Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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COP26: 5 destaques da conferência em prol da sustentabilidade para movimentar moda e arte

Entre os dias 9 e 10 de novembro, Camila Villas esteve em Glasgow na “Climate Change Conference - COP 26" a convite do British Fashion Council. Aqui, ela compartilha os highlights da experiência.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)


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1. Marcas britânicas mostram seus novos materiais e iniciativas ligadas à sustentabilidade dentro do “Great Fashion for Climate Action”, evento promovido pelo British Fashion Council em parceria com o governo do Reino Unido.

A exposição aconteceu no imponente Kelvingrove Art Gallery & Museum, localizado no centro de Glasgow. Logo na entrada estava a instalação da marca vegana Stella McCartney, intitulada “Future of Fashion: Uma conversa sobre inovação”, que exibia materiais sustentáveis desenvolvidos através das mais modernas tecnologias. Entre os destaques, uma espécie de couro vegetal chamado Mylo, desenvolvido com micélio de cogumelos pela empresa Bolt Threads, e uma fibra regenerativa chamada Evrnu, permite que produtos totalmente novos sejam feitos a partir de roupas usadas e descartadas.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

Outras marcas presentes, como a Burberry, Phoebe English e Helen Kirkun, chamavam a atenção para assuntos como a preservação da biodiversidade, regeneração do solo e economia circular, respectivamente.

GLASGOW, SCOTLAND - NOVEMBER 09: A general view of the Stella McCartney stand at Kelvingrove Art Gallery and Museum ahead of the GREAT Fashion For Climate Action event on November 09, 2021 in Glasgow, Scotland. (Photo by Peter Summers/Getty Images for BFC (Foto: Getty Images for BFC)

 (Foto: Getty Images for BFC)


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Para encerrar, Amy Powney, a estilista da marca Mother of Pearl, apresentou uma prévia do seu novo documentário “Fashion Reimagined”, em que, seguindo sua missão de ter 100% de rastreabilidade de sua cadeia produtiva, viaja ao Uruguai para visitar um de seus fornecedores de lã. Powney expõe o quão ineficientes e longas são essas cadeias na indústria da moda.

GLASGOW, SCOTLAND - NOVEMBER 09: Model Arizona Muse speaks during the GREAT Fashion For Climate Action event at the Kelvingrove Art Gallery and Museum on November 09, 2021 in Glasgow, Scotland. (Photo by Peter Summers/Getty Images for BFC) (Foto: Getty Images for BFC)

Arizona Muse (Foto: Getty Images for BFC)


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2. Palestra de Caroline Rush, CEO do British Fashion Council (BFC), e Arizona Muse, modelo e ativista.

Caroline, em sua fala, focou no impacto que a moda tem na mudança climática, ressaltando o fato de a indústria da moda estar entre as três mais poluentes. Enfatizou o papel do BFC na implementação de estratégias e planos que tornem a indústria menos poluente e mais transparente. Com o suporte e financiamento do governo britânico, essas medidas têm o objetivo principal de cortar pela metade os gases de efeito estufa emitidos pelas marcas de moda até 2030. Em um vídeo gravado especialmente para o evento, o primeiro-ministro do Reino-Unido, Boris Johnson, mencionou que “as marcas de moda britânicas estão liderando a indústria no sentido de um futuro mais verde”.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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Arizona Muse, por sua vez, abriu seu discurso com um relato emocionado de como a sua ida à COP 26 foi impactante, principalmente pelos eventos paralelos organizados por grupos de ativistas. Ela comentou que quando foi ao pavilhão Blue Zone, onde estavam as delegações oficiais dos países, não conseguiu deixar de notar que os principais grupos que deveriam estar envolvidos nas mesas de negociação foram deixados de fora, os povos indígenas, por exemplo. Arizona tratou também da importância do ativismo para levantar questões cruciais, como a preservação e regeneração do solo, e o cuidado com os processos químicos envolvidos na cadeia produtiva da moda. A ativista lançou em junho deste ano uma instituição de caridade chamada “Dirt”, dedicada à regeneração do solo através do suporte a pequenos produtores de agricultura biodinâmica. 

GLASGOW, SCOTLAND - NOVEMBER 09: A general view of the Burberry stand at Kelvingrove Art Gallery and Museum ahead of the GREAT Fashion For Climate Action event on November 09, 2021 in Glasgow, Scotland. (Photo by Peter Summers/Getty Images for BFC) (Foto: Getty Images for BFC)

(Foto: Getty Images for BFC)

Escutar a fala de Arizona sobre quem está faltando nas mesas de negociação dos governos me fez perceber essa ausência, também neste evento do BFC. É claro que o engajamento das marcas britânicas com a questão climática é fundamental e que isso serve de exemplo e inspiração para o restante, porém esse seleto e luxuoso grupo não é responsável pela maior parte das emissões e desastres sociais e ambientais oriundos da indústria da moda. Para que haja uma mudança verdadeiramente impactante, é imprescindível que as marcas de produção em massa estejam incluídas na discussão. Colaboração e inovação serão essenciais para que a mudança aconteça.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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3.  Exposição “Polar Zero” do artista Wayne Binitie, em parceria com o instituto British Antarctic Survey, o Royal College of Arts e a Arup - empresa de engenharia e design

A exposição "Polar Zero" foi a minha primeira parada no Green Zone, pavilhão onde aconteceram os eventos, workshops, palestras e exposições da COP26.

