Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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De Uniforme a Curtição, a Gravata Resiste aos Desmandos da Moda

O designer Alexander Olch: 'Não acredito na morte da gravata'

No repertório do vestuário, a função da gravata é dar "acabamento" à camisa, escondendo a fileira de botões que percorre o tronco. Mas, na linguagem visual, ela é bem mais do que isso: a gravata costuma revelar muito da personalidade, do gosto e até da condição econômica de seu dono. Deve ser por isso que a gravata vem sobrevivendo a todas as ameaças de sumiço, cada vez que a moda perde o rigor. Nessa temporada, novamente a boataria corre solta: "Será que, agora, ela vai de vez?" Afinal, sua presença vem sendo exigida cada vez menos e em ocasiões onde ela parecia indispensável. Em reuniões importantes ou em eventos noturnos, usa gravata quem quer. Porque precisar, parece que não precisa.

Uma olhada nos desfiles de primavera 2013 das grifes Ermenegildo Zegna, Hermès, Louis Vuitton, Valentino e Giorgio Armani comprova que a passarela não está para gravata. Até mesmo na apresentação da Hermès - marca-ícone de elegância em matéria de gravatas - os homens se permitiram afrouxar o colarinho. O estilista Giorgio Armani foi além e propôs substituir o acessório por lenços - uma mania, aliás, comum na Itália não é de hoje.

Mas antes de sair queimando gravatas em praça pública, é bom ponderar. Afinal, pode ser que por força da profissão, da idade ou da falta traquejo com os códigos da moda, ainda não seja o momento de varrer esse acessório do guarda-roupa. "Não acredito na morte da gravata, até porque nossas vendas estão crescendo", diz o americano Alexander Olch, designer de gravatas dos mais originais atualmente. Segundo o designer, o uso da gravata pode até estar diminuindo entre os homens mais velhos. Mas entre homens de 18 a 34 anos, o consumo só cresce. Olch vive em Nova York e vende suas criações em 70 lojas, pelo mundo - como Bergdorf Goodman e Barneys. A paixão pelas gravatas começou quando ele era estudante de um colégio só para garotos no Upper West Side, em Manhattan. Além de estilista, Olch também é diretor de cinema e usa a sétima arte como inspiração para criar padronagens e estampas. Jovem (tem 32 anos) e com uma visão vanguardista da moda masculina, Olch acredita que, mais do que vestir-se bem, o homem contemporâneo deve vestir-se com personalidade.

Um desfile de Alexander Olch

Para Olch, as gravatas estão mudando de contexto. "O que começou como um uniforme de trabalho virou expressão de estilo", diz o designer. Se os escritórios estão menos formais, por um lado, por outro, os homens estão cansados de usar jeans e camiseta. "Então, para sair à noite, eles estão usando roupas formais, inclusive gravatas, pois o visual fica mais interessante." O foco de criação do estilista são gravatas que transitam entre o formal e o fashion. "Eu faço o clássico renovado", afirma Olch, cujas peças são feitas à mão, no ateliê da marca, em Nova York. O designer utiliza tecidos exclusivos, como lã e cashmere, no inverno, algodão, linho e seda, no verão. Para o próximo ano, a intenção do estilista é expandir sua marca para o Brasil.

Especialista em vestuário masculino, a estilista Lu Pimenta, diretora criativa da linha masculina da Daslu, acredita que o momento é de relaxamento no rigor. "Até mesmo nos concertos eu vejo os homens dispensando a gravata - o que era raro", afirma Lu. Segundo a estilista, a gravata ainda persiste apenas em ambientes profissionais muito rígidos - como no mundo das finanças e do direito. "E forma geral, o que eu vejo são homens de costume sem gravata", afirma Lu que, recentemente, recebeu um convite de casamento cujo traje masculino recomendado era "tieless" - ou seja, sem gravata. "Usar gravata, agora, virou curtição."

Mas se possibilita maior liberdade, o não uso desse acessório também está empobrecendo o visual masculino, na opinião de Lu Pimenta. "A gravata enfeita, diferencia, conta a história de quem a veste", explica a estilista. Até porque, os ternos e costumes são todos parecidos: a gravata é o único toque de personalidade.

A consultora de moda Marcia Jorge acredita que o momento seja de diversificação. "Não acredito que a gravata vá sumir, mas, sim, que ela está surgindo em novos formatos", afirma Marcia, que cita os modelos slim (mais estreitas) e borboleta como opções atuais para quem quiser fugir do comum e demonstrar uma certa ousadia. "Parece que finalmente o homem está encarando a gravata como um acessório de moda." No escritório, no entanto, não vai ser fácil fugir da tradição. "Ainda não consigo pensar num advogado sem gravata." (VB)

 Fonte:|http://www.valor.com.br/cultura/2875410/de-uniforme-curticao-gravat...

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