Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Quando falamos em jeans, uma peça tão antiga e presente no guarda-roupa da maioria das pessoas pelo mundo, muita gente não sabe ou não conhece o caminho percorrido até peça final. Dentro dessa cadeia há inúmeros processos e muitos são tidos como “vilões” da natureza. Um dado importante gira em torno dos 8% de emissão de gás carbônico na atmosfera gerado pela indústria de moda, que perde apenas pela de petróleo. O poliéster usado também no tecido em denim ou sarja é responsável pela emissão de 32 milhões dos 57 milhões de toneladas globais produzidas no setor.

Por isso, há várias ações, projetos e investimentos para mitigar e excluir o que possa danificar o meio ambiente.

Um deles é o The Jeans Redesign, criado em 2019, pela Fundação Ellen MacArthur com sede na Inglaterra e, que trabalha com empresas e educação na transição para uma economia circular. Já são mais de 100 marcas e fabricantes de vestuário de mais de 25 países que já aderiram ao projeto para mudar os processos de produção do tecido, entre eles Zara, C&A, Primark e Guess. Dentro do projeto já foram recicladas mais de 1,5 milhão de calças jeans que se transformaram em peças sustentáveis.

Tudo é trabalhado dentro da economia circular incluindo o tecido até os aviamentos e, produtos químicos usados nas lavanderias com orientação de especialistas da indústria, instituições e, ONGs para incentivar as marcas, fabricantes, tecelagens a transformar a maneira como se produz o jeans, testando novas soluções para a utilização de materiais e processos mais seguros, além da reciclagem.

Blue Design, empresa do Paraguai, que desenha, desenvolve, fabrica e comercializa jeans, participou do The Jeans Redesign e atingiu a maioria das diretrizes opcionais e todas as diretrizes obrigatórias como a inclusão de no mínimo 98% de fibras a base de celulose, em peso, na composição têxtil total e um mínimo de 5% de conteúdo reciclado em média (por peso) na composição têxtil total de cada peça de roupa.

“Os jeans que já fazíamos antes estavam livres de permanganatos de potássio, alvejante, entre outros. Sabíamos que a lavagem convencional não era o caminho a seguir e, com a introdução no The Jeans Redesign, inovamos em detalhes removíveis, fios biodegradáveis, tecidos com certificados orgânicos e introdução de 5% de reciclagem na composição têxtil” diz Jorge Bunchicoff, CEO da Blue Design America. 

A empresa conseguiu diminuir o consumo de água e o uso de produtos químicos, mas o maior desafio foi produzir uma coleção sustentável a um custo acessível, o que ainda não foi possível. Mas, segundo Chloe Holland, gerente de programa na iniciativa de Moda da Fundação Ellen MacArthur, a taxa média de venda das peças circulares foi de 78% nas marcas, isso quer dizer que há um grande espaço para esses produtos.

“Isso demonstra o poder de moldar o desejo de uma economia circular para a moda. Os fabricantes também relataram uma alta demanda por seus jeans mais sustentáveis, com uma taxa de venda até 35% maior do que os não circulares do catálogo”, conta Chloe.

No Brasil temos vários exemplos de produtos que colaboram com a natureza em grandes fast fashions como Riachuelo, Renner e C&A. Esta última lançou a coleção Ciclos com peças em jeans com a certificação Cradle to Cradle® em nível Gold que assegura:

– 100% dos produtos químicos utilizados não apresentam riscos para o meio ambiente e para as pessoas, além de não conter metais pesados perigosos nos botões;

– 100% de todo o algodão utilizado nos produtos (tecido e linhas de costura) são de origem mais sustentável (adquiridos como BCI ou orgânico certificado na origem);

– 50% da energia utilizada na confecção dos produtos veio de origem renovável, ou fomentou esse tipo de geração;

– 100% dos produtos são fabricados por empresas que mantém condições de trabalho em padrões superiores ao da legislação local para seus funcionários, além de conduzir ativamente projetos sociais inovadores que impactam a vida da comunidade local;

– 100% da água utilizada no processo de produção retorna ao meio ambiente sem causar impacto negativo.

C&A mantém ainda o projeto das urnas espalhadas em várias lojas e que recebem peças que podem ser doadas às instituições ou passar pelo processo de reciclagem.

Chloe acredita que para “criar uma indústria da moda próspera e positiva para a natureza é necessário uma transformação radical na forma como os produtos são projetados e fabricados e usados. É preciso transformar o sistema da moda de forma fundamental e isso é um desafio, mas também uma oportunidade empolgante”.

Fonte: Vanessa de Castro | Foto: Divulgação

https://guiajeanswear.com.br/noticias/desafios-e-o-futuro-do-denim/

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