Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

As industriais têxteis produzem uma quantidade grande de efluentes. Esses efluentes geralmente apresentam uma coloração, devida aos corantes utilizados no tingimento de tecidos, sendo detectável a coloração em concentrações tão baixas quanto 1 ppm.

Os azocorantes, estruturas químicas que possuem o grupamento –N=N–, são bastante utilizados nas industriais têxteis. Esses compostos apresentam baixa degradabilidade por processos biológicos e, além da poluição visual que causam devido à coloração que apresentam, alteram ciclos biológicos como a fotossíntese.
O processo tipicamente utilizado em tratamentos de efluentes pode ser exemplificado pela imagem a seguir:
 
Fonte: KUNZ et al. (2002)
A primeira etapa é o gradeamento, que consiste em barras verticais ou inclinadas que retêm os sólidos grosseiros contidos no efluente. Em seguida, o fluido segue para o filtro de areia e cascalho, que é basicamente um tanque onde há decantação de alguns materiais, principalmente inorgânicos, como areia e cascalho (a matéria orgânica geralmente não decanta nessa etapa, pois tem densidade menor que esses materiais).
No decantador primário parte da matéria orgânica decanta e é degradada por microorganismos anaeróbios, ou seja, microorganismos que sobrevivem na ausência de oxigênio e se alimentam dessa matéria orgânica.
Depois disso, o efluente segue para o tanque de aeração, onde há difusores no fundo ou agitadores superficiais, que permitem um maior contato do efluente com o ar. A matéria orgânica é decomposta por microorganismos aeróbios, que se aglomeram formando flocos, que sedimentam. Parte desse lodo sedimentado é removido.
Em seguida, a mistura segue para o decantador secundário, no qual há decantação da matéria orgânica e do lodo ainda em suspensão. O lodo que não é removido é reencaminhado para o tanque de aeração, enquanto que o removido é encaminhado para tratamento.
Por fim, o efluente já clarificado segue para a etapa final, de desinfecção, que pode ser por cloração ou uso de radiação UV, por exemplo. Ocorre um ataque de agentes químicos a organismos patogênicos e coliformes fecais, completando a limpeza da água.
O processo exemplificado visa remover principalmente a matéria orgânica biodegradável. Entretanto, como os corantes costumam não ter uma alta biodegradabilidade, é necessária outra etapa no tratamento do efluente para esse ser eficiente.
Em geral, as industriais têxteis utilizam a etapa físico-química de coagulação antes do tratamento biológico de lodo ativado (representado na imagem). O processo de coagulação seguido pelo de lodos ativados costuma ter uma eficiência relativamente alta na remoção dos corantes, de aproximadamente 80%, apesar de apresentar problemas na destinação do lodo que, por possuir uma alta concentração de corantes, não pode ser reaproveitado na agricultura.
Além da coagulação, vem sendo estudados outros tratamentos para a remoção dos corantes, como a biodegradação a partir de organismos específicos; processos oxidativos avançados, como o tratamento com ozônio; processos físicos, como a adsorção por carvão ativado e a filtração por membranas (nanofiltração, por exemplo); entre outros.
Os tratamentos de efluentes vêm sendo a cada dia mais estudados e aprimorados, pois a legislação está cada vez mais rigorosa e, além disso, estão sendo descobertos novos contaminantes cujos efeitos sobre a saúde e o meio ambiente ainda são desconhecidos.
Cada tipo de tratamento possui suas vantagens e desvantagens, sendo relacionadas ao preço, eficiência ou geração de novos resíduos. O ideal é fazer um estudo em escala piloto e escolher o método mais viável, que alie qualidade a custo, de modo que atenda a legislação e torne o efluente inofensivo ao meio ambiente.
A EPEQ continua estudando e trazendo novidades a vocês. Fique de olho no nosso site e mantenha-se atualizado.
Fontes:
GUARATINI, C. C. I.; ZANONI, M. V. B. Corantes têxteis. Química Nova, Vol. 23, No. 1, 71-78, 2000.
KUNZ, A.; PERALTA-ZAMORA, P.; De MORAES, S. G.; DÚRAN, N. Novas tendências no tratamento de efluentes têxteis. Química Nova, Vol. 25, No. 1, 78-82, 2002.

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