Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI


O alfaiate Antonio (acima e no detalhe) mantém a Alfaiataria Montreal no Centro da cidade. Domenico (abaixo) é tradicional na Aldeota

Os homens do Judiciário vivem empaletozados. Não importa a quentura de Fortaleza, estão lá, com seus ternos escuros alinhados, sapatos polidos e gravatas impecáveis. Políticos e empresários, sempre nos panos, também recorrem à métrica exata. Para eles e outros cai bem o alfaiate, o matemático da moda.

 

É verdade que o serviço já foi bem mais requisitado. A produção industrial e a tecnologia avançada restringiram a atividade, mas não a mataram. Não por aqui.

 

A resistência da atividade parece fazer coro com a resistência do prédio na Rua do Rosário, 313, onde, desde preciso 15 de junho de 1967, está a Alfaiataria Montreal, “Elegância sob medida”. Fica no coração de Fortaleza.

 

A clientela é boa e continua usando tecido inglês fino e caro, por exemplo. “Aprendi a profissão com 16 anos na Alfaiataria Brasil. Peguei a primeira peça para trabalhar. Era um paletó. O mestre gostou. Passei nove meses para ser oficial”, relembra Antonio Joaquim de Sousa, longevo alfaiate. Tem 87 anos, com boa precisão de corte, visão e empolgação.

 

É de Mossoró, Rio Grande do Norte, e está em Fortaleza desde 1958, ano em que passou pela Capital e foi convidado pelo mestre Girão, famoso alfaiate em Fortaleza.

 

Certa vez, acordou em uma segunda-feira decidido a alugar uma sala na Rua do Rosário, 313. Foi lá ao encontro do padre Jaime Felício, então administrador do prédio da igreja, alugou a sala, onde trabalha de sol a sol até hoje, na Alfaiataria Montreal.

Um brinde
Filho de mãe cearense, Domenico Gabriele, 75, nasceu em Tortora, numa colina da Calábria, na Itália. Veio por volta dos 18 anos para o “paraíso”, como sua mãe chamava Fortaleza. Consolidou-se como um dos mais requisitados alfaiates da Capital. Segue tomando vinho italiano, mas incorporou a gordurenta e saborosa comida regional ao seu cardápio.

 

Daqui, também faz roupa para estrangeiros. “Sempre me senti em casa em Fortaleza. Já cheguei sem saber diferenciar a Itália do Ceará”. Desembarcou sabedor da profissão, que aprendeu na terra natal.

 

A produtividade já não é a mesma de antes, admite, mas o negócio cresceu e mantém uma sede na loja Aldeota. Não cansa de cantar sua tesoura sobre os tecidos das roupas dos clientes - muitos ricos e poderosos. “Comecei a aprender no dia 1º de junho de 1950, com quase 11 anos. Aprendo até hoje”. E ensina também, formando um possível futura geração. Ele escreve um livro técnico sobre a profissão. Não tem data pra lançar.

 

Domenico argumenta em favor da profissão. Se o homem tiver tórax 48, cintura de 44 a 45, além de quadril de 52 a 53, pode comprar roupa pronta. Do contrário, o alfaiate salva. “Nunca vai acabar”.
O que a distância e o patamar financeiro pela cidade afastam, a longevidade e paixão por coser roupas a mão unem em um sinal de vida longa à alfaiataria.

http://www.opovo.com.br/app/opovo/dom/2015/04/18/noticiasjornaldom,...

Exibições: 380

Responder esta

Respostas a este tópico

E ensina também, formando um possível futura geração. Ele escreve um livro técnico sobre a profissão. Não tem data pra lançar.

Responder à discussão

RSS

© 2024   Criado por Textile Industry.   Ativado por

Badges  |  Relatar um incidente  |  Termos de serviço