Diminuir o lixo trocando o que é descartável por reutilizável é relativamente bem fácil, eu já dei algumas dicas simples por aqui. Mas, quando a gente fala de outras coisas, fica mais difícil de saber como diminuir o lixo e ser mais sustentável. Por isso, no post de hoje eu quero falar e dar dicas pra gente aprender a comprar roupas de forma mais sustentável. :)
Ter um guarda-roupa sustentável não é nem só comprar roupa usada, nem só não comprar roupa, nem só ter roupas feitas com algodão orgânico. Ter um guarda-roupas sustentável é ter aquilo que você vai usar e usar tudo aquilo que você tiver. É cuidar, é questionar e se preocupar.
Definitivamente não precisa. Eventualmente você precisa de um vestido novo, um casaco, umas blusas. Não todo mês. Não adianta parar de comprar de lojas fast fashion e continuar agindo com uma consumidora de fast fashion.
Crédito: Un-fancy |
Tire todas as suas roupas do armário e avalie uma por uma. Deixe só aquelas que você realmente ama usar. Aquelas que você fica confortável e se sente bem. Pergunte pra cada item que você já tem e repita essas perguntas quando quiser colocar algo novo no armário:
Iniciativas como a Roupateca e a Lucidbag, bibliotecas de roupas onde você aluga peças por alguns dias também são muito legais. A gente não necessariamente precisa ter aquela peça, pode usar por um tempo e depois devolver.
Compre menos. Simples assim. Será que não tem roupa suficiente no seu guarda-roupa pra ficar um ano sem comprar? A Jojo começou o Um Ano Sem Zara justamente com esse desafio e deu muito certo.
Desde que eu comecei o Um Ano Sem Lixo, eu tenho focado na construção de um armário mais sustentável, mas também minimalista. Talvez, depois de fazer uma super limpa no seu guarda-roupa deixando só o que você ama, você sinta zero necessidade de comprar algo novo por um bom tempo. Foi o que aconteceu comigo. ;)
Mas ó, minimalista não significa tudo sem estampa, tá? No meu caso, significa um pouco porque é o que eu gosto de vestir. Mas se você gosta de estampas, de cores vibrantes, também dá pra ter um guarda-roupas enxuto e minimalista com seu estilo (vale demais ver as inspirações no instagram da @oficinadeestilo).
Esse paletó lindo eu comprei em um brechó, viu? |
Vou sempre bater na tecla que comprar usados é mais legal do ponto de vista ecológico porque é um produto que já foi produzido. Mas não adianta encher o guarda-roupas de peças usadas só porque é baratinho. E, às vezes, comprar uma usada de péssima qualidade é pior que uma nova mas de alta qualidade e que vai durar muito.
Pode ser em brechós, que tem cada vez mais uma variedade legal de peças; pode ser em sites como o Enjoei; pode ser trocando roupas com as amigas, mãe, irmã, primas. Bora colocar essas roupas pra rodar o mundo! A gente economiza dinheiro, embalagem e recursos usando algo que ficaria parado.
Qualidade. A gente sempre fala pra buscar roupas de qualidade, mas como faz isso na prática? Assim: vire a peça do avesso e veja se a costura tá bonitinha, se não tem fio solto. Quando o avesso é embutido, todo bonito como se nem estivesse do avesso, é sinal de super cuidado. Tecidos muito fininhos ou tricôs bem abertinhos costumam estragar rápido se você não lavar na mão.
Às vezes, qualidade é mandar fazer roupas. Aquela costureira super caprichosa que faz tudo direitinho, com molde e costura embutida, pode fazer uma blusinha que vai durar muito mais. E claro, marcas locais normalmente tem qualidade superior às de fast-fashion porque não são costuradas às pressas em metas malucas e desumanas.
Se preocupar com o produto também é importante. Se a gente conseguir comprar de marcas locais que produzam roupas de forma ética, sustentável, com tecidos de algodão orgânico e que sejam lindas e a gente goste, é quase como ganhar na loteria. Mas eu sei que nem todo mundo tem dinheiro pra comprar essas roupas, porque é mais caro sim – porque é mais justo, paga a cadeia inteira, não dá pra nenhuma blusinha custar R$19,90 sem estar sendo injusta em algum(ns) ponto(s) da cadeia produtiva. Por isso eu sou tão fã dos brechós e das peças usadas!
No Brasil, não temos reciclagem de tecidos. O que significa, em suma, que as roupas que não são mais usadas vão pros aterros sanitários, sem chance de reciclagem. Por isso, mesmo que a tentação de comprar seja enorme, pense em quanto tempo essa peça não estará anunciada na sua lojinha do enjoei ou numa caixa de doações. O mínimo que podemos fazer é aproveitar muito bem aquela peça, usá-la até o fim da sua vida, para compensar todo o custo ambiental da produção e tingimento do tecido, do transporte, da manufatura, das lavagens, etc.
Viu? Tem um montão de coisas pra pensar e fazer antes de comprar uma roupa nova. Mas o mais importante é o trabalho interno, é se questionar. A origem do produto é importante, claro, mas dar um passo pra trás é ainda mais. :) Não consumir é muitas vezes o melhor jeito de consumir consciente.
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