Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Crise pôs fim a 6.322 vagas das indústrias têxtil e calçadista, mostram dados do Caged

Os dois segmentos correspondem hoje a 9,76% do pessoal ocupado na indústria brasileira

 

 A indústria têxtil perdeu 2.445 vagas desde julho de 2008 até julho deste ano, enquanto o setor couro-calçadista amargou retração de 3.877 postos formais de trabalho no período, segundo dados (sem ajuste) do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Os dois segmentos, fragilizados principalmente pelo câmbio e pela concorrência de produtos asiáticos, tiveram dificuldade ainda maior em mostrar recuperação após a crise que varreu as economias mundiais no fim de 2008.

 

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) também mostram que a produção teve sucessivas reduções no período, com exceção do ano de 2010 e, no caso do setor de calçados, 2013 (até julho). Com característica de uso intensivo de mão de obra, os dois segmentos correspondem hoje a 9,76% do pessoal ocupado na indústria brasileira.

 

Em 2007, a indústria havia registrado expansão de 5,6%, segundo o IBGE. A perspectiva para o ano seguinte era otimista. "Aquele ano de crise, em 2008, tinha tudo para repetir os resultados de 2007, talvez até em melhores condições", observa o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Rogério Cesar de Souza.

 

Mas não foi o que se viu. No fim de 2008 e em 2009, o mergulho das indústrias foi generalizado. Tanto o setor extrativo quanto o de transformação tiveram queda na produção e, em menor intensidade, no emprego.

 

No ano seguinte, alguns segmentos iniciaram a recuperação, com vigor suficiente (e a ajuda estatística da base de comparação mais baixa) para chegar a avanço de 24,14% na produção e 7,33% no emprego, como foi o caso da indústria de máquinas e equipamentos (que inclui artigos de linha branca, como fogões e geladeiras, e computadores) em 2010, segundo o IBGE.

 

Muitas conseguiram sustentar o crescimento, ainda que em menor ritmo. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) divulgada na última sexta-feira, havia 13,1 milhões de empregados na indústria em 2012, ante 12,5 milhões em 2011.

 

O setor têxtil ensaiou uma retomada, com aumento de 4,56% na produção e de 6,37% no emprego em 2010. Já a indústria de calçados e couro expandiu a produção em 6,72%, com um contingente de empregados 5,71% superior a 2009. Mas os efeitos da crise sobre os dois exerceram maior influência e deixaram rastros que impediram a continuidade desse movimento.

 

 

Crise

 

 

Com o agravamento da situação econômica dos Estados Unidos, o dólar perdeu força ante o real e caiu a R$ 1,55 em agosto de 2011, embora a apreciação do real já causasse estragos na indústria desde antes. Naquele mesmo mês, a inflação em 12 meses medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) bateu em 7,23%, acima do teto de 6,5% da meta perseguida pelo Banco Central e superior à inflação da maior parte dos países. Juntando os dois fatores, os produtos brasileiros ficaram mais caros para o mercado internacional, que já se encolhia em função da crise.

 

O refluxo foi tão intenso que o tombo da produção em 2011 foi de 14,93% na indústria têxtil e de 10,45% na de calçados e couro, segundo o IBGE. No emprego, as demissões resultaram em diminuição do pessoal ocupado em 1,08% e 3,22% nas duas indústrias, respectivamente. Esse reflexo até então mais tênue se agravou em 2012, com continuação da tendência negativa em 2013, segundo dados do instituto.

 

"As exportações de calçados vêm em queda significativa desde 2008. Nossa performance padrão era de US$ 1,8 bilhão/ano até 2007 e agora estamos estacionados em US$ 1,1 bilhão/ano", afirma o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein. Segundo ele, a desvalorização recente do real pode atenuar o problema, mas apenas no médio prazo. O consenso entre as indústrias do setor é de que a taxa de câmbio ideal seria de R$ 2,45. "Já chegamos a isso, mas foi episódico, agora voltamos ao patamar de R$ 2,20. Talvez mais adiante outros movimentos do mercado possam nos dar uma condição mais favorável".

 

O maior peso negativo para as indústrias no Brasil, no entanto, foi o acirramento da disputa no mercado internacional. "Houve uma enxurrada de produtos importados, que resulta até hoje em déficit na balança comercial", destaca Souza. Para os setores têxtil e calçadista no Brasil, a principal invasão veio da Ásia (China, em especial), continente que manteve o crescimento acelerado "desovando" produtos manufaturados na América Latina, principalmente no Brasil.

 

Mais recentemente, o setor de calçados também amarga redução na demanda interna, em função da aceleração da inflação e da competição com outros produtos (inclusive bens duráveis) pelo excedente da renda familiar. "Os importados continuam crescendo, abocanhando uma parte ainda mais significativa do mercado. Como a demanda tem caído, cai também a parte ofertada pela indústria brasileira".

 

A perda de participação desses setores no mercado brasileiro é sinal de queda na competitividade, apesar de resultados positivos no varejo, segundo o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. Mesmo assim, o setor de vestuário consegue manter mais vigor, com saldo positivo na criação de vagas entre julho de 2008 e julho de 2013.

 

Outro ponto que desperta reivindicações é a aceitação dos produtos asiáticos mesmo que sejam produzidos em condições ilegais no País, em termos de meio ambiente, trabalho e previdência. "Claro que não se pode exigir de um país em estágio inicial de desenvolvimento uma regulação de primeiro mundo, mas tem de haver parâmetros mínimos para não abrir o mercado para algo que não é aceito que seja praticado aqui dentro", diz Pimentel.

 

O cenário só não foi pior graças a desonerações promovidas pelo governo, como a eliminação de encargos sobre a folha de pagamentos e devolução é de 3% sobre bens exportados por meio do Reintegra. "Não depende só dessas medidas, mas pelo menos permitiu que a indústria não afundasse ainda mais", pondera Souza.

 http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/505349/crise-pos-fim-a-6322...

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Respostas a este tópico

Sei exatamente o que é isto!!

Empresa constituida regularmente é "artigo de luxo e caro"...

....Um "elefante branco"... e um grande tormento para quem precisa mante la por questões de sobrevivência..

Potencial, qualificação , bons projetos etc não pagam salários, nem fecham a contas reais de produção...a solução seria para ontém...nem sei se ainda há tempo para algo...

Descobriram tudo isso muito tarde!!!

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