Tecidos Tintos Sem Água na Nike

[Romildo de Paula Leite]

O gigante americano de sportswear vai lançar, no início do próximo ano, vestuário com tecidos tingidos sem água. Uma inovação que chega agora ao mercado e que, além da poupança de água, permite ainda reduzir a utilização de químicos e o consumo de energia. 

A Nike Inc vai lançar sportswear no início do próximo ano feito com um tecido tingido usando o novo processo ColorDry que elimina a água e reduz a utilização de químicos. O tecido é produzido numa nova tinturaria sem água aberta no passado dia 2 de dezembro e foi construída pela produtora subcontratada taiwanesa Far Eastern New Century Corp (FENC).

A Nike descreve a nova unidade como uma «revolução na produção» e afirma que as indicações iniciais mostram que o processo ColorDry é ao mesmo tempo mais eficiente e mais consistente do que os métodos tradicionais de tingimento, que consomem muitos recursos.

«Vemos a sustentabilidade e o crescimento do negócio como complementar e a nossa estratégia é dar prioridade a relações com grupos de empresas que demonstrem um desejo de investir em práticas e tecnologias sustentáveis», explicou o diretor de operações, Eric Sprunk, que descreveu a mais recente colaboração como «um marco importante no nosso caminho para a inovação na produção».

Segundo Kuelin Ho, vice-presidente executivo da FENC, «em comparação com os tradicionais métodos de tingimento, o processo reduz o tempo de tingimento em 40%, a utilização de energia em cerca de 60% e a pegada da fábrica em um quarto. É também a cor mais saturada, intensa e consistente que já vimos».

As novas instalações têm equipamento de alta tecnologia da start-up dinamarquesa DyeCoo Textile Systems BV – na qual a Nike e a Ikea investiram. A tecnologia da DyeCoo substitui a água no processo de tingimento por CO2 reciclável, reduzindo assim a utilização de energia e eliminando a necessidade de químicos adicionais.

Estima-se que atualmente seja necessário 100 a 150 litros de água para processar um quilograma de têxteis. E com os analistas da indústria a calcularem que mais de 39 milhões de toneladas de poliéster serão tingidas anualmente até 2015, a nova tecnologia tem uma margem enorme para redefinir a indústria de tinturaria.

A Nike foi uma das várias empresas que subscreveu o chamado desafio Detox criado há dois anos pelo grupo de defesa ambiental Greenpeace para eliminar a descarga de químicos perigosos das suas cadeias de aprovisionamento até 2020. Uma das questões destacada no roadmap conjunto dos passos que pretendiam dar para atingir o objetivo era o grande volume de água usado no tingimento/acabamento e outros processos – e o facto de que o tratamento de águas residuais variar de unidade para unidade.

A Nike espera que o dióxido de carbono supercrítico da DyeCoo, ou tecnologia de tingimento por CO2 SCF, tenha um impacto particularmente positivo na Ásia, onde se faz grande parte do tingimento têxtil mundial.

Com esta tecnologia a aumentar de escala, grandes quantidades de água usadas no tingimento convencional têxtil já não serão necessárias, nem o uso incomensurável de energia gerada por recursos fósseis serão exigidos para aquecer tão grandes quantidades de água.

A remoção da água do processo de tingimento têxtil também elimina o risco de descargas de efluentes, um perigo ambiental conhecido. O CO2 usado no processo de tingimento da DyeCoo é também recuperado e reutilizado.

O processo de tingimento sem água está atualmente limitado a tecido de poliéster, mas estão em curso novas pesquisas para alargar a sua aplicação a outros tecidos naturais e sintéticos.
 http://www.portugaltextil.com/tabid/63/xmmid/407/xmid/42992/xmview/...

[Romildo de Paula Leite]

A remoção da água do processo de tingimento têxtil também elimina o risco de descargas de efluentes, um perigo ambiental conhecido.

[Romildo de Paula Leite]

O processo de tingimento sem água está atualmente limitado a tecido de poliéster, mas estão em curso novas pesquisas para alargar a sua aplicação a outros tecidos naturais e sintéticos.