Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Chris Stowers/Bloomberg via Getty Images / Chris Stowers/Bloomberg via Getty ImagesEstande da Computex: em muitos casos, relógios "inteligentes" funcionam como extensões dos smartphones atuais

O verão de Taiwan não tem o "sol para cada um" clássico do Nordeste brasileiro. Mas mesmo que ele não apareça o tempo todo, a temperatura na casa dos 30º e a umidade em 80% deixam o clima incômodo até para quem está acostumado. Talvez por isso os equipamentos de ar condicionado fiquem ligados no máximo, fazendo com que sair ou entrar de um carro ou de um prédio seja uma tarefa desagradável, por conta do choque de temperatura.

Mas imagine se você estivesse usando uma roupa que pudesse se adaptar às diferentes condições. Com poucos toques em um tablet, smartphone ou qualquer outro dispositivo que venha a ser inventado, as características do tecido poderiam ser alteradas para se adaptar às diferentes condições e fazê-lo se sentir mais confortável. Este cenário parece fazer parte de um futuro muito distante. E talvez o seja. Mas o caminho para que ele se torne realidade com certeza está sendo construído agora. Parte dele passa pelos estandes de algumas companhias asiáticas que participam da 34ª edição da Computex, a maior feira de eletrônicos da Ásia, que acontece até amanhã em Taipé, Taiwan. São quase 60 delas apresentando produtos na categoria dos computadores de vestir, ou "wearables". O número pode parecer baixo em relação às 1,7 mil que participam da feira, mas representa um avanço de praticamente 10 vezes em relação ao ano passado.

O que essas companhias têm feito é colocar características hoje comuns a dispositivos como os computadores e os telefones celulares em peças de roupa, como acessórios e até mesmo camisas, calças e sapatos. A categoria ainda é bastante incipiente - os primeiros equipamentos começaram a chegar ao mercado de forma consistente há cerca de dois anos - mas já despertou o interesse de gigantes como Samsung, Sony e LG. Outros nomes ainda pouco conhecidos do público como Martian e Pebble também entraram no jogo. E a tendência é que mais marcas façam o mesmo. A expectativa é que até o fim do ano Google e Apple coloquem seus produtos à venda.

A maioria dos produtos tem girado em torno de duas áreas: a de pulseiras que ajudam a medir a quantidade de atividade física realizada durante um dia ou período de tempo ou os chamados relógios inteligentes, que de inteligentes não têm nada, já que na maioria dos casos, funcionam como uma extensões dos smartphones atuais - permitindo atender ou rejeitar chamadas.

Mas há também outras áreas sendo exploradas. A AiQ Smart Clothing, por exemplo, está trabalhando em tecidos que agem como sensores de informações do funcionamento do corpo humano. Entre os itens que podem ser medidos estão os batimentos cardíacos e a pressão sanguínea. Os dados são coletados por um pequeno dispositivo que fica ligado à roupa e que se comunica com um tablet ou com um smartphone.

"Dá para pensar em outras aplicações como fazer as etiquetas de identificação do produto já embutidas no tecido. Dependendo do desejo do cliente", disse Nadia Kang, diretora de marketing da companhia taiwanesa, que pertence ao grupo industrial Tex-Ray, que atua no segmento têxtil. Por conta de contratos de confidencialidade, Nadia disse não poder revelar os nomes dos atuais clientes que possui. "Mas temos conversado com marcas como Nike e Adidas, que são clientes do grupo", disse.

Ligada a um grande grupo, a AiQ parece ser uma exceção entre as outras companhias presentes à Computex, que não estão ligadas a companhias de maior porte, e estão apostando nos "wearables" como uma forma de ganhar escala. E isso não significa usar suas próprias marcas. Pelo contrário. A maioria das empresas nem quer aparecer. Elas atuam apenas na criação dos chamados desenhos de referência, que são oferecidos a outras companhias. Estas então colocam sua marca e vendem os produtos da forma que desejarem. Entre as alternativas disponíveis na feira, estão produtos de todos os tipos e formatos, com preços a partir de US$ 50. Na Iproda, que faz relógios inteligentes, o pedido mínimo é de cinco mil unidades, e o prazo de entrega é de três meses.

A maioria dos produtos exibidos na Computex não parece ter muita qualidade. Mas o simples fato de estarem disponíveis mostra que há um forte interesse da indústria, o que pode levar ao desenvolvimento de modelos mais bem acabados nos próximos anos. "Estamos colocando muito esforço e dinheiro nisso. Eu conversei com executivos do Google e eles disseram crer que o mercado de wearables será maior que o de tablets. Não vai superar o de smartphones, mas vai ficar no meio dos dois", disse Deisler Song, diretor de vendas da YF Tech.

Na Computex, a companhia apresentou três produtos que foram desenvolvidos nos últimos 18 meses. Segundo Song, outros dez projetos estão em fase de criação. A expectativa é que sejam apresentados ao mercado até o fim do ano. "O mercado ainda está pouco desenvolvidos fora dos Estados Unidos. Mas até o fim do ano, todo mundo terá produtos disponíveis", disse.

Segundo a empresa de pesquisa NPD DisplaySearch, o mercado de "wearables" chegará a 48 milhões de unidades neste ano e chegará a 91 milhões no ano que vem. Mas a festa não deve durar muito. A projeção da companhia é que já em 2015 o mercado comece a desacelerar, com os consumidores tornando-se mais céticos com relação a esse tipo de produto. "Acreditamos que a dinâmica do mercado de wearables será semelhante à dos DVDs, das TVs de LCD, dos smartphones e outros produtos direcionados aos consumidores residenciais em que os equipamentos deixaram de ser um diferencial e se transformaram em commodity", disse Paul Gray, diretor de pesquisa da companhia na Europa


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Por Gustavo Brigatto | De Taipé (Taiwan

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