David Tring: O britânico que transformou o jeans em bandeira sustentável

Com quase quatro décadas dedicadas ao universo do jeans, David Tring é hoje uma das vozes mais respeitadas — e críticas — da indústria do denim. Ex-líder de produto de marcas icônicas como Lee, Wrangler, H&M e VF Corporation, o britânico agora atua à frente da The Magic of Denim, uma consultoria focada em circularidade e design sustentável. Ao longo de sua trajetória, ele não apenas moldou coleções para grandes empresas globais, como também lançou luz sobre as falhas sistêmicas do setor, especialmente no uso superficial do termo “sustentabilidade”.


Tring denuncia abertamente o que chama de greenwashing — campanhas de marketing que vendem uma imagem ecológica sem ações reais por trás. Para ele, o problema não está apenas nas intenções das marcas, mas no próprio modelo de autorregulação adotado pela indústria desde os anos 1980. “Precisamos de legislação, não de discursos vazios”, afirma. Enquanto isso, ele vê educadores, universidades e parceiros da cadeia de suprimentos liderando a verdadeira inovação, com avanços em fibras recicláveis, hardware biodegradável e rastreamento digital de produtos.

Além de conselheiro estratégico, Tring é hoje um mentor dedicado à nova geração de profissionais da moda. Depois de se aposentar formalmente, ele passou a dedicar mais tempo a instituições de ensino, trabalhando em parceria com alunos e fornecedores para conectar teoria e prática de forma concreta. Sua visão mudou desde que saiu do “mundo das marcas” e passou a atuar mais próximo da produção: “O supply chain é quem realmente entrega a sustentabilidade. São os heróis invisíveis do jeans”, diz ele.

Seu projeto mais simbólico talvez seja um experimento pessoal com dois pares de jeans idênticos: um usado diariamente por mais de 20 anos e outro mantido lacrado desde 2002. A comparação revela não só o envelhecimento do tecido, mas também a durabilidade, emoção e identidade que o denim carrega com o tempo. “Jeans não são só roupas — eles contam histórias, moldam-se ao corpo e registram memórias”, afirma Tring, que acredita que o futuro está na criação de peças verdadeiramente regenerativas: que possam ser reaproveitadas, recicladas ou biodegradadas por completo.

Ao refletir sobre o futuro do jeans, David Tring não esconde seu otimismo — mesmo diante dos desafios. Ele acredita que as inovações mais importantes ainda estão por vir e que países como a China, a Suécia e cidades como Hong Kong e Xangai serão peças-chave nessa transformação. Mas, para ele, a mudança real só virá quando os consumidores também fizerem parte da conversa. “Precisamos ensinar as pessoas a olharem além do marketing e entenderem o que torna um produto realmente bom”, conclui. Afinal, como ele bem sabe, um jeans nunca é apenas um jeans.

Fonte: Ana Gimonski | Foto: Divulgação

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