Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Passo 1: O Início de Tudo

Você decidiu abrir sua marca. Pode ser um sonho de infância, uma ideia que surgiu aos poucos ou uma daquelas oportunidades para dar um novo rumo à carreira. O importante é estar muito seguro desta decisão pois estamos falando de um dos mercados mais competitivos e complexos que existem. Nunca esqueço de uma entrevista do Tom Ford em que ele falou que até a indústria de Hollywood é mais simples de lidar do que a da moda! E ele é um dos estilistas mais admirados do planeta!!!

 O glamour da moda engana. E muito. Mas a esta altura, você já deve saber e apesar disso não se intimidou. Ótimo. Então, vamos às dicas práticas:

- O básico: ter experiência no mercado antes de abrir um negócio. Primeiro porque faz a gente entender como as coisas funcionam na realidade (por exemplo, na faculdade você perdeu horas e horas aprimorando o traço do seu croqui em Desenho de Moda I, II, V… mas na verdade, o que você menos faz como estilista é desenhar artisticamente pois o desenho técnico é o que importa para as modelistas e costureiras confeccionarem a peça) e, em segundo lugar, porque você vai ter uma lista de contatos preciosa, que provavelmente vai ser muito usada.

- O negócio: Associe-se a alguém com habilidades complementares às suas: você é muito criativa, tem ideias o tempo inteiro e ama ficar imersa nos tecidos e aviamentos? Porém, ter um negócio significa lidar com planilhas financeiras, prazos, pagamentos, contadores, negociar com clientes… Por isso é importante ter um sócio que se dedique exclusivamente à parte administrativa. Se sociedade não está nos planos, contrate um gerente administrativo para cuidar desta parte, ou pelo menos um consultor na área. Mesmo que você se proponha a acumular funções, não caia na armadilha de tentar dar conta de tudo!

- O capital: você precisa de dinheiro não só para iniciar o negócio mas também para mantê-lo por algum tempo, então faça esse cálculo com muito cuidado. Levante o valor mínimo necessário para as despesas fixas, para a compra de materiais, para o salário dos funcionários e dos sócios por pelo menos 6 meses. Foque nesta quantia e considere adiar o lançamento caso não tenha isso em mãos ainda.

- O diferencial: por que você quer lançar uma marca e o que ela vai oferecer de diferente? Não é fácil responder a essas perguntas, então pense bastante nas razões que te levaram a abrir o próprio negócio e na carência de alguns nichos do mercado. Procure sempre oportunidades para se diferenciar e fuja com todas as forças de ser “mais do mesmo”!

Na semana que vem vamos falar sobre produção e formatos de negócios (marca própria, varejo, atacado, e-commerce…).

Passo 2: O Formato do Negócio

Na semana passada falamos sobre os passos iniciais para quem quer abrir uma marca de moda, agora é hora de discutir o formato que ela terá, ou seja, como você pretende vendê-la? Na sua própria loja? Apenas por atacado? Via e-commerce? O investimento para cada um desses tipos de canais vai interferir diretamente no seu orçamento inicial. E a produção, como vai funcionar? Internamente ou terceirizada?

Quando se produz dentro da empresa, os custos costumam ser menores e os erros podem ser consertados mais facilmente, porém, nem sempre o investimento em espaço e pessoal vale a pena. Neste caso, terceirizar a compra, contratar facções ou costureiras pode ser a melhor solução. Depois de resolver este capítulo, é hora de pensar sobre os canais de venda.

Quando falamos em ter a própria marca normalmente pensamos também em ter uma loja. Só que nem sempre as 2 coisas são viáveis ao mesmo tempo. Uma loja envolve custos puxados como aluguel do ponto e salário de vendedores, além da renovação constante do estoque. Se o seu capital inicial é pequeno, talvez uma boa forma de começar seja vendendo em feiras itinerantes, como a Babilônia Feira Hype, O Mercado, O Cluster.

Outra possibilidade é começar com o atacado. Porém, pense que o que for encomendado só vai ser pago em 3 meses, em média, então você vai precisar de muito planejamento para arcar com os custos durante este período. Investir na participação de feiras também pode ser um bom caminho para fazer contatos e conhecer compradores. Os APLs  de vários estados costumam montar stands nos principais eventos a um custo bem camarada.

