Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Confecções e tecelagens já se adaptaram às novas datas propostas pelos calendários da moda?

 

Passado pouco mais de um ano de mudança das datas das principais semanas de moda do país, isto é, São Paulo Fashion Week e Fashion Rio – nas quais as coleções de verão passaram a ser apresentadas em março, e as de inverno, em outubro –, e por meio das quais o objetivo era possibilitar um melhor planejamento de desenvolvimento das coleções até uma gestão comercial mais efetiva, consolidando um intervalo maior entre o lançamento do produto e a chegada dele ao varejo, perguntamos: essas metas foram alcançadas por grandes ou pequenas confecções do mercado? E quanto às indústrias e tecelagens, essas adequações impactaram suas produções ou o atendimento ao cliente?

Para empresas de grande porte como a Brandili, criada em 1964, que mantém parques fabris nas cidades de Apiúna e Otacílio Costa (SC), com 15 milhões de peças produzidas por ano, a mudança do calendário da São Paulo Fashion Week não impacta o processo produtivo; pelo contrário, a antecipação ajuda os compradores a ter as informações de moda mais cedo e, dessa forma, entender a força das tendências.

“Ao mesmo momento em que as marcas adultas estão apresentando suas coleções na SPFW, nós estamos lançando a nossa para os lojistas em diversos showrooms que ocorrem pelo Brasil. Esse é o calendário que permite a produção e a entrega das peças para estarem nas lojas já em fevereiro, com um preview da coleção outono-inverno, como já se tornou praxe no calendário do varejo”, conta Bruna Brandes, diretora de desenvolvimento de produtos da Brandili.

Para a pesquisa de desenvolvimento das peças da empresa, é utilizada a informação internacional. No caso do inverno, a Brandili costuma acompanhar a Feira Pitti Bimbo, que acontece na Itália e serve de referência também para as marcas do hemisfério norte. “Nesse mesmo momento, é feita a pesquisa de street style, em que as estilistas da empresa buscam nas ruas inspirações para suas criações”, diz Bruna.

Em relação aos fornecedores, a diretora destaca que algumas tecelagens ainda não entenderam a mudança do calendário. “Para as peças estarem prontas para venda em outubro-novembro, os cortes para execução dessas amostras devem chegar à fábrica em julho, e com aprovação, ou seja, para as novas bases, ainda é preciso tempo para testes e consertos. Portanto, os fornecedores devem se adequar aos calendários internacionais, às feiras de matéria-prima, possibilitando que a moda brasileira esteja cada vez mais alinhada com o tempo e as tendências dos lançamentos das marcas internacionais”, explica a profissional.

Já para grifes de menor porte, a mudança de data impactou a produção. “Na verdade, as coleções se antecipam, sim, até para acompanhar o mercado. A nossa é idealizada com uma antecedência de pelo menos seis meses, e a produção acontece gradativamente na loja. Temos faturamento semanal e as lojas precisam estar sempre abastecidas de novidades”, afirma Amauri Fonseca, diretor-geral da Toli.

Fundada em Natal (RN), em 1992, por Amauri Fonseca Filho, a Toli conta atualmente com um parque fabril e 35 lojas – em Aracaju, Belém, Brasília, Campina Grande, Feira de Santana, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Mossoró, Natal, Palmas, Patos, Petrolina, Recife, Rio Branco, Salvador, Santarém, São Luís, São Paulo, Teresina –, atuando dentro do conceito de fast fashion, voltado para as mulheres jovens.

“De janeiro a dezembro, nossa fábrica está ativa. Trabalhamos com as coleções de inverno de setembro a novembro, e de novembro a maio a coleção verão. Assim, não sofremos nenhum efeito pós/pré-temporada de moda. Entretanto, vale destacar que trabalhamos com empresas que nos respondem no tempo certo, entregam pilotagem e produção no prazo, enfim, procuramos bons fornecedores e parceiros”, acrescenta Fonseca.

Outros segmentos, além do feminino e masculino, também buscam adequações. “O calendário do segmento adulto e o do segmento infantil são bem diferentes, entretanto ambos estão sofrendo mudanças”, conta Franco Aurélio Raviccini, responsável pelo estilo do Grupo Sônia.

As Confecções Sônia e DNM são duas empresas do Grupo Sônia, com sede em Tietê, interior paulista, especializadas em roupas infantis de zero a 16 anos. A empresa existe desde 1976 e conta com representantes em todo o Brasil, uma fábrica de 2 mil m² e é responsável por 34 empregos diretos e 300 indiretos.

“O timing da confecção do segmento infantil é a feira FIT. Não participamos do evento, mas lançamos a coleção sempre antes da feira ou na mesma data. O ajuste que tivemos foi a antecipação da FIT, que acontecia em janeiro e agora acontece em novembro. Isso nos prejudicou muito, pois precisamos parar de vender a coleção de verão antes para produzir a de inverno, e algumas tecelagens não acompanharam esse novo calendário. Hoje, nossa produção de inverno é de janeiro a março, e a de verão, de junho a novembro”, destaca Raviccini.

