Industria Textil e do Vestuário - Textile Industry - Ano XVI

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Segundo Andréa Semprini (apud CASTILHO, 2006:46), podemos hoje identificar duas construções de mundo; o real que não nos atrai e não interessa mais para investir nossos sonhos, ou o mundo possível que, como categoria de existência apresenta o lúdico, o sonho, o devaneio, características cada vez mais almejadas pela sociedade atual.

Assim, moda é um ponto a se considerar na cultura contemporânea, o seu espetáculo institui ou propicia o deslocamento entre um sujeito ter algo e parecer algo. Em relação ao homem que age, a exterioridade do espetáculo parece no fato de seus próprios gestos já não serem seus, mas de outro que os representa por ele (DEBORD, 1997:30).

A vivência desses fatos contribui, intrinsecamente, para a constituição da identidade/subjetividade do sujeito contemporâneo. Para tanto, a moda se mostra nos grandes eventos, a cada estação, a cada lançamento de novas tendências, como um espetáculo multifacetado que envolve entretenimento artístico e consumo.

Um mundo tão complexo quanto o nosso demanda um tipo de pesquisa em ambas as direções: aprofundamento e magnitude. Os produtos que se constroem ou se reconstroem, incorporando os valores do design e arte contemporâneos, encontram maior visibilidade, valorização e maior poder de posicionamento no mercado.

O desfile de moda vende um sonho e auxilia a marca a formar um mercado consumidor/ Reprodução


Assim, a cada desfile de moda o designer se prepara para apresentar todo seu momento de experimentação e inovação, uma contextualização de idéias e objetos num novo ambiente, criando um ambiente de expectativa e surpresa.

A performance apresentada nos desfiles e sua ênfase na natureza “espetacular” dos encerramentos diminui o lado comercial da moda, porém, estabelece uma relação sensorial com o espectador a ponto de conquistá-lo, talvez, por vivenciar ou encontrar-se diante de uma realidade possível. Uma realidade que incita certos desejos e anseios por pertencer a determinados padrões estéticos, visuais ou sociais (COHEN, 2009: 117).

Segundo Lipovetsky, “Tudo o que é novo apraz” e se coloca no pedestal o paraíso do bem-estar, do conforto e do lazer. Contudo, a real função dos espetáculos dos desfiles de moda está na constituição de um mercado consumidor cada vez mais competitivo, como forma de acentuar e manipular os anseios do consumidor e reforçando as características conceituais do design. Mostram, também, os caminhos da evolução da moda, a obsessão por novidades e o desejo de consumo na nossa sociedade do espetáculo pós-moderna.

Por Ana Luiza Olivete
Designer de Moda, Professora e Consultora Empresarial


Fontes
CASTILHO, Kathia, VILLAÇA, Nízia. O novo luxo. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2006.
COHEN, Renato. Performance como linguagem. São Paulo: Perspectiva, 2009.
LIPOVETSKY, Gilles. O império do efêmero: a moda e seu destino nas sociedades modernas. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

http://www.audaces.com/br/Educacao/Falando-de-Educacao/2013/8/7/des...

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