Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

No workshop “Estratégias Inovadoras Sustentáveis para o Sector Têxtil e do Vestuário”, promovido pela Oma e pelo Famalicão Made IN, especialistas e atores da ITV exploraram as oportunidades e desafios que podem advir da transição para a circularidade.

António Braz Costa, Ana Tavares, Pedro Silva, João Valério e Joana Campos Silva [©Oma]

Inês Costa, associate partner e responsável pela linha de serviços de Climate & Sustainability em Risk Advisory na Deloitte, foi a primeira a intervir e a apontar os desafios da sustentabilidade. «Quando falamos de sustentabilidade, obviamente vem à cabeça a questão do ativismo ambiental, mas, na verdade, quando falamos de sustentabilidade do ponto de vista empresarial, estamos a falar de gestão de risco, de sobrevivência das empresas a longo prazo. Obviamente que há a questão dos custos e dos preços, mas, de um modo geral, não é esse o único fator que determina a sobrevivência e a competitividade de uma empresa num mercado que é, para todos os efeitos, global», lembrou.

Por isso mesmo, além dos riscos ambientais, como as emissões de dióxido de carbono, a preservação da biodiversidade e dos solos ou as ações que levam às alterações climáticas, é importante ter em conta «o risco social, do ponto de vista dos desequilíbrios associados a quem paga e a quem não paga esta necessária transformação, mas também o risco económico, porque representa perdas económicas efetivas para muitos dos sectores industriais», afirmou Inês Costa.

As alterações climáticas, de resto, estão já a afetar as empresas, como revelou o inquérito da Deloitte a líderes empresariais de todo o mundo, que referiram a escassez de matérias-primas e acesso mais difícil às mesmas e a alteração dos padrões de consumo como algumas das dificuldades sentidas.

Em Portugal, e no geral, «existe uma carência grande no que diz respeito à consciencialização e necessária implementação de medidas internas para responder a desafios relacionados com a sustentabilidade» entre as PME’s, apontou a associate partner da Deloitte.


Inês Costa [©Oma]

Especificamente para a indústria têxtil e vestuário, Inês Costa identificou «quatro grandes tendências que estão a modelar a resposta estratégica da ITV: os novos canais de comunicação, a economia circular, a sustentabilidade como um conceito sistémico e o outchain. Há ainda a questão dos têxteis usados e da exportação e da maneira como o mercado tem evoluído do ponto de vista das opções relacionadas com a reciclagem, reutilização e as limitações que agora vamos ter no que diz respeito à exportação de têxteis usados para outras economias e geografias. Sem dúvida que, nos próximos tempos, isso vai dominar as conversas no que diz respeito aos investimentos que são necessários fazer».

Já quanto aos impulsionadores, válidos para a indústria têxtil e vestuário e para o sector do luxo, a Deloitte destaca cinco pilares: a sustentabilidade ESG, por exigência dos clientes; o segunda-mão; a digitalização; a funcionalidade e valor dos produtos; e os ativos financeiros.

A tudo isto junta-se uma forte tendência legislativa, nomeadamente por parte da União Europeia, que abrange desde o eco-design à obrigatoriedade de reporte. «Existem duas avenidas de trabalho que não são independentes uma da outra. Por um lado, é preciso arrumar a casa primeiro e é para isso que servem as estratégias ESG», referiu Inês Costa. «Fazer uma estratégia ESG é, de facto, como construir uma casa. Temos de ter alicerces sólidos e robustos, muito deles feitos de gestão de dados de governança, tecnologia e de planeamento. Temos de ter um telhado, uma liderança, uma cúpula que, de facto, olhe para a questão do ESG como um objetivo». Por outro lado, estimular «estratégias de criação de valor, seja através de novos produtos, seja através de novos serviços ou da transformação dos produtos existentes e dos serviços existentes de acordo com esses objetivos principais de melhoria do desempenho em matéria ESG», acrescentou. No fundo, salientou, «a sustentabilidade neste momento, não é um fim em si mesmo, é uma maneira de estar», resumiu.

Apesar da indústria portuguesa estar a acompanhar de perto esta evolução, como revelaram António Braz Costa, diretor-geral do CITEVE, Ana Tavares, CEO da RDD, João Valério, CEO da Recutex, e Pedro Silva, responsável pela área de desenvolvimento de produto da TMG, há muitos obstáculos a ultrapassar, como sublinhou Manuel Lopes Teixeira, responsável da estratégia ModaPortugal. «Este é o momento, porque o modelo de negócio que vingou nos últimos anos está esgotado. Começou por ser um modelo de negócio barato e em quantidade, depois passou a ser um modelo de negócio de serviço, rapidez, fast fashion, com Espanha a comprar-nos praticamente um terço das nossas exportações. E isso está com dias contados, pelo menos na dimensão a que estamos habituados», indicou. «A questão é virar o jogo. E a questão da sustentabilidade apresenta essas oportunidades», acredita.

Neste contexto, a Oma, atualmente voltada apenas para a indústria têxtil e vestuário, pretende ser «uma plataforma de conhecimento a que as empresas podem aceder e contactar para poder resolver problemas», explicou, ao Jornal Têxtil, Luís Cristino, um dos fundadores da Oma, acrescentando que a plataforma «pode ser uma auxiliadora de capacitação nas empresas», até porque, referiu, «a sustentabilidade tem de vir de dentro» e é preciso haver uma mudança. «O modelo de negócio de produzir, extrair e descartar já não é viável, há aqui a questão da circularidade, mas as empresas, muitas vezes, não sabem como fazer. Estamos aqui para ajudar as empresas nesse sentido», concluiu Luís Cristino.

https://portugaltextil.com/desafios-da-sustentabilidade/

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