A maioria das tecelagens com que trabalha segue o calendário de moda brasileira, mas outras ainda devem melhorar seus serviços. “Algumas empresas fazem o lançamento no timing certo, mas depois, para entregar as pilotagens de tecido, acabam atrasando muito, o que muitas vezes nos obriga a excluir o artigo da coleção e a procurar outro fornecedor”, salienta o responsável pelo estilo do Grupo Sônia.

“Com certeza, deve haver muitas dificuldades no ajuste da produção, principalmente pela capacidade de muitas marcas e tecelagens. Acredito que no futuro todo o mercado deverá estar adaptado”, ressalta Renata Cotrim, coordenadora de marketing da Kalimo, fundada em 1982, que hoje atende as principais marcas do mercado.

“Contamos com coleções mensais de estamparia convencional e digital, além do desenvolvimento das mais de seis coleções por ano entre produtos (malhas e tecidos lisos e estampados) e cartelas de cores. Dessa forma, já estamos acostumados a trabalhar com antecipação e nos adaptamos às mudanças ocorridas no calendário no ano passado para atender as marcas que participam dos desfiles nacionais, além dos demais clientes. Enfim, não sentimos grandes mudanças. Também não observamos diferenças nas vendas referentes a essas mudanças”, acrescenta Renata.

Já para a TDB, uma das maiores fabricantes de tecidos para lingerie e resortwear da América Latina, o calendário de desfiles brasileiros não interfere na dinâmica de lançamentos da empresa. “A TDB atende vários tipos de cliente: confeccionistas de moda praia, fitness e lingerie, grandes magazines e atacadistas de tecido. Cada segmento, cada tipo de cliente trabalha com um timing diferente. Alguns confeccionistas fazem lançamentos sazonais, outros adotam o ritmo do fast fashion. Então, em 2013, decidimos mudar nossa programação de lançamentos. Antes fazíamos grandes lançamentos semestrais, em janeiro e em julho. Hoje temos várias coleções menores ao longo do ano. A moda está mais rápida e por isso é importante ter agilidade para oferecer novidades aos clientes, em sintonia com os trends do momento”, diz Biti Averbach, gerente de comunicação e marketing.

Mais do que a preocupação com datas de antecipação de calendário, as palavras de ordem para as tecelagens são rapidez e agilidade para aquelas que querem conquistar e surpreender o cliente com algo além do produto.

“Atualmente, a moda tem mudado em um ritmo cada vez mais acelerado e com isso a demanda pela agilidade das tecelagens também está cada vez maior. A Salotex trabalha no sistema fast fashion, em que a cada 30/40 dias em média há novidades para os clientes. Assim conseguimos antecipar tendências e sempre atender as demandas do mercado. Com o fast fashion não temos meses específicos para a produção de novas coleções, isso acontece praticamente o ano inteiro”, afirma Jaqueline Oliveira, analista de comunicação da Salotex, empresa fundada nos anos 1950.

“Nossa equipe de estilo passa o ano todo envolvida em pesquisas sobre novas tendências, e as novidades já vão sendo lançadas assim que surgem. Essa rapidez e antecipação estão entre os diferenciais da empresa. É difícil falar sobre as tecelagens como um todo, pois cada uma desenvolveu seu sistema de trabalho. O que podemos dizer é que o sistema adotado tem sido um sucesso para os clientes”, finaliza Jaqueline.

http://www.costuraperfeita.com.br/edicao/23/materia/negocios.html

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"Hoje, nossa produção de inverno é de janeiro a março, e a de verão, de junho a novembro"pelo menos uma empresa continua lucida e nao se rendeu a este calendario ridiculo que inventaram para alinhar com o calendario da moda da europa e estados unidos, que tem suas estaçoes invertidas, isto e brasil nos temos estaçoes de um pais tropical, alguem ja comprou uma peça de roupa de inverno no mes de janeiro? uma de verao em julho pode ser, o contrario impossivel, entao se isto nao acontece e nos continuamos fazendo estes eventos ridiculos e  porque a moda brasileira nao se impoe nem no seu proprio pais, entao como vamos nos impor la fora? a moda brasileira nao tem identidade estas pesquisas de tendencias no geral e um nome elegante pra copias, se resume valentino coloccou laço todo mundo tem laço e assim vai, cade a nossa identidade, resumindo a moda brasileira continua sendo o samaba do criolo doido.

A discussão do Time certo ou errado , na minha opinião não tem nada com ceder aos caprichos europeus da indústria da moda, tudo depende muito do segmento que a confecção atua e a escala produtiva que trabalha. No caso do segmento infantil, a venda de inverno inicia-se em Novembro ou seja; em Outubro tudo tem que está pronto para ser fotografado. Realmente é um grande desafio para as empresas de tecelagem se adaptarem a tanta diversidade de calendário, mas não há outra maneira de acompanhar o cronograma de uma confecção que trabalha com escala a não ser se adaptar, de outra forma o fornecedor fica de fora, isto é mercado e quem manda nele é o comportamento de consumo.

Já para grifes de menor porte, a mudança de data impactou a produção. “Na verdade, as coleções se antecipam, sim, até para acompanhar o mercado.

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