E, claro, não dá para ignorar a força da internet. Sabia que no ano passado roupas e acessórios foram os itens mais vendidos online? Isso significa que as pessoas perderam o medo de comprar sem experimentar! Montar uma loja virtual é relativamente simples, já que as plataformas de e-commerce  já vêm prontas, basta customizar de acordo com as suas necessidades. Porém, pense nos detalhes do ambiente online da mesma forma que pensaria no espaço físico: a ambientação (layout do site) deve ser atrativa e de fácil navegação. A política de entregas e devolução deve ser bem clara e facilitar a vida do consumidor, e a divulgação via redes sociais e newsletter tem que ser constante e muito bem planejada!

Se você tem dúvidas sobre qual(is) formato(s) adotar, faça uma boa pesquisa de mercado, converse com profissionais, faça workshops e cursos na área, levante custos detalhados e só depois bata o martelo pois a sua escolha vai ter influência direta em todo o cronograma de produção.

Passo 3: Plano de Negócios

Muita gente tem arrepios ao ouvir falar de Plano de Negócios por achar que fazer um é uma das coisas mais complicadas desta vida. Não é não! Além de funcionar como um direcionamento para a empresa, ele é fundamental caso você precise buscar um empréstimo bancário ou vá atrás de investidores. Se este ainda não é o seu objetivo, foque em registrar nele a descrição do seu negócio, missão, visão, valores e a lista do que é preciso para começar (do custo do aluguel da sala ao maquinário e salários de empregados, incluindo a sua retirada mensal).

Comece pelo mais simples:

- A descrição do negócio: de forma bem resumida e objetiva, escreva sobre sua marca. Quanto mais conciso, melhor.

- Missão: o que a empresa se propõe a fazer e para quem?

- Visão: o que a marca almeja, ou seja, aonde ela quer chegar?

- Valores: quais são os princípios ou crenças que definem a marca e a atitude de todos que estejam envolvidos com ela?

Depois dessas etapas, vem a parte que requer dados e análises numéricas, que pode ser feita com a ajuda de um profissional especializado.

Faça tudo com calma e lembre-se como é importante ter uma visão muito clara sobre as metas traçadas no plano de negócios e nunca perdê-las de vista!

Obs 1: o cursos do Empretec oferecidos pelo Sebrae são uma ótima oportunidade para  quem deseja ser empreendedor.  Vale a pena dar uma olhada!

Obs 2: paralelamente ao plano, você pode criar um moodboard com imagens de referência que traduzam as suas aspirações. Tudo que achar que compõe o universo da marca pode ser usado e transformado em um painel ou mesmo um board do Pinterest, que vai ser fonte constante de inspirações!

Obs 3: se a marca já tiver o nome e um logo, que tal aproveitar para iniciar o processo de registro no INPI? Dá para fazer tudo online pelo site da instituição e o processo é muito mais simples do que parece.

Passo 4: A Produção

á falamos sobre o básico para lançar uma marca, o formato dos canais de venda e a importância do plano de negócios. Agora, vamos focar em preços e orçamento para a produção? Quando eles são bem alinhados, é meio caminho andado para o sucesso do negócio!

O primeiro passo é saber precificar. Pense em uma camiseta, por exemplo. Seu custo inicial engloba o tecido, os aviamentos, a etiqueta, talvez um silk ou uma estampa, os impostos e a mão de obra da costureira. Um cálculo aparentemente simples mas que nem sempre vai gerar o preço final. Custos como luz, maquinário, encargos trabalhistas, alugueis de lojas e até a verba do marketing também costumam ser embutidos e diluídos no valor de uma única peça, sabia? É por isso que esta conta envolve uma série de fatores que vão muito além do valor da matéria-prima.  Um erro aqui pode comprometer seriamente o futuro de uma empresa, ainda mais para quem está começando…

Depois de entender a dinâmica desta conta, é hora de selecionar fornecedores e fazer encomendas. Lembre-se que o tipo e a qualidade dos materiais que você vai trabalhar estão diretamente ligados ao posicionamento do negócio. Não adianta querer ter o tecido mais nobre se isso implica em um custo final muito acima do que seu público-alvo estará disposto a pagar. Malhas, em geral, são mais baratas do que tecidos planos, assim como o “couro” ecológico custa menos do que o couro real. Antes de bater o martelo, pesquise bastante até encontrar os produtos que mais se adéquam às suas necessidades. Com a decisão tomada, é hora fazer os pedidos dos rolos de tecido, o material para os acessórios os modelos de roupas etc. Novamente, é fundamental calcular a quantidade com muita precisão.

