Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Depois de não conseguir comprar lingerie, ela criou sua própria marca plus size

Allyne Turano, 34, é a fundadora da GG.rie, marca de lingeries que oferece peças até o tamanho 60; empreendedora fatura R$ 12 mil por mês com o negócio.

Allyne Turano: fundadora da GG.rie (Foto: Ana Barbosa)

Allyne Turano: fundadora da GG.rie (Foto: Ana Barbosa)


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Em 2012, Allyne Turano, 34, queria comprar uma lingerie para a comemoração do seu aniversário de casamento. O que deveria ser algo bom se tornou um problema quando ela não encontrou nenhuma loja que vendesse lingerie plus size e precisou fazer uma encomenda na costureira.

O produto chegou, mas Turano, que mora no Rio de Janeiro, ainda ficou pensativa sobre como compraria outras lingeries no futuro. Decidiu ela mesma começar a produzir peças íntimas para plus size e fundou a GG.rie, marca que atende até o tamanho 60 e fatura R$ 12 mil por mês.

Turano, que também é professora de inglês, começou o negócio de moda com incentivo de sua mãe, que deu R$ 1 mil para que ela desenvolvesse as peças. “Fazer roupa plus size não é só pegar uma peça e aumentar de tamanho. Temos que entender toda a forma do corpo”, diz a empreendedora. Ela então começou a participar de feiras de roupas para mostrar seus produtos.

Mas Turano teve que lidar com um grande problema da sociedade: a gordofobia. “O preconceito vinha até das nossas potenciais clientes, que não queriam ser vistas comprando com a gente”, diz. Além disso, ela conta que a marca virava motivo de comentários preconceituosos de amigas, que diziam que comprariam para as outras se ela engordassem.

O negócio não havia engrenado ainda. Mas, em 2016, Turano descobriu as feiras de produtos plus size. “Foi aí que começamos a vender bem. Vi que havia mercado e público para o que eu estava oferecendo.” A empreendedora saiu mais inspirada a fazer sua marca crescer, falar com mais modelistas especialistas em plus size e encomendar fotos profissionais.

No mesmo ano, ela lançou a coleção True Colors, com lingeries em cores chamativas. “As mulheres achavam que não poderiam usar porque falam que plus size tem que ser bege e enorme. Nós fomos por outro caminho e mostramos que elas podem, sim”, diz Turano.

Um dos maiores orgulhos da empreendedora é não usar Photoshop ou outras edições nos corpos das suas modelos — que são geralmente mulheres desconhecidas. “Até no mercado plus size já existe um padrão de corpo de modelos com seios grandes e uma cintura mais fina”, diz Turano, que quer mostrar todos os tipos de corpo em sua página.

“As clientes se sentem mais representadas ao verem corpos como os delas. Mostramos que esse também é um corpo bonito. É um trabalho de empoderamento grande que nós fazemos para quebrar a ideia do que não pode.”

A empreendedora oferece lingeries com cores fortes (Foto: Ana Barbosa)

A empreendedora oferece lingeries com cores fortes (Foto: Ana Barbosa)


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Hoje, Turano enxerga a importância de seu trabalho também para garantir os direitos das mulheres gordas e mostrar que a moda tem sua importância para isso. “Quando as marcas não oferecem roupas de festa ou biquíni para pessoas gordas, elas estão tirando o direito delas de ir e vir. A pessoa não vai de terno para a praia”, diz a empreendedora.

Para facilitar a compra de roupas, a empreendedora fundou, em 2019, o Espaço GG.rie, em que une várias marcas plus size que oferecem todos os tipos de roupas. Ela também vende suas peças virtualmente pelo site e por lives no Instagram.

Apesar de o negócio estar indo bem, a empreendedora ainda tem a limitação da matéria-prima para fazer suas peças. Por exemplo, para sutiãs, ela só consegue atender até o tamanho 58 porque esse é tamanho máximo de bojo que consegue fazer com qualidade. "O rolo de renda para fazer calcinha tem no máximo 20 centímetros de largura. Então se eu fizer maior do que isso eu preciso fazer uma costura ou usar outro material", diz Turano. "Eu ainda não tenho matéria-prima para produzir tudo o que eu gostaria."

Para a empreendedora, o recado final é aceitação e procurar usar o que faz bem: “A gordofobia sempre vai existir, mas você ainda precisa de calcinha, sutiã, biquíni e roupas de festa. Procure as marcas que vão te aceitar como você é.”

https://revistapegn.globo.com/Mulheres-empreendedoras/noticia/2021/...

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