Fernando Pimentel, presidente da ABIT, apresentou o panorama econômico e as perspectivas do setor têxtil e de confecção
Solange Sólon Borges, Agência Indusnet Fiesp
A pandemia impôs uma série de situações novas para a indústria têxtil, que se mostra forte e pujante, capaz de atender os desafios de inovação e tecnologia, afirmou Fernando Pimentel, presidente da ABIT, ao participar de encontro virtual do Comitê da Cadeia Produtiva da Indústria Têxtil, Confecção e Vestuário (Comtextil) da Fiesp, para tratar do panorama econômico e perspectivas do setor têxtil e de confecção.
“Apesar de a indústria de transformação representar 11,3% do PIB, nós carregamos 22,8% da arrecadação previdenciária patronal, quase 25% dos tributos federais, 65,4% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e 48,7% das exportações brasileiras de bens e serviços”, elucidou Pimentel, frisando o encolhimento de representação do setor no Produto Interno Bruto. “Quem paga mais impostos no país é a indústria em função do IPI e do Custo Brasil. Sem indústria, o Brasil não vai crescer o que o país precisa, 4% ao ano,” enfatizou.
A questão salarial sobressai nessa discussão: a indústria de transformação paga os melhores salários e tem 14,4% de participação no emprego formal, sendo o salário médio dos trabalhadores com ensino superior de R$ 5.357, na área têxtil, e R$ 3.449, na confecção. Outro aspecto abordado pelo expositor diz respeito ao poder de gerar crescimento: a cada R$1,00 produzido na indústria da transformação são gerados R$ 2,67 na economia brasileira, enquanto a agropecuária gera R$ 1,75 3 comércio e serviços, R$ 1,49 [Fonte: CNI e Abit, março de 2021, com base na Rais].
Pimentel apresentou um quadro-resumo dos investimentos necessários para instalação do parque industrial têxtil e confecção existente no Brasil e detalhou o número de empresas por regime tributário e a arrecadação do setor, em 2018: R$ 5 milhões, 162 mil para os enquadrados no lucro real; um pouco mais de R$ 2 milhões no lucro presumido, somando R$ 7 milhões, 187 mil.
Na confecção, a carga tributária sobre o lucro real é de 6,1 %; no presumido, 6,7%; no Simples, 7,8%; e na MEI, 2,7%, ao se comparar receita bruta x arrecadação, com dados da Receita Federal de 2018. “Em todos os casos, o Simples acaba pagando mais”, explicou o expositor, que lembrou o papel fundamental do setor no controle da inflação do país, repassando ganhos de competitividade e produtividade: o IPCA da habitação foi de 1.190%, de julho de 1994 a março de 2021, enquanto alimentos e bebidas ficaram com 638%, por exemplo, e vestuário apenas 341%.
E citou, entre os principais problemas enfrentados pela indústria no 1º trimestre de 2021, falta ou alto custo de matéria-prima, elevada carga tributária, taxa de câmbio, demanda interna insuficiente, falta de capital de giro, falta ou alto custo da energia, dificuldades na logística de transporte, inadimplência do cliente, burocracia excessiva, falta ou alto custo de trabalhador qualificado, competição desleal, taxa de juros elevada, insegurança jurídica, pela ordem, segundo dados levantados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Outros indicadores apresentados por Fernando Pimentel se referem aos resultados quanto à performance da produção têxtil, 13,1% de janeiro-fevereiro de 2021, comparado ao mesmo período do ano passado (-5,1% em 12 meses); produção de vestuário, 4,5% (-22,9% em 12 meses); varejo vestuário, – 19,9% no período avaliado (-25,4% em 12 meses); emprego, 37.157 postos, em janeiro-fevereiro 2021 (-19.338 no saldo em 12 meses).
Quanto aos indicadores selecionados por setor, a evolução da produção da indústria da transformação encontra-se em 50,5, em março de 2021; produtos têxteis, 48,9; confecção de artigos do vestuário e acessórios, 41,6; couros e artefatos de couro, 41,4; calçados e suas partes 37,5 [valores acima de 50 indicam aumento da produção, da capacidade instalada acima do usual para o mês e satisfação financeira. Os indicadores variam de 0 a 100. Fonte: CNI]. Em termos de consumo das famílias brasileiras, em 2019, alimentos ocuparam o primeiro lugar, veículos, o segundo, sendo seguido por roupas em geral.
Estimativas do mercado de manufaturas têxteis
De janeiro a dezembro de 2021, espera-se a produção de 2 milhões de toneladas (+8,3% sobre o ano anterior, em volumes); R$ 58,1 bilhões em receita líquida (+10,4% em valores nominais), 2,5 milhões de toneladas no consumo interno (+8,9% em volumes), US$ 1,9 bilhão em importação (+10,8% em volumes), US$ 538 milhões em exportações (+6,8% em volumes), R$ 205 bilhões em receita do varejo de vestuário (+13,1% em volumes).
Dia das Mães
Em tempos de pandemia, espera-se que o Dia das Mães traga um alento para o setor uma vez que preferência dos consumidores é por perfumaria e cosméticos, vestuário, eletrodomésticos, eletroportáteis, eletrônicos e informática, floricultura. E como os consumidores pretendem gastar: 58% no cartão de crédito (a prazo), 38% no dinheiro (à vista), 31% no débito, 23% no Pix, 16% no boleto e 8% na transferência bancária, sendo que 31% querem gastar entre R$ 51 e R$ 100; 27% entre R$ 101 e R% 200; 11% entre R$ 201 e R$ 300; e 14% até R$ 50, e, ainda, outros 4% entre R$ 301 e R$ 400, e 3% entre R$ 401 e 500.
Para encerrar, Fernando Pimentel apresentou medidas econômicas urgentes no enfrentamento da pandemia, tais como o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEM); diferimento do pagamento dos tributos federais, por 90 dias, não apenas do Simples Nacional, como divulgado hoje, para todos os vencimentos a partir de março de 2021; suspender a cobrança do IOF das operações de créditos pelo prazo de 90 dias, no mínimo; o adiamento do pagamento das prestações dos parcelamentos de débitos tributários com a União; e o Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC) e Pronampe.
https://www.fiesp.com.br/noticias/comtextil-avalia-setor-diante-do-...
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