Cresce a tendência de denim com algodão regenerativo e tecnologia biodegradável

[Romildo de Paula Leite]

Nos últimos anos, temos acompanhado as marcas de jeanswear buscarem por ideias inovadoras para acabar com o desperdício de jeans, uma vez que são produzidas anualmente mais de 2 bilhões de calças jeans em todo o mundo, resultando em montanhas de resíduos têxteis. 

A Calik Denim, tecelagem turca, esteve presente na segunda reunião anual da Rede de Moda e Estilo de Vida Consciente das Nações Unidas, evento que reuniu mais de 150 meios de comunicação, stakeholders da indústria e representantes da ONU para destacar ações, soluções e progressos dos setores da moda e do estilo de vida para promover o conhecimento e fortalecer o envolvimento na concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Calik foi o único “parceiro de apoio ao jeans” na reunião. Durante um painel intitulado “Indústria, Inovação e Infraestrutura: Projetando um Futuro Melhor”, Selen Baltaci, executivo sênior de comunicações de marketing da fábrica turca, compartilhou as principais tecnologias ecologicamente conscientes da Calik e seu modelo de produção responsável.

Baltaci destacou o B210, a solução ecologicamente correta da Calik para biodegradar tecidos denim inclusive com fibras sintéticas, em 210 dias, lembrando que a tecnologia é aprovada e certificada por organizações independentes.

O trabalho de Calik no apoio à agricultura regenerativa também foi discutido. A coleção Outono/Inverno 2024-2025 da fábrica inclui os primeiros tecidos que contêm algodão regenerativo. Os tecidos possuem a certificação Regenagri, que garante a integridade dos materiais com certificação regenerativa, desde a fazenda até os produtos acabados.

“Há muitos anos que realizamos estudos de I&D sobre biodiversidade e um dos projetos importantes que implementámos nesta área é o nosso investimento na agricultura regenerativa”, disse Baltaci. “Com nossos investimentos contínuos, planejamos maximizar esse conteúdo em nossa coleção também no próximo período.”

No cenário nacional, a Vicunha foi a primeira fabricante de denim brasileira a utilizar, em parceria com a Scheffer, o algodão regenerativo em seus produtos. A iniciativa representou um grande passo para o segmento jeanswear no Brasil, ao unir duas gigantes nacionais com o objetivo de incentivar uma produção sustentável da peça mais democrática do guarda-roupa e promover para o mundo o algodão brasileiro cultivado por meio de práticas regenerativas.

“O algodão regenerativo vem ganhando força como uma alternativa sustentável para produção em larga escala. Estamos nos antecipando às demandas dos mercados mais exigentes e seguimos firmes no nosso compromisso de reduzir continuamente nosso impacto ao meio ambiente, liderando iniciativas positivas na indústria”, afirma Dawid Wajs, diretor de cadeia de suprimentos da Vicunha.

Clique aqui e confira a matéria completa sobre a iniciativa da Vicunha com a Scheffer.

Já a Candiani Denim, tecelagem italiana, recentemente apresentou o que afirma serem os primeiros jeans com elasticidade completamente biodegradáveis e produzidos a partir de matérias-primas naturais. 

A tecnologia Coreva usa fios produzidos a partir de materiais derivados da Árvore da borracha ou seringueira, cujo nome científico é Hevea Brasiliensis, para conferir elasticidade ao tecido. A inovação permite eliminar a utilização de fibras sintéticas, resultando num denim com melhores características de biodegradabilidade.

As matérias-primas usadas têm ainda outras vantagens ambientais, como a não libertação de microplásticos nas lavagens, que acontece com os jeans convencionais com elasticidade, mas não com a Coreva, assim como a reciclagem, já que não é possível com as fibras sintéticas.

Clique aqui e confira a matéria completa sobre os lançamentos da Candiani Denim.

Estamos no caminho certo da sustentabilidade, entretanto é essencial, e urgente, que a indústria de vestuário adote um modelo circular e continue progredindo e criando novas soluções para lidar com as toneladas de resíduos têxteis que são descartadas todos os anos, visto que apenas 1% das roupas são recicladas em todo o mundo. 

Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação

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