Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Por Julia Picoli
Docente no curso de Moda da Feevale e consultora de produto de Moda


As constantes mudanças na sociedade fazem com que o consumidor dê a sua preferência a produtos e marcas que lhe ofereçam valores múltiplos entre os quais os mais importantes que são a individualização e a sua possibilidade de, através do seu uso manifestar/comunicar a sua personalidade, estilo de vida e valores pessoais. O consumidor da sociedade atual prefere o original, inovador ou autêntico, o não massificado e, sobretudo, preza a liberdade de construir a sua mensagem pessoal que expressa através dos produtos que adquire e usa, adapta ou mistura, variando e transformando o seu aspeto geral.

As propostas de moda dos criadores e das marcas, apresentadas em desfiles e feiras e posteriormente difundidas pela mídia especializados e generalistas, constituem as respectivas interpretações do gosto e preferências dos consumidores e traduzem, sob a forma de produtos, o sentir do momento ou, pelo contrário, lançam ideias originais, acelerando o processo de mudança.

No mercado de moda o que percebemos é que no seu conjunto, as propostas apresentam linhas/traços comuns: esta cor que aparece sistematicamente, aquele corte que se repete sob múltiplas propostas, uma silhueta inesperada, mas que aparece, também, nas coleções de várias marcas e acaba se tornando tendência. Ou seja, há tendência por parte dos criadores para determinados padrões. Estes emergem por si, as convergências surgem espontaneamente traduzindo que a capacidade criativa do designer de moda está diretamente influenciada pelas tendências de mudança do mercado, como resultado da pesquisa que serviu de base ao trabalho de desenvolvimento da coleção.

Portanto, se as tendências existem, podem ser observadas por todos e a todos influenciam, então as diferenças tenderão a ser menos significativas do que o desejável. Associando isso ao fato do consumidor preferir peças originais e à prática das marcas lançarem novos modelos em continuidade (sobre a estação) então é um fator de competitividade conhecer o que está a ser preferido pelos consumidores em cada momento, para que as propostas sobre a estação possam ser o mais desejáveis possível aos olhos do consumidor.

Assim, o processo tradicional que implica apenas 2 fases de criação, deu lugar à criação em continuidade e a informação carece ser atualizada, também, permanentemente. Isto é confirmado pela análise da evolução rápida da sociedade e do comportamento de compra do consumidor. Por isto, a pesquisa contínua de tendências e movimentos sociais é cada vez mais importante no desenvolvimento dos produtos, sobretudo dos de ciclo de vida curto, como é o caso dos produtos de moda. Assim, tal como o ritmo de mudança das tendências de mercado acelerou, também as formas de pesquisa evoluíram.

Surgiram novos métodos de pesquisa, tentativas de rastrear a origem de uma tendência, compreender de onde provém para prever a sua evolução e, se possível (ou desejável) influenciar o seu desenvolvimento. Contudo, o pressuposto da pesquisa de tendências é que estas evoluem num fluir permanente. São, no entanto, sempre significativas e, acima de tudo, o seu fluxo pode ser gerido se estudado e bem conhecido. Hoje não se pode apenas ter uma ou duas fontes de pesquisa. É fundamental alargar e aprofundar as fontes de informação e ir em busca de todos os tipos possíveis de conhecimento.

Não basta visitar feiras, participar em desfiles, analisar cadernos de tendências ou pesquisar em revistas e vitrinas. A pesquisa, hoje, passa pelo alargamento dos canais de informação, ou seja, pela observação do que se passa na rua, na arte e na sociedade e cultura em geral.

Por Julia Picoli
Docente no curso de Moda da Feevale e consultora de produto de Moda

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