Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Congresso Brasileiro do Algodão aproxima produtores e indústria têxtil

Os congressos brasileiros do algodão estão servindo para criar uma aproximação entre produtores e a indústria têxtil, apontou o industrial José Andrade, da Coteminas, uma das maiores do País, durante a mesa-redonda “Fibra do Futuro”, realizada no terceiro dia do 9º  Congresso Brasileiro do Algodão.

“Antes tínhamos contato apenas com os intermediários e não contato direto com os produtores”, comentou Andrade. Ele destacou que desde os últimos congressos houve a criação de um contato mais direto, permitindo a troca de necessidades entre as partes, em especial, para vencer o desafio da concorrência das fibras sintéticas.

O industrial destacou que é necessário melhorar a qualidade do algodão produzido e encaminhado para a indústria. Ele reclamou que essa qualidade fica muitas vezes comprometida por problemas na lavoura.

Andrade alertou que as fábricas têxteis, desde os anos 50, estão se transformando para processar fibras sintéticas. Por isso, há necessidade de haver mais empenho dos produtores para melhorar a qualidade do algodão entregue à indústria.

“Há excesso de umidade e variação de densidade dos fardos, o que exige esforço para nivelamento dos fardos”, apontou. Disse também que há casos em que os fardos de algodão chegam cheios de impureza, a exemplo de fibras, arame, caules, folhas secas, cascas e neps. “Isso compromete a qualidade dos tecidos”.

Concorrência das fibras sintéticas - Na mesma mesa-redonda sobre “Fibra do Futuro”, o pesquisador Eric Hequet, da Texas Tech Un-Lubbock, assinalou que os produtores de algodão precisam melhorar cada vez a qualidade dos seus produtos para a concorrência com as fibras sintéticas. “Se a gente quiser competir melhor com as fibras sintéticas, precisamos de alguma coisa que seja mais estável possível dento da mesma planta”, recomendou.

Para tanto, Hequet afirmou que é necessário adotar novos equipamentos para identificar falhas na qualidade no algodão. Em vez da caracterização objetiva da qualidade da fibra com HVI (High Volume Instruments), ele apontou que o AFIS (Advanced Fiber Information System) é mais eficiente para esse trabalho de monitoramento da qualidade.

​Citou que vários trabalhos recomendam a melhor utilização do AFIS para determinar o conteúdo de impurezas e poeira do algodão e o número de neps da fibra.

Duas marcas - O Brasil deve criar duas marcas para identificar os dois tipos de algodão que passaram a ser produzidos no País nos últimos anos.  Essa recomendação foi feita pelo pesquisador Ciro Rosolem, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), durante palestra realizada na mesa-redonda sobre “Fibra do Futuro”.

“Tem homem feio que casa com mulher bonita”, comparou,  ao apontar que há públicos para os dois tipos de algodão de diferentes qualidades produzidos no Brasil. “Homem feio também serve para alguma coisa”, complementou, indicando que há produtos adequados para algodão de qualidade não tão boa quanto a tradicional.

Rosolem afirmou que a criação das marcas deve ser uma “ação de marketing” para diferenciar os dois tipos do produto diante do mercado internacional, porque há mercados para ambos. Para ele, essa iniciativa deve partir da Associação dos Produtores de Algodão (Abrapa), a exemplo do que já ocorre com outras commodities agrícolas, como o café.

“Hoje, o Brasil tem uma situação única no mundo, com a existência de duas safras. Temos o algodão de safra, que havia conquistado uma reputação d qualidade muito boa, e aí surgiu o algodão de segunda safra por questões de mercado, de custo e de competitividade”, esclareceu.

Apontou, porém, que o algodão de segunda safra, em função do próprio cultivo mais tardio, apresenta em média uma qualidade mais baixa, embora eventualmente possa apresentar qualidade boa.

“O exterior vê o algodão do Brasil como um algodão só, ou seja, não vê o algodão do Brasil como safra e safrinha”, ilustrou.

Para reforçar sua argumentação, Rosolem perguntou: “Qual é o melhor carro do mundo?”. E respondeu: “É o Rolls Royce”. E complementou: “Mas o que mais vende é o Corola”

O pesquisador aconselhou mais esforço dos produtores para evitar perda na qualidade do algodão devido a erros no planejamento da atividade. “A qualidade não vem do campo. A qualidade se perde no campo”, observou.

Na opinião dele, não é possível se modificarem as características genéticas do algodão, mas pode-se conseguir evitar a perda de qualidade do produto.

http://www.imamt.com.br/home/noticia/971

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