Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Até o momento, o Acordo sobre Incêndios e Segurança em Edifícios em Bangladesh, sob o controle de um grupo de mais de 150 varejistas e marcas da Europa, já forçou oito vezes o fechamento temporário de fábricas de roupas após inspeções identificarem riscos para trabalhadores.

Desde que as vistorias começaram, as tensões vêm aumentando entre o Acordo e a indústria de confecções bengalesa. A situação chegou a um impasse devido a uma tentativa recente de fechar a Florence Fashions, após inspetores avaliarem seu edifício como inseguro. Como em outras ocasiões, o governo de Bangladesh deu apoio ao fabricante de roupas que se recusou a fechar a fábrica, mesmo em caráter temporário.

As vistorias nas mais de mil fábricas de roupas no país foram tensas desde o início. Muitos bengaleses reconhecem a importância das inspeções para evitar desastres como o desabamento do edifício Rana Plaza, que matou 1.129 trabalhadores em abril de 2013. O fechamento de fábricas, porém, pode ter um impacto econômico, pois alguns industriais temem perder encomendas e os trabalhadores, seus empregos.

O Acordo contratou 110 engenheiros e vistoriou 775 confecções. Ao mesmo tempo, duas dezenas de empresas americanas e canadenses, incluindo Walmart e Gap, formaram a Aliança para a Segurança do Trabalhador Bengalês, que já inspecionou 601 fábricas e determinou o fechamento de cinco devido aos problemas encontrados, segundo fontes do grupo.

No entanto, há grande resistência para fechar os edifícios das fábricas quando existem situações de risco. Após uma inspeção na Cherry Private Limited, engenheiros do Acordo recomendaram o fechamento do edifício de dez andares em Dacca que abriga cinco fábricas, incluindo a Florence, com 800 operários, e a Cherry. A Cherry concordou em fechar até poder cumprir os requisitos de segurança. A Florence se recusou, embora tenha acatado a exigência de parar de produzir para membros do Acordo.

Brad Loewen, inspetor-chefe do Acordo, disse temer a ocorrência de novos desastres. “Há excesso de peso sobre as colunas de sustentação do prédio”, explicou.

O diretor da Florence, Mohammad Monirul Islam, disse que o Acordo nunca especificou formalmente os problemas de segurança descobertos. Mas representantes do Acordo relataram ter encontrado executivos da Florence e enviado e-mails descrevendo os problemas.

“Quando uma inspeção estrutural conclui que o edifício é evidentemente inseguro, isso significa que ele é perigoso para todos os que estão em seu interior”, disse Rob Wayss, diretor-executivo do Acordo para Bangladesh.

O Acordo convocou uma equipe de revisão para confirmar sua recomendação de que a Florence Fashions deveria ser fechada, mas membros do Acordo relataram que o governo se absteve de ordenar o fechamento, apesar de a equipe ter corroborado as descobertas. O governo afirma não ter recebido uma solicitação apropriada ou relatórios do Acordo.

Alguns donos de fábricas e funcionários do governo discordam dos métodos do Acordo e acusam os representantes do grupo de serem arrogantes e quererem ditar ordens a eles.

O Acordo discordou recentemente do governo quanto à resistência requerida para pilares de sustentação de concreto.

Alguns membros da diretoria do Acordo dizem que a indústria de vestuário bengalesa tem demasiada influência sobre o governo.

Para aumentar as tensões, o ministro do Comércio de Bangladesh e o presidente da Associação Nacional de Exportadores e Fabricantes de Vestuário acusaram líderes sindicais bengaleses de mancharem a imagem do país e da indústria de vestuário ao afirmar que alguns líderes trabalhistas e trabalhadores ligados a sindicatos foram torturados, espancados e perseguidos.

Em um discurso em 23 de junho, Atiqul Islam, da associação dos fabricantes, disse que as queixas dos líderes trabalhistas eram subversivas e deveriam ser punidas pelo governo.

O conflito entre a indústria e a força de trabalho se dá justamente quando o governo e a indústria de vestuário tentam persuadir a administração Obama a retomar preferências comerciais que foram suspensas no ano passado, devido a preocupações com problemas de segurança e violações dos direitos dos trabalhadores.

Ian Spaulding, consultor da Aliança, disse que o grupo deve concluir as vistorias neste mês.“Agora vem a parte mais difícil, que é tomar as devidas providências”, acrescentou ele, “ou seja, instalar portas corta-fogo e sistemas de borrifadores e aumentar o estoque de água para debelar incêndios.”

 

Fonte:  Gazeta do povo, Folha, The New York Times

http://sindivestuario.org.br/2014/07/confeccoes-ignoram-vistorias-e...

Exibições: 165

Responder esta

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço