Clique na imagem para ouvir o áudio e ler as legendas (em inglês) dessa história
Diariamente, ele entrevista um sobrevivente ou um membro da família de uma das 1.110 pessoas que morreram no acidente. Cada foto é acompanhada por um curto depoimento de áudio em bengali (língua falada em Bangladesh), traduzido em texto para o inglês e anexado na legenda da imagem. O fotógrafo escolheu o instagram porque ele quer que essas histórias tornem-se parte da vida cotidiana das pessoas. “Eu acredito que o instagram é uma fonte de ferramentas educacionais e de informação e que também pode envolver pessoas de diferentes idades, nacionalidades, etnias e classes socioeconômicas. Traz todas as questões para bem perto de nós”, analisa.
![ismail ferdous after rana plaza instagram](https://reviewrev.files.wordpress.com/2015/06/dsc5846_4912.jpg?w=625&h=625)
Legendas de áudio: “Eu nunca pensei que meu filho iria morrer assim. Eu nunca pensei que ele seria desintegrado até a morte; que eu teria que recuperar seu corpo de um prédio de nove andares que lhe esmagou. Nunca pensei que isso poderia acontecer. Nunca poderia ter acreditado que meu filho iria morrer tão jovem”, diz Rahela Begum, cujo filho de 13 anos filho morreu durante o colapso. História: “Meu filho tinha muitos sonhos para si e para nós. Ele prometeu que iria melhorar a nossa condição no futuro. Mas meu filho foi para algum lugar de onde ele nunca vai voltar. Meu filho gostava muito de mim. Durante o inverno, ele nos daria o cobertor e ficaria no frio. Mas ele nunca se queixou. Ele sempre dizia que ele não precisava de nada além de se preocupar com a gente. Na noite antes do 24 de abril, ele voltou do trabalho e me deu o que jantar. Eu estava muito doente e ele fez a minha cama e me colocou para dormir. Ele nos contou sobre as rachaduras dentro do Rana Plaza e que havia a possibilidade de colapso do edifício. Mas eu não prestei atenção a isso. Se eu soubesse que esse colapso iria acontecer, eu nunca teria deixado ele ir trabalhar naquele dia, não importa quanto dinheiro alguém me oferecesse. Na manhã seguinte, quando ouvi que o edifício Rana Plaza havia desmoronado, eu corri em direção a ele da nossa casa. Quando vi que o prédio havia desmoronado completamente, não conseguia descobrir o que fazer. Pedi a um cara na minha frente para me dar seu telefone para que eu pudesse chamar o meu filho mais velho. Pelos próximos três dias, nós procuramos por ele em todos os lugares possíveis, mas não conseguimos encontrá-lo. Fomos para todas as clínicas ao redor tantas vezes, mas não havia sinal dele. No dia 27 de abril, pela manhã, fomos para o Hospital Enam porque ouvimos que as vítimas dos 4º e 5º andares do Rana Plaza haviam sido resgatadas naquele dia. Mas ele não estava lá”.
O projeto, financiado em parte pela Embaixada da Holanda em Bangladesh, vai durar um ano, até o próximo aniversário do colapso, em 24 de abril de 2016. “Através dessas histórias, as pessoas vão perceber como as vidas desses trabalhadores mudaram, quais os desafios que continuam a enfrentar e o que pode ser feito para ajudar no processo de recuperação”, finaliza Ismail.