Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

A atividade econômica de Blumenau e Brusque, principais municípios do Vale do Itajaí (SC), conhecidos pela forte produção têxtil de cama, mesa e banho e tecidos, sofreu modificações importantes nos últimos anos. Depois que Teka, Buettner, Companhia Industrial Schlösser e Fábrica de Tecidos Carlos Renaux - empresas historicamente responsáveis por criar na região esse tipo de fabricação - mostraram fragilidade financeira e entraram com pedido de recuperação judicial, entre 2011 e 2013, outros setores econômicos adquiriram relevância e passaram a substituir alguns ramos têxteis.

No lugar do segmento de cama, mesa e banho e de tecidos como principal motor da economia local, há avanços do comércio varejista, de empresas do setor de autopeças, eletrodomésticos e de outros tipos de empresas têxteis, como malharias, tinturarias e confecções, sobretudo, de pequeno e médio porte, segundo informações estatísticas da Secretaria da Fazenda de Santa Catarina e dos municípios.


Em Blumenau, a fabricação de vestuário ultrapassou o ramo de cama, mesa e banho, tradicionalmente o líder em geração de valor adicionado (movimento econômico) para o município, quando analisado o período entre 2007 (ano anterior ao início da crise mundial) e 2012 (dados mais recentes disponíveis). Ao segmento de cama, mesa e banho restou a vice-liderança. O comércio varejista ocupa a terceira posição na economia local, principalmente devido à abertura de dois novos shopping centers nos últimos anos.

Nos dados por empresas (não só setoriais) também há alterações importantes. Em 2012, a empresa que liderou o movimento econômico de Blumenau foi a Hering, conhecida por ter diversificado a sua atuação, principalmente com avanço nas operações de varejo. Para alguns economistas, suas atividades já são mais de varejo do que industriais. Em 2007, como comparativo, a principal empresa de Blumenau era a Karsten, do ramo de cama, mesa e banho. A Teka, que em 2007 era a 14ª empresa em importância econômica para o município, em 2012 deixou de fazer parte das 15 principais.

As estatísticas sobre valor adicionado em Brusque, por outro lado, mostram que a confecção de artigos de vestuário permanece puxando o valor adicionado local, assim como era em 2007, mas a principal empresa local não é mais uma têxtil (a AMC Têxtil, conhecida pela marca Colcci e que se mudou para Itajaí, cidade portuária), e sim a Irmãos Fischer, fabricante de eletrodomésticos, equipamentos para construção e bicicletas. O setor de eletrodomésticos já está entre os cinco maiores em geração de valor adicionado local. A segunda empresa mais importante é a Celesc, distribuidora de energia, e a terceira maior é a Zen, do ramo de autopeças.

"Fecharam têxteis centenárias em Brusque e isso é uma pena. Só que a situação acabou dando margem para empresas menores e para a terceirização da produção", afirma Fabiana Dalcastagné, secretária da Fazenda de Brusque. "É uma pena no sentido de que Brusque era conhecida como a capital têxtil. Só que o mercado tem que se adequar. Se as centenárias não se estruturaram para permanecer, novos mercados e novas empresas acabaram tomando o seu espaço."

Em Brusque, têxteis de menor porte e menos conhecidas, como Warusky, Malhas RVB e World Blue , passaram a integrar o ranking das 15 maiores para o valor adicionado, do qual a Renaux não faz mais parte. A Buettner, por outro lado, continua na lista, mas perdeu posições. Da 5ª posição em 2007, recuou para a 15 ª em 2012.

Segundo o presidente do sindicato da indústria têxtil de Brusque e região, Marcus Schlösser, houve um "boom" de tinturarias nos anos mais recentes no município, em parte porque há restrições para aberturas de novas tinturarias em outros locais, como São Paulo, por impacto ambiental. Além disso, as empresas do setor de malhas de pequeno e médio porte, que conseguem um menor "lead time" (período entre o início de um ciclo de produção e o seu fim) para competir com os produtos chineses que avançam no mercado nacional, acredita ele, ocuparam espaço econômico que antes pertencia às grandes empresas de tecidos e de cama, mesa e banho.

Para Schlösser, outro aspecto que contribui é o regime tributário mais favorável a empresas de pequeno porte. "Hoje a pessoa abre uma empresa e quando atinge o limite tributário abre uma segunda empresa e então uma terceira, para se manter nesse regime tributário especial", diz.

O professor de economia da Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), Ivo Theis, lembra outro movimento que intensifica a abertura de empresas menores. "Muitos dos trabalhadores demitidos das centenárias acabam se juntando e fazendo uma pequena confecção própria para compensar a falta de renda, no mínimo provisoriamente, com a prestação de serviços a outras empresas". Segundo ele, já há na região uma espécie de "quarteirização", a terceirização de produção daqueles que já são terceiros.

Por Vanessa Jurgenfeld | De Blumenau e Brusque (SC)

Exibições: 968

Responder esta

Respostas a este tópico

"Hoje a pessoa abre uma empresa e quando atinge o limite tributário abre uma segunda empresa e então uma terceira, para se manter nesse regime tributário especial"

Responder à discussão

RSS

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço