudar a compreender como as cores que você escolheu para a coleção podem existir. É importante que o processo seja tátil. Uma ótima ferramenta é criar um moodboardou um caderno de inspirações, onde você pode anotar, colar, guardar informações que podem ser úteis no seu processo de criação. Você pode encontrar inspiração em qualquer lugar. Trabalhar com moda é ser, essencialmente, aberto a inspirações que surgem para você no território onde você está. Isso, definitivamente, faz com que seu trabalho na criação de uma cartela de cor vá muito além do que apenas tendência de desfiles de moda. Pegar/fotografar materiais no local de pesquisa para sua coleção pode ser a essência que fará toda a diferença na concepção da sua coleção. Obviamente, depois você terá que pegar todos os códigos e números da Pantone, mas isso é apenas uma parte do processo.
Esperamos que estas dicas tenham sido valiosas. Precisa de ajuda para criar sua coleção?
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FONTE: VIEW.MESCLADA.COM
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