Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Crise Faz a Mulher Ficar Mais em Casa e Investir em Lingerie

Bloomberg / Bloomberg
Fachada de loja da La Perla: lingeries assinadas por Jean Paul Gaultier com tecidos de luxo e novas texturas

A situação econômica ruim parece ter conduzido a uma nova tendência na moda: a "corrida da seda". Criado pelas fundadoras do site Fox & Rose, especializado em roupas íntimas femininas, o termo descreve o boom que elas vêm registrando nas vendas de lingeries de luxo durante a depressão financeira - e não há absolutamente nada austero aí.

Uma das fundadoras do Fox & Rose, Amanda Lorenzani, diz: "As consumidoras estão sendo seduzidas pelas lingeries caras na medida em que optam por passar mais de seu tempo livre em casa... As vendas da Fox & Rose cresceram 130% em novembro em relação aos números do mesmo período de 2010".

Lorenzani compara a tendência à teoria do "efeito batom", proposta durante a recessão de 2001 por Leonard Lauder, na época presidente do conselho de administração da Estée Lauder, que prega que quando a economia está instável, as mulheres se presenteiam com pequenos artigos de luxo como os batons. Na Fox & Rose, a marca de melhor desempenho nesta estação tem sido a Stella McCartney - o sutiã "Annie Picknicking", de renda na cor azul vivo, está sendo vendido por £ 105 -, enquanto que as linhas menos competitivas não estão se saindo tão bem.

O padrão subiu em setembro, quando a casa de moda anglo-francesa Worth exibiu uma coleção de roupas íntimas de alta costura na London Fashion Week. Os preços da coleção da Worth vão de £ 200 a £ 8 mil e incluem corpetes quase transparentes com mangas longas que se transformam em luvas, feitos de tecidos diferentes como o tule e o veludo de seda fundidos, que resultam num efeito luxuoso de pele de leopardo. Há também suportes pretos e corpetes de renda branca com sutiã e calcinha embutidos. Eles estão disponíveis na Maxfield em Los Angeles e o plano é vendê-los no mercado como peças prontas para usar.

Neste começo de ano houve também o lançamento da segunda coleção de Jean Paul Gaultier para a La Perla, que combina a aparência das lingeries francesas clássicas com tecidos de luxo, técnicas e texturas surpreendentes. Uma rede fina parecida com renda e produzida em uma tecelagem de Calais (a cidade do norte da França famosa por suas rendas) é cortada à mão, em tiras finas, e em seguida dobrada em pequeníssimas ondulações insinuantes em sutiãs e calcinhas. A grande novidade da coleção é o uso de couro perfurado a laser e unido a rendas com um fundo em rede. Os dois materiais se mesclam em um corpete cor de rosa bem claro (£ 1,6 mil), um sutiã taça (£ 405) e calcinhas francesas (£ 360).

Mas, além do couro, que é tão flexível que parece seda, o que você ganha por exibir calcinhas e sutiãs luxuosos? Deborah Phillips, uma contadora que compra suas roupas íntimas na Fox & Rose, diz que aprecia "as tecidos de qualidade, a construção adequada e o caimento adequado que proporciona a você a postura correta". É também algo que pode ser viciante, acrescenta ela. "Uma vez que você cede ao desejo, fica tentada a gastar mais e mais. Para mim não se trata mais de um luxo e sim de uma necessidade."

Helen Attwood, gerente de compras de lingeries da Selfridges diz: "A lingerie é basicamente um traje especializado e exige muita habilidade para ser produzido à mão. O melhor design alarga fronteiras, usa detalhes surpreendentes e brinca com as tendências da mesma maneira que o segmento prêt-à-porter. No momento, o look pin-up da década de 1950 ainda é uma grande influência, com sutiãs de linhas mais alongadas e calcinhas generosas. Depois, há a qualidade dos tecidos - a renda de Calais ou a italiana são especiais".

Attwood percebeu que as lingeries de luxo são uma "tendência" na Selfridges, sendo que as vendas anuais cresceram mais que as de quaisquer outros produtos em seu departamento. Quando a rede de lojas Agent Provocateur fez uma reforma geral, uma área específica foi reservada para a coleção Soirée, em que os preços são maiores. Há uma lista de espera para a compra das calcinhas de Nichole de Carle, que vêm com um diamante verdadeiro de 0,1 quilate e custam £ 232.

Na varejista Figleaves.com, que vende roupas íntimas e roupas para se usar em casa, a preços mais em conta, a história é parecida. Pois 2011 foi o primeiro ano em que o site viu uma mudança o padrão de gastos das consumidoras em direção ao setor de "lingeries de luxo", comparado ao mesmo período de 2010, quando as clientes gastaram mais dinheiro em produtos mais baratos ou em ofertas do tipo compre três, pague dois, de marcas mais baratas. "Neste Natal houve uma ênfase real nos itens de qualidade, com os cônjuges mais dispostos a presentear uns aos outros com itens de luxo do que nos últimos anos", afirma Sue Herrick, diretora de produtos e marcas da Figleaves.

Ed Burstell, diretor-gerente da Liberty, tem um ponto de vista parecido: "É um sinal dos tempos o fato de as pessoas quererem algo menos descartável." Alex Bilmes, editor da revista "Esquire", diz que os homens estão cientes disso: "Nenhum homem jovem e razoavelmente bem informado vai comprar lingeries inferiores para a namorada. Sabemos que as mulheres gostam de marcas de luxo e o mesmo se aplica às roupas íntimas".

Não que as mulheres necessariamente se importem com o que os homens pensam. Martin McCarthy, responsável pelo desenvolvimento de negócios da Worth, diz: "Não acredito que seja algo que diz respeito aos homens, é algo que diz respeito ao desejo das mulheres de se sentirem bem".

Fonte:|http://www.valor.com.br/impresso/estilo/crise-faz-mulher-ficar-mais...

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