Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
Técnica que usa retalhos e remendos para criar peças arrojadas tem feito sucesso nas redes sociais e já é hit em 2021. Relembre desfiles marcantes e veja onde comprar roupas feitas com ela.
Aestética "faça você mesmo" que vem reinando na quarentena tem um novo destaque: as roupas de patchwork upcycled. Com o costura para fora, silhuetas irregulares geralmente justas ao corpo e uma pegada confortável, os tops, saias e calças feitos a partir da união de retalhos vêm invadindo as redes sociais. Isso aparece pelas marcas que usam a técnica para ressignificar roupas de segunda mão e pelos usuários do TikTok que foram impactados pelos tutoriais publicados na plataforma (que reúnem quase 70 milhões de vizualizações) e decidiram reinventar algumas peças de seus armários.
Já a designer Juju Lattuca recebeu uma missão especial de Ana Cristina Agra, diretora criativa da Sri Clothing: dar novo destino aos retalhos acumulados ao longo de cinco anos de produção da marca carioca. Com isso, surgiram as oito peças da collab entre elas, toda trabalhada no patchwork. "Fizemos grupos de categorias dentro do que a gente tinha de tecido e fomos criando as roupas", explica. As bolsas são feitas de um material sem nenhuma elasticidade, as hot pants e o macacão vêm da junção de pedaços de paetê sobre um forro preto e o short biker da variação de lycra, por exemplo. "Tivemos toda essa preocupação da coleção ser 98,9% upcyling e usar tudo o que a gente tinha dentro daquele quartinho", comenta.
Apesar de seguirem um molde e terem opções que vão do 36 ao 44, cada roupa é única, uma vez que a combinação de tecidos nunca será idêntica. "Se você perceber, fizemos questão de usar até os menores dos retalhos. As peças da Juju são bem recortadas, em um patchwork muito detalhado", avalia Ana Cristina. A ideia é que a parceria se estenda por tempo indeterminado, sempre ressignificando as sobras de materiais para que não haja desperdício. "É uma técnica fácil, bacana e correta porque você está sempre fazendo uma energia parada rodar", celebra Juju.
Internas de uma escola na Inglaterra fazem colcha de retalhos para enviar a forças estrangeiras em 1940
Fox Photos / Getty Images
Os primeiros registros de técnicas semelhantes ao patchwork são do Egito Antigo, especificamente em roupas de faraós. Houve um longo caminho pelas mãos dos comerciantes, passando pelo Oriente e pela Alemanha até chegar à Inglaterra, onde começou a ser constantemente atrelado ao quilting, processo que une três camadas para formar tecidos acolchoados. Logo, eles chegaram à Itália e França, sendo bastante usados na Europa da Idade Média em faixas, bandeiras, coletes de guerra, panôs e roupas do clero.
A chegada nos Estados Unidos e no Canadá se deu lá pelo século XVII. Foi quando o quilting e o patchwork passaram a ser encarados como um ofício popular, normalmente executado coletivamente por mulheres em encontros sociais para formar colchas de linho e lã. Como tecido e linha eram raridade na época, para além do valor artesanal da técnica e da cultura que girava em torno dela, todo esse trabalho estava bastante atrelado ao interesse de economizar.
NBC / Getty Images
O grupo The Jacksons 5 se apresenta em um programa de TV em 1972 com trajes de patchwork
Esse mesmo foco foi o que impulsionou o crescimento do patchwork no século XX na produção de roupas. Em tempos de guerra e da Grande Depressão, a classe trabalhadora o utilizava tanto para criar peças novas reaproveitando retalhos diversos, quanto para tampar buracos e fazer remendos com tecidos diferentes ao do item original, aumentando sua vida útil.
A virada fashion só começou a partir dos anos 1960 com os hippies. Como tudo na forma deles se vestir se tornou inspiração para os designers da época, a combinação de tecidos também passou a ser encarada pouco a pouco como um truque de estilo. Nos anos 1970, artistas como a atriz Linda Evans, o cantor Tony Orlando e os integrantes da banda The Jacksons 5 passaram a usar peças com patchwork e editores de moda a inseri-lo nas suas produções.
PATRICK KOVARIK / Getty Images
Modelo usa capa de patchwork em desfile da Vivienne Westwood em 1995
Porém, foi apenas nos anos 1990 que a técnica ganhou com força as passarelas – sendo bastante aplaudida. Vivienne Westwood, John Galliano e Versace foram alguns dos nomes que levaram a combinação de retalhos para os desfiles de ready to wear e também alta-costura. As roupas brincavam com cores, texturas e, até mesmo, com a costura escancarada para fora, deixando claro que aquela não era uma peça com estampas geométricas, mas, sim, uma junção de tecidos diversos.
De lá para cá, o patchwork se estabeleceu como uma proposta arrojada dentro do universo da moda e volta e meia dá o ar da graça em alguma coleção. Maison Margiela, Calvin Klein e Loewe são algumas das grifes que entregaram looks marcantes com essa característica nos últimos anos. Vale destacar o trabalho da Koché, que se destaca ao reunir diversas camisas de futebol e transformá-las em peças inusitadas, como vestidos de festa. Na Semana da Moda de Milão verão 2021, a Dolce & Gabbana apresentou um desfile inteiro construído com retalhos de tecidos.
Jeffrey Mayer / Getty Images
O patchwork estava presente no look total jeans de Britney Spears e Justin Timberlake que marcou época
Nos anos 2000, o patchwork se tornou pop e virou um dos marcos da década – as versões em jeans principalmente. Como esquecer Britney Spears e Justin Timberlake chegando ao American Music Award de looks combinando? Christina Aguilera, Beyoncé e Janet Jackson foram algumas das divas da música que também embarcaram na tendência, criando visuais icônicos que seguem sendo lembrados até hoje. Os cortes eram geralmente irregulares, combinando com a estética caótica da época que fazia questão de quebrar padrões e subverter qualquer lógica fashion.
Tags:
Bem-vindo a
Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI
© 2025 Criado por Textile Industry.
Ativado por