Numa altura em que a prática de exercício físico, as preocupações com a saúde e o bem-estar estão em crescendo e os códigos de vestuário estão cada vez mais flexíveis, as peças desportivas galgaram as barreiras dos ginásios e dirigiram-se às ruas e aos locais de trabalho, analisa o Just Style.
Não causará, por isso, particular surpresa que a omnipresença do athleisure no guarda-roupa dos consumidores tenham afetado a quota de mercado do denim em relação ao sportswear nos últimos cinco anos, crescendo a uma CAGR (taxa de crescimento anual composta) de 0,2% versus 4%, respetivamente.
Num esforço para competir com o athleisure, os produtores de denim estão a tentar adaptar-se às novas exigências dos consumidores – dos processos produtivos mais sustentáveis à escalada das propostas ultra-elásticas.
O Global Consumer Survey do Euromonitor International revelou que, quando compram roupas e acessórios, mais de 41% dos consumidores estão dispostos, mais do que qualquer outro atributo do produto, a pagar mais pelo conforto extra.
Fibras como o elastano e o liocel estão em alta na indústria do denim, permitindo que os jeans mantenham a sua forma e se ajustem ao corpo. Estas fibras são de baixo custo, por isso, representam uma grande oportunidade para uma vasta gama de marcas, independentemente do seu posicionamento no mercado.
Se as marcas incorporarem o conforto do athleisure nos seus jeans, o mercado deverá crescer a uma taxa de 1,9% entre 2017 e 2022, impulsionada principalmente por marcas de denim comerciais e acessíveis, como a Levi’s, Wrangler, Zara, Gap e Primark, representando 70% do valor total de vendas a nível global.
Leggings fora, jeans dentro
Mais recentemente, a tendência de athleisure na sua forma mais pura começou a dar sinais de saturação nos EUA e na Europa Ocidental, e a procura dos consumidores por leggings começou a cair, dando origem a uma recuperação do denim menos elástico e de estilo retro.
O ressurgimento da procura foi impulsionado pela geração millennial e cresce em paralelo à nostalgia dos anos 1990, depois de mais de uma década dominada pelos skinny jeans ultra-elásticos. As marcas premium que ajudaram a impulsionar o renascimento do denim incluem a Vetements, Calvin Klein, Off-White e Balenciaga.
Contudo, ainda que a procura feminina por denim menos elástico esteja em crescendo, a Levi Strauss reiterou que os modelos skinny jeans elásticos ainda são os mais vendidos na marca e continuam a representar uma grande percentagem do mercado de jeans.
Por consequência, apesar do regresso do denim autêntico, a influência do athleisure sobre o denim continua a fazer-se sentir e os skinny jeans ainda moram em muitos guarda-roupas.
Denim verde
Não obstante, os consumidores não estão apenas a selecionar o denim de acordo com as tendências de moda, mas também em sintonia com o meio ambiente.
Segundo o Euromonitor International, os consumidores estão cada vez mais preocupados com as alterações climáticas e impacto das suas compras de moda no planeta.
Um dos principais desafios para as marcas será, por isso, o compromisso com práticas mais sustentáveis e éticas, maximizando a eficiência e minimizando os custos. A geração millennial e os consumidores da geração Z, em especial, estão a alavancar a transformação da indústria e as marcas procuram acompanhar.
A Levi Strauss, por exemplo, anunciou recentemente que iria substituir quase todo o seu pessoal que trabalha no acabamento com potenciais riscos para a saúde por um exército de lasers até 2020. Esta aposta solidifica a reputação da Levi’s como líder no mercado e, por outro lado, pressiona os concorrentes.