Tive o prazer de ser apresentada ao espaço pelo artista Wayne Binitie, que montou uma instalação intrigante abordando o aquecimento global sob um ângulo que une arte e ciência.
Wayne, em parceria com o instituto British Antarctic Survey, o Royal College of Arts e a empresa Arup, fez uma expedição para a Antártica.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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A proposta era que fosse extraído de dentro de um pedaço de gelo profundo, o ar do ano de 1765, época que exerce um impacto direto nas mudanças climáticas por marcar o início da revolução industrial, quando o inventor escocês James Watt fez significativas melhorias no motor a vapor reduzindo desperdício e diminuindo o custo de combustível, provocando uma reação em cadeia que mudou o mundo. À mostra na exposição, está esse “ar puro” com dióxido de carbono e metano da era pré revolução industrial, encapsulado pela expedição dentro de um cilindro de vidro. Esse objeto foi intitulado de “1765 - Antarctic air - a gift to the future”, simbolizando a habilidade da humanidade de inventar tecnologias que façam do mundo um lugar melhor, mas também nos lembra que o progresso pode trazer consequências ocultas.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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Wayne também apresentou um outro objeto: um pedaço de gelo, também trazido da Antártica, que dia após dia, derretia lentamente e apresentava de forma poética os efeitos do aquecimento global.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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4.  Empresas e iniciativas, mostradas no Green Zone, muito interessantes que estão buscando medir e mensurar os impactos das mudanças climáticas. 

A empresa “Space 4 Climate” defende a importância da pesquisa espacial para melhor mensurar os impactos da mudança climática. Segundo eles, existem 56 diferentes variantes para que a mensuração aconteça por completo, sendo que mais da metade delas só é visível através do espaço. Em um momento em que as viagens espaciais dividem opiniões pela relatividade de sua importância e pelo seu impacto ambiental negativo, é importante saber da importância de outras viagens espaciais que, diferente dessas viagens comerciais extravagantes, têm um papel científico no mapeamento das mudanças climáticas.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

Já a empresa chamada “Sweep”, está desenvolvendo um sistema universal de mensuração de emissões de carbono em diversas indústrias. O objetivo deles é ajudar as empresas a entenderem com mais precisão seu impacto e através disso tomarem decisões ambientais mais assertivas, usando sistemas modernos e confiáveis para medir e divulgar seus impactos ambientais. Há uma grande expectativa que um sistema como esse possa ser muito útil num futuro próximo, quando os impactos ambientais serão amplamente reportados e analisados por agências governamentais que regulam a relação das empresas com o meio ambiente, assim como hoje acontece com os órgãos reguladores do mercado financeiro.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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5.  Painel "Connecting Wales, Youth Voice and COP26" do grupo “Youth Climate Ambassadors for Wales”.

Presentes no Painel estavam representantes do YCA que são jovens ativistas do País de Gales em busca de uma justiça climática. Eles participavam de um painel juntamente com Sophie Howe, comissária da instituição “Future Generations” e Rivelino Verá, um líder indígena representante da tribo Guarani Yvyrupa localizada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil.

É muito inspirador e confortante ver grupos de jovens tão engajados com a questão do clima, lutando pela preservação do planeta. O governo do País de Gales é um dos primeiros no mundo a envolver jovens em painéis de discussão e tomadas de decisão sobre questões que afetem diretamente o futuro das novas gerações.

Sem dúvida o discurso do Rivelino foi o mais impactante. Ele falou sobre como o tamanho da sua tribo vem diminuindo a cada ano. Ele compartilhou a luta do seu povo para preservar seus costumes e sabedorias que existem a mais de 7 mil anos e disse que hoje, a Mata Atlântica que um dia dominava 100% do seu território, virou apenas uma mancha verde no mapa, e que uma grande parte do seu povo convive com a injustiça social causada por tantos fatores históricos mas que hoje se dá, predominantemente, pelas intervenções de fazendeiros e empresas agrícolas, que desmatam a floresta para o plantio de soja.
 

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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Tradicionalmente os Guaranis são uma tribo muito ligada à espiritualidade e que vive em constante estado migratório. Seu modo de vida sempre contribuiu para o correto manejo e regeneração do solo. É triste ouvir de Rivelino que este processo migratório não tem sido possível já que o espaço de mata que os abriga vem diminuindo aceleradamente a cada ano. Ainda mais quando um tópico amplamente discutido na COP26 era a saúde do solo como forma eficiente de sequestrar gases de efeito estufa da atmosfera.

Vogue na COP26 (Foto: Divulgação)

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Neste painel ficou claro como as políticas ambientais passarão a ter papel importantíssimo na balança comercial dos países. Os jovens do YCA perguntaram ao Rivelino como eles poderiam ajudar os indígenas Guaranis mesmo estando fisicamente tão longes do Brasil. Rivelino então pediu a eles que demandem de seus governos leis que garantam a verificação da origem da soja importada. Há uma grande discussão acontecendo no País de Gales para que o país boicote todas as importações provenientes de áreas de desmatamento. A pauta segue em andamento, mas ao que tudo indica, o país será a primeira nação "deforestation free”.

CAMILA VILLAS

https://vogue.globo.com/Sustentabilidade/noticia/2021/11/cop26-5-de...

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