Para quem não tem experiência, recomendo muito contratar uma consultoria especializada, pelo menos durante os primeiros meses. Um consultor pode orientar sobre precificação e ensinar a montar orçamentos para a compra de materiais de acordo com o porte da sua marca. Por mais monótona que esta etapa possa ser, dedique bastante tempo e paciência para ela. Pode ter certeza que a recompensa por horas diante de planilhas e calculadoras vale muito a pena!

Passo 5: Planejamento de Coleção

Pesquisar materiais, criar um tema, fazer os pedidos, acertar datas de entrega com fornecedores… Planejar uma coleção vai muito além de sentar e desenhar lindos croquis (aliás, esta é a atividade menos exercida no dia a dia de um estilista) que vão se transformar em belas peças. O planejamento é uma das etapas cruciais mas muita gente esquece que ele está atrelado a fatores internos e externos da empresa, por isso quando falta organização os riscos de erros e prejuízos são enormes.

Vamos ao passo a passo correto então! Tudo começa com a pesquisa para a coleção: do tema aos tecidos, passando por aviamentos, acessórios, cartela de cores. Fazer um moodboard e escrever um pequeno texto sobre as ideias centrais ajudam bastante nesta etapa. A partir daí é começar a definir quais serão os materiais usados e a quantidade a se encomendar, assim como os modelos a se desenvolver, ou seja, qual será o tamanho da coleção. É aqui que aparecem os primeiros sinais de desperdício pois fazer pedidos sem ter a noção exata de quanto será usado é um perigo!  Outro ponto fundamental: focar no aproveitamento máximo dos materiais. Muitas vezes, após o corte dos tecidos, as sobras vão inteiramente para o lixo quando poderiam ser transformadas em outras peças. Geralmente, o chefe de produção se encarrega de não deixar esses desperdícios acontecerem. Mas se não dá ainda para pagar o salário dele, vá para a mesa de corte e só autorize a primeira tesourada depois de ter certeza que as sobras serão mínimas!

Paralelamente a isso, é muito importante pensar no mix de produtos oferecidos para maximizar o consumo. Por exemplo, uma determinada estampa pode vender mais se aparecer em diferentes peças (vestido, blusa, saia, top…) e estiver coordenada com cores que combinem entre si (calça lisa + top estampado ou saia estampada + blusa lisa). A estratégia é sempre oferecer “famílias” de produtos para o cliente e deixá-lo com mais opções de compras. Outra dica preciosa: criar produtos-chave, mais conhecidos como “bate-caixa”, e que vão ajudar bastante no faturamento.  Eles devem ter um custo baixo de produção, podem estar presentes em todas as coleções e subsidiar várias outras peças mais elaboradas!

Por fim, tenha sempre um calendário hiper organizado e trabalhe com ele de duas formas: pensando nos prazos de entrega e distribuição, e nas datas comemorativas (Dia das Mães, Namorados, Natal etc). O primeiro item está diretamente ligado ao lançamento da coleção e ao período de liquidações. Lembre-se que para determiná-los é preciso ter estoque em dia e nenhum atraso nas entregas. Já o segundo merece atenção por se tratar de eventos que requerem ações extras e/ou produtos especiais, e gerarem um volume maior de vendas. Pense em tudo isso com cuidado e não caia na tentação de “liquidar porque está todo mundo liquidando” ou antecipar um lançamento só porque “todo mundo já lançou”. Acredite: respeitar seu planejamento vale muito mais para a saúde do negócio do que agir como “maria vai com as outras”!

O próximo post será sobre marketing e comunicação, afinal não adianta ter o melhor produto do mundo se ele não for divulgado!

http://www.modalogia.com/2014/02/25/como-criar-uma-marca-passo-5-pl...

Mirela Lacerda

Exibições: 1969

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Respostas a este tópico

Quando se produz dentro da empresa, os custos costumam ser menores e os erros podem ser consertados mais facilmente, porém, nem sempre o investimento em espaço e pessoal vale a pena.

O glamour da moda engana. E muito.

E claro que tudo isso é essencial - não tenham duvidas

mas o mais importante mesmo é ter coragem de fazer alguma coisa - o resto tudo vai sendo resolvido - quem pensa que é somente dinheiro - conhecimento - e gestão

esta enganado - CORAGEM é fundamental - ainda mais no Brasil

nao sendo arrogante, mas ja sendo, um assunto tao complexo,  para se criar uma marca, nao tem um manual, e nunca vai ter,, dessa rerportagem, so se salva opiniao de tom ford, estamos falando de uma marca de roupa, com muito e sem dinheiro, em tempos em tempos, vai surgir marcas e pronto por varios e varios motivos

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